MST realiza estudos para transformar as relações humanas

Método também considera a cooperação na luta pela Reforma Agrária Popular
Psicanalista Pertti Simula aplicando o método no encontro. Foto: Maiara Rauber.

Por Catiana de Medeiros
Da Página do MST

Representantes de instituições de ensino, cooperativas de produção e militantes do MST participaram, nos dias 6 e 7, de um encontro com o psicanalista finlandês Pertti Simula no assentamento Capela, em Nova Santa Rita, na região Metropolitana de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

O objetivo da iniciativa, organizada pelo Movimento Sem Terra em parceria com o Instituto Conscientia, foi estudar e discutir o método para transformação das relações humanas e cooperação na luta pela Reforma Agrária Popular.

Além de gaúchos, a atividade reuniu trabalhadores de outros estados, como Santa Catarina e Alagoas, e até mesmo de outros países, como Uruguai e País Basco.

O método conduzido por Simula foi criado numa rede de profissionais em cooperativas e escolas ligadas ao MST no Brasil, na Finlândia e na Suécia, com a intenção de construir relações que não sejam pautadas na lógica capitalista.

Conforme Sandra Nunes Rodrigues e Elizabete Witcel, da organização do encontro no RS, essa iniciativa se aplica nas cooperativas e nos coletivos para incentivar e despertar o desenvolvimento humano, o comprometimento e a cooperação. Já nas escolas e nos institutos de formação, para uma educação transformadora no espírito Paulo Freire.

Pertti Simula destacou que o objetivo do MST é conquistar a Reforma Agrária Popular para que se tenha justiça social e soberania ao povo brasileiro. Isso compreende a valorização humana, social e ecológica, portanto, dialoga com o método na busca de novas relações com valores socialistas. Ainda ressaltou os desafios da cooperação e apontou as diferenças entre o capitalismo e o socialismo.

Atividade de abertura do encontro, realizado na Coopan. Foto: Mariara Rauber

Segundo ele, no primeiro há competição, egoísmo, ganância, consumismo, submissão, condicionamento, alienação. Também há exploração voraz, insensível e sem limites do ser humano e da natureza. “O capitalismo é o que causa os problemas entre os seres humanos. A indústria farmacêutica está lucrando com isso. Faz parte necessária do poder”, enfatizou.

Já no socialismo, o psicanalista salientou que há valores de igualdade e solidariedade e o povo tem poder e participação direita nas decisões. Ainda existe respeito pela diversidade humana e amor pela natureza. “O socialismo está prevenindo os problemas”, completou.

Para Sandra, o encontro “foi muito produtivo”, pois contou com a representação de espaços de formação do Movimento, além de organizações parcerias. “Houve troca de experiência e reforço da necessidade de nos fortalecermos enquanto militantes para o enfrentamento da luta de classes nesta atual conjuntura de nosso país”, relatou.

Elizabete acrescenta que essa metodologia buscará ampliar a discussão nos espaços formais e informais, para que ele seja amplamente divulgado, compreendido e adaptado conforme a realidade de cada grupo da classe trabalhadora. “São homens, mulheres e jovens na luta pela elevação do nível de consciência e, por consequência, da transformação social”, concluiu.

Situação do país

Durante o encontro também houve análise da situação social, política e econômica do Brasil, com Gerônimo da Silva, historiador e integrante do Setor de Formação do MST/RS. Entre outras questões, ele lembrou que há em torno de 15 mil desempregados e mais de 35 milhões que já desistiram de procurar emprego no país. “São 50 mil pessoas que o capitalismo descartou. A tendência é que a desumanização e a precarização aumentem ainda mais”, informou.

Silva também falou de fragilidades do governo Bolsonaro (PSL), que se dá por iniciativas como cortes em áreas importantes para o desenvolvimento do Brasil, como a saúde e educação. Disse ainda que os trabalhadores precisam acumular força social organizada para lutar por seus direitos, inclusive pela democracia, e priorizar a formação dos seres humanos.