MST realiza atividades em SP rumo ao Encontro das Mulheres Sem Terra

As atividades preparatórias para o I Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra aconteceram no interior e na capital durante o final de semana
Fotos João Pompeu

Por Coletivo de Comunicação MST/SP

Durante o último final de semana, a militância das regionais do MST no estado de São Paulo organizou uma série de atividades com o objetivo de mobilizar e arrecadar fundos para a participação da delegação paulista no 1º Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra, que reunirá mais de 3000 mulheres entre 5 e 9 de março, em Brasília.

No interior paulista, o destaque foi para as galinhadas, um prato típico que leva arroz e galinha caipira. Em Bauru, a atividade aconteceu na sede do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP) e, segundo Rose Assunção, da regional de Promissão, “a atividade foi realizada a partir da solidariedade dos nossos assentamentos com a doação da produção para o preparo dos pratos”. Além da mobilização interna das delegadas do MST, a atividade também cumpriu o papel de abrir o diálogo com a sociedade sobre a importância das lutas das mulheres.

“Tivemos ganhos políticos, tanto na visibilidade quanto no fortalecimento com os setores aliados”, finaliza Assunção. Um espaço ainda mais amplo de diálogo com a sociedade aconteceu durante todo o final de semana,
na Feira Cultural TEIA, evento realizado na Estação Cultura de Campinas e organizado por diversos coletivos culturais da região com o objetivo de debater, resgatar e fortalecer a cultura popular brasileira.

Além da apresentação do músico Chico César na noite do sábado (29), diversos grupos populares de música e teatro se apresentaram durante todo o sábado e domingo. A galinhada foi preparada pelo coletivo de mulheres “As Marielles”, do acampamento Marrielle Vive!, de Valinhos.

Todas as hortaliças que acompanhavam os pratos servidos foram colhidas na horta coletiva e agroecológica do acampamento. A importância da atividade para a articulação com diversos setores da sociedade também foi apontada pela Marília, integrante do coletivo de comunicação do acampamento: “dialogamos com profissionais de diversas áreas, como produção, tecnologia, computação e da cultura. Dialogamos com muita gente que não conhecia o Movimento ou sabia muito pouco sobre ele. Gente que passou a saber da existência do acampamento na região”.

Já no ABC paulista, um ato político cultural organizado em parceria entre MST, Sindicato dos Bancários do ABC e PT de Santo André agitou a tarde do sábado, na sede do Sindicato dos Bancários. O ato contou com a exibição do vídeo sobre o 1º Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra, “Mulheres em Luta: Semeando a Resistência!”, além de intervenções artísticas de Walter Silva, Myriam e Leandro e Ritmo do Quilombo, a bateria da escola de samba Palmares.

E no ritmo do pós-carnaval, muita gente saiu dos blocos do centro de São Paulo para comer na quadra do Sindicato dos Bancários, onde aconteceu o Almoço Cultural do MST. O cardápio foi arroz no arado, um prato típico de arroz com diversos tipos de carne e que também foi servido em sua versão vegana, com cogumelos e legumes. O agito do dia foi por conta da DJ Lua e
apresentações do projeto Encontros e Cantorias, que mostra a diversidade da música brasileira em interpretações e músicas autorais; do Cabaré Feminista, um manifesto artístico feito por mulheres e para mulheres, com canções e poesias que trazem a reflexão e o debate sobre a luta por igualdade e o do Mistura Popular, com uma mistura de ritmos da música brasileira, passeando pelo forró, frevo, xote, o rock nacional e carimbó.

Para Juliana Bonassa, da direção estadual do MST pelo Coletivo de Cultura, as “atividades constroem o protagonismo das mulheres na luta, desde os acampamentos e assentamentos, setores e direções”. Bonassa ressalta, porém, que “ainda temos muitos desafios para construir uma sociedade
onde as mulheres tenham espaço para participar, e participar em comandância, para construirmos de fato um país livre e soberano”. Assim, o 1º Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra se enraíza nos espaços organizativos do MST e coloca o desafio de superação das relações opressoras de gênero na sociedade patriarcal e capitalista.