Após confirmação do COVID-19, Haiti decreta Estado de Emergência

As medidas de prevenção visam impedir o avanço da pandemia no país
As feiras são o grande motor da economia da classe trabalhadora no país. Ou seja, são inevitáveis as aglomerações. Foto: Divulgação MST

Por Brigada Dessalines*
Da Página do MST

Na última sexta-feira (20), em Porto Príncipe, capital haitiana, foram confirmados dois casos do COVID-19, o coronavírus, pelo presidente do país, Jovenel Moïse. Logo após, foram anunciadas medidas de prevenção para impedir o avanço da pandemia no país. Já nesta segunda-feira (23), o governo notificou a existência de 28 casos suspeitos, porém os veículos de comunicação divulgam a existência de 104 casos oficialmente em quarentena.

Os casos confirmados localizam-se no estado De Lartibonite, cidade de Saint Michel, e o outro na região central do país, cidade de Hinche.

Diante disso, o governo decretou Estado de Emergência Sanitária com medidas para serem implementadas em todo o território nacional pelo período de um mês.

O decreto apresenta seis pontos que visam evitar a proliferação da pandemia no país. Entre eles se destaca: o fechamento imediato de escolas, parques industriais, igrejas, mesquitas e outros locais de culto geralmente inadequados, aeroportos internacionais, fronteiras terrestres e os serviços marítimos; o Governo tomará as “providências adequadas para fornecer aos hospitais máscaras, luvas, medicamentos, solutos e outros materiais médicos necessários”; os hospitais e clínicas particulares começam a fornecer serviços ao Estado; os cidadãos devem ficar em casa ou limitar suas viagens ao mínimo.

Além desses pontos, os indivíduos de áreas de alto risco serão automaticamente colocados em quarentena por um período de 14 dias e os proprietários de áreas e estruturas privadas terão esses bens requisitadas pelo Estado, a fim de resgatar a população e serão devidamente compensados.

A força policial está mobilizada para aplicar essas medidas.

Logo no início da pandemia, o governo haitiano havia fechado a fronteira com a República Dominicana e os únicos voos permitidos eram de Cuba e do Estados Unidos.

Portadores do COVID-19

Um cidadão Belga está entre os infectados confirmados. O Belga está no Haiti há aproximadamente cinco dias e veio realizar trabalhos em um orfanato.

Outra pessoa infectada, anunciada oficialmente pelo o governo haitiano, é um francês, porém a embaixada Francesa no Haiti nega essa informação.

A falta de informação sobre o número real de pessoas infectadas é uma realidade no país.

Contexto haitiana

No Haiti, a população em sua grande maioria é composta por mulheres e vive do trabalho informal. As feiras são o grande motor da economia da classe trabalhadora no país. Ou seja, são inevitáveis as aglomerações.

Atualmente, o governo não tem como dá assistência para que essas pessoas fiquem em suas casas, sobretudo a população de Porto Príncipe.

A economia é estruturada para atender as importações. Há uma atenção para que essa situação não torne-se um caos. De maneira concreta existe a possibilidade de faltar alimento, combustível, entre outras necessidades.

Medidas do Governo

As medidas do governo, visam a proteção de uma parcela da população haitiana. A avaliação de especialistas e movimentos sociais no Haiti é que tais medidas não estão a altura das necessidades reais que o momento exige.

Nesse cenário, a colaboração entre os povos latino-americanos devem ter um papel fundamental, tanto para prevenção quanto para o tratamento dessa doença.

*A Brigada Dessalines é composta por militantes do MST e de outros movimentos populares da América Latina
**Editado por Wesley Lima