Nota do MST-PE sobre o despejo do acampamento Beleza, em Pernambuco

Ação acontece de forma violenta e truculenta desde as 6 da manhã
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Cerca de 80 famílias sofrem hoje com despejo forçado no Engenho Beleza, ocupado em 2015. Foto: MST/PE 

Da Página do MST

Em nota emitida no dia de hoje (31), o MST protesta contra o despejo forçado de 80 famílias no município de Aliança, em Pernambuco. O movimento denuncia que a a ação foi violenta e deixou a população sem as mínimas condições de moradia e de renda. Leia abaixo a nota completa: 

 

Nota do MST-PE sobre o despejo do acampamento Beleza no município de Aliança (PE)

Por volta das 6:00 horas da manhã de hoje, cerca de 80 família foram despejadas pela a tropa de choque, oficiais de justiça e corpo de bombeiro, que agiram de forma truculenta e incisiva destruindo todo o plantio dos trabalhadores e das trabalhadoras, bem como suas casas, deixando a população sem as mínimas condições de moradia e de renda.

As famílias ocuparam o Engenho Beleza, improdutivo em 2015, que fazia parte da Usina Cruangi. O espaço se encontrava em situação de total de falência, assim dentro dos critérios da legislação vigente da Reforma Agrária na Constituição. Desde a ocupação, as famílias passaram a dá um caráter produtivo à área plantando milho, feijão, macaxeira, inhames e hortaliças, tudo de forma agroecológica, além de construírem casas de alvenaria.
 

Mas nada disso foi levado em conta, causando um desespero total as famílias. As autoridades não buscaram uma saída negociável entre as partes, optando pela a violência e coerção. Os agentes do estado não levaram em consideração sequer as condições de problemas de saúde de vários camponeses(as). Uma pessoa com problemas cardíaco chegou a desmaiar e se encontra internado, bem como muitas crianças e idosos ficaram em situação de pavor.

Nós, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, viemos a público expressar a nossa insatisfação diante da iniciativa do Governo do Estado de Pernambuco, que criou uma comissão de conflitos composta apenas com membros do governo, sem a participação da sociedade civil e sem poder de ação, simplesmente para tentar amenizar os efeitos dos despejos.

Continuaremos na luta contra o latifúndio e cobramos das instâncias de governo uma solução imediata para resolução do conflito, em particular a Secretaria de Desenvolvimento Agrário do estado de Pernambuco. Mesmo diante da violência, o ar de esperança tomou conta de todos(as)  a continuarmos firmes na luta histórica em defesa da Reforma Agrária.

Pernambuco, 31 de dezembro de 2019.
 

Direção Estadual do MST