MST de SC comemora 35 anos

O encontro reuniu 350 assentados, acampados e amigos do Movimento.
Encontro reuniu famílias Sem Terra e amigas e amigos do MST / Fotos: Antony Corrêa e Juliana Adriano

De Antony Corrêa e Juliana Adriano
Para Página do MST

De 31 de janeiro a 2 de fevereiro de 2020, o assentamento 25 de maio, em Abelardo Luz, Santa Catarina, recebeu o 34º Encontro Estadual do MST. O encontro – que comemorou os 35 anos do MST em Santa Catarina -, reuniu 350 assentados, acampados e amigos do Movimento.

Além de recordar toda a trajetória de luta pela terra percorrida ao longo de mais de três décadas, os participantes refletiram sobre os projetos do MST na atual conjuntura: plano nacional de plantio de árvores e produção de alimentos saudáveis, jornada em defesa da literatura nas escolas do campo, jornada de trabalho de base, a necessidade e o processo de construção de uma nova cultura e relações de gênero.

O temas abordados durante o encontro chamaram atenção para a “reflexão coletiva sobre a relação com a sociedade e o trabalho de base com o povo Sem Terra, sem teto, do campo e da periferia” para construção do projeto de sociedade socialista, como indicou Irma Brunetto, dirigente do setor de gênero.

Juventude reafirmou seu compromisso com a agroecologia / Fotos: Antony Corrêa e Juliana Adriano

Há 35 anos o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Sem Terra busca construir um novo projeto de sociedade em conjunto com a classe trabalhadora.

Como parte desse processo, Bruna Lavratti, do coletivo de Juventude Sem Terra, falou sobre o compromisso da juventude com a construção da agroecologia como um novo jeito de viver.

“O nosso coletivo tem construído experiências produtivas, de comercialização e vem buscando ao longo do tempo fazer com que o processo seja feito por meio de relações cuidadosas entre os gêneros e com a natureza”, afirmou.

A partir do campo onde vivem os Sem Terra busca-se transformar lugar da infância. Assim, os Sem Terrinha, nas cirandas infantis, fizeram sua intervenção durante a plenária: “Para nós é muito importante o encontro das crianças Sem Terrinha, vocês adultos se comprometem a nos ajudar a construir mais encontros das crianças Sem Terrina?”. E a plenária respondeu em coro: “Sim”.

Outro momento marcante ficou por conta da biblioteca comunitária Barca dos Livros (Florianópolis) que oficializou a doação de sete mil livros para o MST de Santa Catarina.

Atividade reuniu mais de 350 pessoas / Fotos: Antony Corrêa e Juliana Adriano

Bel Serrão, integrante da Barca e professora aposentada da UFSC, reforçou a importância da biblioteca comunitária continuar viva, “os livros vão morar no assentamento Vitória da Conquista, na escola estadual 25 de Maio, em Fraiburgo. O MST está estruturando, junto com a Barca e professores da UFSC e da UDESC, estratégias para que esses livros circulem e naveguem por todo o estado, assentamentos, acampamentos, por todo esse campo que tem direito a literatura, arte e cultura”, afirmou.

Agnaldo Cordeiro, do Setor de Educação, reforçou a importância “da literatura na formação humana, e o compromisso em tornar a literatura cada vez mais viva no cotidiano do povo Sem Terra como parte desse processo”.

A produção é outra ferramenta usada pelo MST no diálogo coma sociedade. “A construção da Reforma Agrária Popular se dá em oposição ao modelo capitalista de produção da agricultura. Buscamos produzir outra maneira de viver no campo. O que inclui a produção de alimentos saudáveis, o cuidado com a natureza”, lembrou Vilson Santin, dirigente do MST.

Entre as atividades do encontro, foram feitas assembleias das mulheres, onde as companheiras puderam avançar na preparação do I Encontro Nacional de Mulheres Sem Terra, que será realizado no mês de março em Brasília.

Primeira assembleia dos homens foi realizada para aprofundar o debate sobre os reflexos do patriarcado na realidade camponesa / Fotos: Antony Corrêa e Juliana Adriano

Diante disso, a militante Izabel Grein reforçou que a construção do projeto de sociedade que envolve a Reforma Agrária Popular, requer dedicação para com as diversas dimensões da vida.

“As relações econômicas são marcadas pelas relações de exploração e opressão. É esse tipo de trabalhador que ao capital precisa: eficiente no trabalho e obediente na exploração, que naturaliza as mortes e violência”.

Nesse sentido, “precisamos compreender que a transformação social que buscamos é feita por pessoas que possuem corpos, estes devem ser libertos para lutar, para avançar no cuidado com a terra, com a natureza, com os seres humanos”, finalizou.