Seminário Regional discute saúde e qualidade de vida no Pontal de Paranapanema (SP)

Terceira edição da atividade reuniu assentados, trabalhadores da saúde e da educação, dirigentes sindicais, instituições, órgãos públicos e escolas do campo
Evento trouxe, entre outros pontos, as ações propositivas em relação à soberania alimentar. Foto: MST Pontal do Paranapanema

Por Coletivo de Comunicação do MST/SP
Fotos MST Pontal do Paranapanema

No dia 21 de novembro foi realizado, em Mirante do Paranapanema (SP), o 3º Seminário Regional de saúde e qualidade de vida do Pontal do Paranapanema. Nessa última versão, o seminário reforçou ainda mais a sua peculiaridade no processo de construção e organização de forma coletiva, possibilitando a participação de novas pessoas, bem como da comunidade local, todos envolvidos num esforço mais amplo de desenvolvimento regional.

O evento contou com a participação de assentados, trabalhadores da saúde e da educação, dirigentes sindicais, instituições e órgãos públicos (ITESP, UNESP, Secretaria Municipal da Saúde) e escolas do campo.

Foram discutidas propostas para o fortalecimento das ações de vigilância em saúde e, com isso, a ampliação do diálogo entre as pessoas que sofrem com o aumento do uso de agrotóxicos na região. Um dos aspectos mais importantes da atividade foi a participação das escolas do campo, com professores e estudantes assentados, que revelou um enorme espectro de ações propositivas em relação à soberania alimentar, bem como de espaços de promoção da saúde, articulados com o modo de produção regional contra-hegemônico desenvolvido e potencializado pelos movimentos sociais.

O 3º Seminário Regional de saúde e qualidade de vida do Pontal do Paranapanema concluiu, entre outras coisas, que é necessário extrapolar os muros dos serviços de saúde e estabelecer como base dessa nova concepção as práticas dos trabalhadores rurais envolvidos com a agroecologia e a produção de alimentos saudáveis. De acordo com a coordenação do evento, “do ponto de vista estratégico, isso envolveria a organização do que foi denominado de ‘Territórios Saudáveis e Sustentáveis’, visando o fortalecimento de um sistema de vigilância em saúde de base popular.”

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O Seminário Regional de saúde e qualidade de vida do Pontal do Paranapanema tem sido um relevante espaço de discussão, criado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), para discutir a situação de saúde dos trabalhadores rurais, tendo em vista as profundas transformações provocadas pela expansão da monocultura canavieira no oeste paulista.

Desde a sua primeira versão, realizada em 2015, no município de Teodoro Sampaio, o seminário é organizado em conjunto com o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) – regional de Presidente Prudente e o Centro de Estudos e Educação “Trabalho, Ambiente e Saúde” (CEETAS) da UNESP, dentre outros parceiros. Nesse primeiro evento, o foco central foi a discussão do impacto provocado no ambiente e na saúde dos trabalhadores pelo uso intensivo da água e de agroquímicos pelo agronegócio, o que envolve o fortalecimento da vigilância em saúde ambiental e do controle social sobre as políticas públicas relacionadas ao tema.

Seminário acontece a cada dois anos na região. Foto: MST Pontal do Paranapanema

Realizado em 2017, o 2º Seminário aconteceu em Sandovalina, mantendo-se o formato original e com o envolvimento ainda maior de parceiros preocupados com os problemas gerados por estas transformações nocivas à saúde da população, especialmente daquela que vive no campo. Além de manter a preocupação com a destrutividade provocada pelo agronegócio na região Pontal do Paranapanema, o evento também priorizou a análise de alternativas ao modelo hegemônico, valorizando as experiências de agroecologia existentes nos assentamentos rurais da região.

Paralelamente ao seminário de 2017, foi realizada a “Conferência Livre de Vigilância em Saúde”, como expressão local dos debates preparatórios para a Conferência Nacional de Vigilância em Saúde, realizada em Brasília naquele mesmo ano. De acordo com o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde, essa Conferência Livre promovida pelo 2º Seminário Regional, com a participação de 250 trabalhadores rurais, foi a maior realizada no país, contribuindo significativamente para a inserção de questões de relevância nas deliberações que ocorreram na Conferência Nacional.

*Editado por Fernanda Alcântara