As histórias por trás do jogo #LulaEChicoComMST

Ao todo, 4 mil pessoas circularam pela Escola Nacional Florestan Fernandes de diversos lugares do Brasil
Foto: Joka Madruga

Por Agatha Azevedo
Da Página do MST

No país do futebol, o esporte pode ganhar muitos status: de arte, de resistência e de amizade. Desde a “pelada” no portão em frente de casa até a final da Copa do Mundo, toda esta paixão é construída com suor e esforço dos participantes.

E por trás de todo espetáculo, existem histórias de luta e de respeito, trazendo o lado humano e sensível das pessoas que fazem parte desta festa. Os depoimentos a seguir fazem parte desta demonstração de alegria e resistência na realização da partida celebrada entre Lula, Chico e MST no campo Dr. Sócrates Brasileiro, nome dado em homenagem ao ídolo da Democracia Corintiana, na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), em Guararema (SP).

Participaram dos jogos artistas, juristas, políticos e apoiadores do MST, que calçaram suas chuteiras e entraram em campo para a disputa de quatro partidas. Eles vieram de toda a parte do país para participar da festa, enfrentaram chuva, cansaço e calor para poder celebrar este momento de união e fraternidade. Confira algumas destas histórias.

Da resistência para o jogo 
Guilherme Faria durante o jogo. Foto: Agatha Azevedo

Eu já advogo para o MST em Ariadnópolis, Campo do Meio, e nas questões ambientais no sul de Minas Gerais. Eu fui convocado para estar no Morro da Água Quente, distrito de Catas Altas (MG), para fazer um pronunciamento numa Audiência Pública, mas na volta, terça-feira dia 13 de dezembro, meu carro estragou em Ouro Preto e ficou pronto somente a noite.

Com receio de voltar pra casa no Sul de minas, dormi em Belo Horizonte, e quando acordei recebi a notícia que os companheiros dos acampamentos Pátria Livre e Zequinha estavam precisando de ajuda porque estavam sofrendo violações de direitos humanos. Ao invés de ir pra casa, passei a quarta-feira e quinta-feira com a companheirada, e só fui embora 42 horas depois, quando as polícias já tinham evadido do local. Lá eu recebi o convite para participar com os companheiros desse jogo festivo, e não pensei duas vezes: estou aqui!

O jogo foi muito bacana, é a minha primeira vez na ENFF, mas isso tudo passa a ser até secundário diante da fraternidade e da solidariedade da companheirada. A luta é mais importante. E eu ainda volto hoje pra casa! Foram 500km na primeira parte do percurso, e 300km até aqui, e ainda tem a volta, mas estamos juntos.”

Guilherme Jaria, advogado popular (Minas Gerais) 

15 dias de preparativos para ver o Lula 
Dora nos preparativos para o jogo. Foto: Joka Madruga

“Eu nem sei como eu tô aqui! Para chegar na Escola, a gente teve que acordar muito cedo, nem dormimos pensando no jogo, ficamos preocupados em não perder a hora. Fretamos o ônibus, veio a militância toda junta. Chegamos aqui para potencializar a organização do MST.

Eu quero chegar nesse lugar, junto com o MST, quero ocupar terra também. Gosto muito do jogo porque não é uma competição, é uma atividade, eles mantiveram essa coisa linda da troca humanista. Isso que é bom no MST, no PT, não competir mas construir junto! De São Paulo foram 2 ônibus, todos cheios, 96 pessoas organizadas pelo Coletivo Resistência, e ainda ficou gente de fora. Trouxemos acessórios, distribuímos mais de mil faixas, bandeiras e não saímos da luta! Vir para a Escola é uma responsabilidade, tudo isso é militância, a gente está defendendo os nossos parceiros!”

Dora Lima, da Campanha Contra dos Agrotóxicos (São Paulo) 

Nem a chuva foi capaz de desanimar a militância do MST  
José Carlos, Renaldo, Sinval, Eliana, Marina e Cleunice – equipe de segurança do norte do Paraná. Foto: Agatha Azevedo

“A gente teve uma semana para se organizar, vieram pessoas dos 4 acampamentos da nossa área, no norte do Paraná. Eu sou do Herdeiros da Luta de Porecatu. É a minha primeira vez na ENFF e foi bem gratificante poder contribuir!

Eu estava dentro da quadra, fizemos segurança em toda a Escola, desde a entrada, com vários postos. Foi um estímulo, eu gosto de jogar bola. Nós andamos uns 3 km para pegar o ônibus, porque estava chovendo muito no nosso acampamento. Eu vi o Lula uma vez quando fui a São Paulo na Feira Nacional, mas não tão de perto a ponto de pegar na mão dele e tirar foto. Não tenho palavras pra explicar, é um sentimento sem explicação estar perto dele! Ele representa a nossa classe, a gente trabalha muito e ele está com a classe trabalhadora.”

– Eliana Cardoso, da equipe de segurança do MST (Paraná)

E neste clima de fraternidade, o que se viu foi um Brasil que volta a sorrir com Lula Livre. Um Lula que não joga por um placar, mas sim por um país inteiro, diante de uma plateia que reconhece a grandeza do gesto de alguém que, por indignação, por se considerar injustiçado, mostra sua simpatia a todos os amigos.

“Enquanto eles transmitem ódio todos os dias, nós vamos aqui transmitir a alegria, o futebol e o amor”

Afirmou o presidente minutos antes de começar a partida!

* Editado por Fernanda Alcântara