Pela vida das mulheres, somos todas Marielle!

Marielle Franco era semente, que germinou e enraizou em cada uma de nós
Muitas dúvidas ainda pairam sobre o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. Foto: Elineudo Meira (Chokito)

Por Ayala Ferreira*
Da Página do MST

Hoje, 14 de março de 2020, completa dois anos do assassinato de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Muitas dúvidas pairam sobre seu assassinato, mas não as motivações que ceifaram sua vida: a determinação da vereadora do Rio de Janeiro em defender os Direitos Humanos, denunciando inúmeros casos de violência policial contra comunidades carentes; a ousadia da feminista negra em denunciar a intolerância e a violência contra mulheres, as populações negras e LGBTIs, como consequência do machismo e racismo estrutural em nossa sociedade; a coerência crítica da cidadã que no exercício do poder público denunciou a retirada de direitos e a ausência do Estado na garantia das condições de vida digna dos setores populares em nosso país.

Dizem que a memória e o legado de Marielle Franco não pertence a nenhum grupo, esse reconhecimento demonstra que os setores populares nas mais diferentes expressões venceram as fake news reproduzidas pela classe dominante e que as consignas, as bandeiras e os estandartes erguidos nas mobilizações do “Ele Não”, no 8 de março de 2019, contra as retiradas de direitos e pela democracia, foram capazes de fortalecer na diversidade a luta e a resistência.

O assassinato de Marielle Franco foi legitimado pelo contexto político de golpe e imposição da agenda neoliberal e conservadora em nosso país. Que dentre as ações, tem favorecido o recrudescimento da intolerância e da violência, elevando o país a patamares assustadores de insegurança e assassinatos de mulheres em sua maioria negras, lésbicas e pobres.

Não bastasse essa triste realidade, temos presenciado discursos políticos e a desconstrução de políticas públicas criadas para proteger as vítimas, punir os violadores, assassinos e educar, conscientizar a sociedade para não naturalizar ou justificar a violência contra as mulheres.

Marielle nos inspira e indica que não basta o “pranto, a dor ou a revolta” é necessário ir além, sermos milhares a entoar nossos cantos, a empunhar nossas bandeiras, a caminhar firmes para demonstrar aos organizadores e assalariados da morte que Marielle Franco era semente, que germinou e enraizou em cada uma de nós o desejo e a rebeldia de buscarmos a liberdade e a vida plena!

Confira o vídeo produzido no acampamento Marielle Vive!, em Valinhos (SP):

*Ayala é dirigente nacional do MST e contribui com o Coletivo de Direitos Humanos
**Editado por Wesley Lima