Márcio Matos, 2 anos sem sua presença

Crime segue impune, sem que os responsáveis pelo assassinato tenham sido identificados e presos

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

Márcio de Oliveira Matos, conhecido como Marcinho, era o quinto filho dentre sete, nascido em Vitória da Conquista (BA). Filho de Nilvândia de Oliveira e Jadiel Matos, sua infância foi um tanto diferente das outras crianças, aos 12 anos iniciou sua militância no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Ao ingressar no MST, Marcinho se identificou com o setor de Frente de Massa, onde atuou por um bom tempo, era um agitador nato, o que possibilitou a sua atuação no coletivo de juventude. Aos 17 anos se tornou Dirigente Nacional do MST na Bahia, sendo o mais novo nessa tarefa importante.

Ingressou na primeira turma de magistério do Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária (PRONERA) se formando em 2001, no assentamento 1° de Abril, no município de Prado, região do Extremo Sul da Bahia.

Para as pessoas que tiveram a oportunidade de conviver com Marcinho, é unânime que o mesmo tinha uma oratória invejável e reunia qualidades indispensáveis para um bom militante, destemido, solidário, inteligente, bom negociador, articulador e um inquestionável estrategista político.

Violência no Campo

Marcinho foi cruelmente assassinado em sua própria casa, no assentamento Boa Sorte, em Iramaia, na região da Chapada Diamantina. De acordo com informações da Polícia Civil, ele foi atingido por cinco disparos de arma de fogo por dois homens que chegaram em uma moto e usavam capacetes durante a ação para não serem identificados.

A morte do companheiro se soma a um crescente cenário de violência contra trabalhadores e trabalhadoras do campo. Um relatório elaborado pela ONG Front Line Defenders denunciou que 73,5% dos defensores dos direitos humanos assassinados são da América Latina. Em 2017, pelo menos 65 pessoas foram assassinadas em conflitos no campo no Brasil, que é considerado o país mais violento para as populações camponesas no mundo.

De acordo com dados organizados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), até agosto de 2019, o Brasil registava 18 mortes em conflitos no campo. O relatório aponta alta de 59% de famílias expulsas de suas terras por jagunços e pistoleiros. O número de envolvidos também cresceu, para um milhão de pessoas.

Investigação a passos lentos

O cruel assassinato de Marcinho nos lembra que há seis anos perdemos o companheiro Fábio Santos, que também era dirigente do MST na Bahia. Fábio foi assassinado com 15 tiros na frente de sua companheira e de seus filhos, no percurso que realizava entre o município de Iguaí e o distrito de Palmeirinhas, ambos na região Sudoeste da Bahia. Até então, ninguém foi preso e a impunidade persiste.

O MST exige um posicionamento dos órgãos competentes e celeridade no caso de Fábio Santos e Márcio Matos e se dispõe a continuar lutando por justiça.

Ao nossos mortos nenhum minuto de silêncio: mas uma vida inteira de luta!

Companheiro Márcio Matos
Presente, presente, presente!

*Editado por Yuri Simeon