I Encontro Internacional da Coalizão Negra por Direitos

Ação realizada na semana passada debateu a participação política e a questão racial no Brasil e no mundo
I Encontro Internacional da Coalizão Negra Por Direitos debateu representação política.

Por Bantu Augusto Silva e Gerson Oliveira
Da Página do MST

A luta antirracista no Brasil se fortalece com a realização do I Encontro Internacional da Coalizão Negra por Direitos, que ocorreu dos dias 28 a 30 de Novembro de 2019.

O Encontro trouxe em si o princípio do PanAfricanismo, uma vez que reuniu movimentos negras e negros da África do Sul, Brasil, Estados Unidos, Equador e Colômbia, cada um trazendo as realidades de luta e enfrentamento do racismo no contexto da ofensiva capitalista em seus respectivos países.

A ação é um passo importante para discutir a reconstrução de uma articulação internacional de luta na perspectiva panafricanista no século XXI. Diante dessa troca de experiências em que pesa a diversidade e a especificidade de cada realidade em questão, o encontro evidencia que a situação do povo negro é a mesma ao redor do mundo, no que se refere ao racismo em toda sua amplitude e dimensões.

Essa perspectiva coloca a necessidade de construir lutas nacionais e unificadas em nível internacional. Por isso o encontro afirmou que nenhum projeto político de mudança que se proponha radical, no sentido de ir até a raiz dos problemas, será realizado plenamente sem considerar a luta do povo negro por direitos e reparação histórica.

O Encontro tratou de questões que materializam o racismo, como o racismo religioso, o feminicídio, a LGBTfobia, saúde e educação da população negra, a violência do Estado e encarceramento, genocídio negro e a política de drogas, a segregação espacial, e disputa do poder institucional.

Coalizão é formada por mais 100 organizações de todo o Brasil

O dia 30 foi de forte emoção com belíssimos relatos que revelam muita dor daquelas e daqueles que amarguram a perda de familiares vítimas do próprio Estado e, ainda assim, cheias de esperança de seguir em luta. Em uma das mesas se reuniram mães negras, com as falas tocantes e fortes de Débora Maria, das Mães de Maio, da Ruth Fiuza, da Katiara Oliveira (Rede contra o genocídio) e da Railda Silva, que incentivou a indignação e a vontade de luta. Na mesma mesa, um pai negro chamou a atenção: era o Sr. Antônio Francisco, pai da Marielle Franco.

Na última mesa, além das grandes falas da Rose Torquato, agente da Pastoral Negra do RJ, o encontro contou com a participação de Vilma Reis, pré-candidata à prefeitura de Salvador.

De aprendizado, o encontro mostrou como a Coalizão pretende fortalecer e contribuir na luta de classes para eliminarmos o racismo, o patriarcado e todas iniquidades deste mundo dominado pelo sistema capitalista. A lição é que só assim será possível alcançar a emancipação de pretos e pretas como condição fundamental para o processo da emancipação humana.

E como um abraço negro é um abraço que nos cobre de amor de África, princípio do mundo, o encontro encerrou-se com uma onda de abraços entre os presentes enquanto cantava-se Dona Ivone Lara: “Um abraço negro, um sorriso negro, traz felicidade”.

Um viva ao I Encontro Internacional da Coalizão Negra por Direitos!

*Editado por Fernanda Alcântara