Gaúchas participam do 1º Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra
Por Maiara Rauber
Da página do MST
As mulheres sempre estiveram presentes nas lutas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). E as gaúchas não são diferentes. Por isso, juntas com outras militantes brasileiras, participarão do 1º Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra, que acontece de 5 a 9 de março, em Brasília. Serão mais de 280 camponesas de todas as partes do Rio Grande do Sul, as quais se direcionam a esse marco do Movimento.
Mulheres em Luta, Semeando Resistência é o lema da jornada das mais de 3.200 Sem Terra que irão ao encontro. Além delas, estarão se deslocando à capital brasileira 500 convidadas de delegações nacionais e internacionais. Já foi confirmada a ida de companheiras de 24 estados do Brasil e de outros 15 países.
Para Salete Carollo, dirigente nacional do MST pelo RS, o lema desse primeiro encontro representa a importância das mulheres na luta por terra, educação, saúde, e na conquista de seus direitos. “Nós somos fruto de uma luta. Por isso que nós temos a identidade de mulheres camponesas lutadoras”, pontua.
Para além disso, Salete ainda reforça que todas as Sem Terra seguem semeando por onde passam, nos acampamentos, nos assentamentos e nas outras dimensões de luta. “Hoje nós semeamos a resistência ativa, estamos mobilizadas para defender os direitos que já conquistamos”, reforça.
Nesse 1º Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra, as pautas que guiaram as camponesas se resumem em três. Uma delas é a luta das mulheres do campo em relação à ofensiva do capital, o qual vem retirando os territórios através de empresas internacionais. Outra é sobre capitalismo, patriarcado, racismo e violência. Ainda terão como linha de estudo o feminismo camponês popular, pois, de acordo com a dirigente nacional do RS, as mulheres Sem Terra precisam se sentir incluídas na luta do feminismo a partir da Reforma Agrária.
Salete também reforça que os cinco dias do evento vão ser repletos de festividades, oficinas e troca de experiências entre as companheiras do MST e convidadas. “Todas as tardes e noites terão bastante atividades culturais, tanto com expressões regionais como nacionais. Entre elas, dança, poema, teatro, enfim, toda uma dimensão da cultura que será resgatada a partir da nossa realidade”, destaca.
As mulheres da região Sul do Brasil uniram-se e prepararam uma música especialmente para o encontro. Essa produção será apresentada a partir de suas realidades e vinculada ao lema do encontro: Mulheres em Luta, Semeando Resistência.
Silvia Marques, da coordenação do Setor de Gênero do RS, ressalta a importância da participação das mulheres gaúchas no primeiro encontro nacional. “Nesse espaço nós fortaleceremos nossa identidade de mulheres Sem Terra e a unidade da classe trabalhadora”, salienta.
Para ela, é necessário projetar lutas para defender seus direitos. Outro ponto exposto por Silvia é a defesa da Reforma Agrária pelas mulheres. “Queremos mostrar o que temos de mais bonito, que é a nossa produção de alimentos saudáveis nos nossos assentamentos e também destacar a vida, a solidariedade, a amizade e a unidade de nós mulheres”, enfatiza.
Segundo a coordenadora do Setor de Gênero do RS, esse encontro será um marco, pois as mulheres estarão juntas nessa construção coletiva que também comemora os 36 anos do MST. “É a participação das mulheres na luta, no combate ao capitalismo e também na construção de um projeto novo para o nosso país”, sinaliza.
Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra gaúchas
As camponesas do MST estarão também em luta no estado do Rio Grande do Sul. Essas se somarão em várias iniciativas, realizando atividades e mobilizações em conjunto com as mulheres da classe trabalhadora, tanto do campo quanto da cidade. As gaúchas participarão das ações que se iniciam no dia 8 e finalizam no dia 14 de março.
A jornada terá como lema Pela vida das mulheres, contra as violências: por emprego, saúde, educação e aposentadoria. O debate terá quatro pontos principais, de acordo com Salete Carollo: a violência contra as mulheres, vinculada ao feminicídio; a retiradas dos direitos e de políticas públicas; a ofensiva da mineração nas regiões Sul e Metropolitana de Porto Alegre; e o caso Marielle Franco, onde a unidade das mulheres reivindica justiça.
Silvia destaca a importância da participação das Sem Terra na jornada do 8 de março. “Nós estaremos unidas e fortalecidas enfrentando o capital para defender os direitos das mulheres. Também defenderemos a nossa terra e a Reforma Agrária”, ressalta confiante.
“Para nós estar sempre em luta nas jornadas do 8 de março é fundamental. E aqui no Rio Grande do Sul não é diferente. Nós mulheres Sem Terra, junto com as mulheres da cidade, estaremos de mãos dadas para fazer essa grande jornada de luta, para denunciar, mas também para apresentar um projeto que é possível”, finaliza a coordenadora do Setor de Gênero do RS.