Corrupção e o COVID-19 no Haiti: uma crise que se agrava dia após dia

Brigada Internacionalista do MST no Haiti relata como a pandemia acentua a crise na política e nas ruas
O Haiti está em Estado de Emergência Sanitária desde a confirmação de casos. Foto: Pierre Michel Jean / AFP

Por Brigada Dessalines*
Da Página do MST

Nesta última terça-feira (7), a oposição parlamentar ao presidente do Haiti, Jovenel Moïse, realizou uma conferência de imprensa com o objetivo de demonstrar suas preocupações com a sua gestão no combate a pandemia do COVID-19.

Em circunstâncias normais o sistema de saúde no Haiti encontra inúmeras dificuldades para atender as mais de 12 milhões de pessoas que vivem no país. Com a pandemia, a situação se agrava. Porém, de acordo com denúncias da oposição parlamentar e representantes da sociedade civil, o presidente, não está dando a devida atenção ao problema. 

“Descobrimos que eles estão usando o tempo da crise para normalizar a corrupção. 18 milhões de dólares foram desembolsados ​​sem nenhum controle, isso é inaceitável. Não podemos mobilizar recursos do tesouro público sem a opinião do Tribunal de Contas”, denunciou o parlamentar André Michel durante a coletiva. 

Essa é uma situação recorrente no atual governo, que desde a posse em 2016, vem recebendo denúncias sobre corrupção. A mais relevante até o momento trata de desvios de verbas da PETROCARIBE, realizada pelo Tribunal Superior de Contas do Haiti, em  maio de 2019. 

Na opinião do parlamentar Youri Latortue, para o atual governo, devido à falta de credibilidade, é recomendado “transparência e legalidade nos gastos públicos”. 

A oposição demonstrou durante a coletiva clara preocupação com a situação socioeconômica do Haiti, levando em consideração que o país encontra-se entre os 25 mais pobres do mundo e o mais pobre da América do Sul. 

O tom na coletiva foi de solidariedade ao povo que encontra dificuldades até para o simples ato de lavar as mãos, pois em várias partes do país não há abastecimento de água, e em outro sentido, parlamentares prometeram maior vigilância sobre as ações do governo, e conclamaram a ajuda internacional dos países irmãos.

O coronavírus no Haiti

O Haiti está em estado de emergência sanitária desde a confirmação dos dois primeiros casos no dia 19 de março. Até agora foram realizados somente 257 testes, que diagnosticou cerca de 230 suspeitos, onde três casos aguardam os resultados; temos 30 casos confirmados, sendo 21 desses, de pessoas vindas de outros países. Os demais casos atentam para a segunda fase do vírus por serem parte da transmissão comunitária e aumenta mais os cuidados para que o vírus não se espalhe. 

No dia 05 de abril, o Ministério de Saúde Pública e População (MSPP) informou a morte de 1 pessoa relacionada ao COVID-19. Trata-se de um homem com idade de 55 anos. Fontes próximas à família dizem que o homem (que não teve o nome divulgado) não havia feito o teste e que o mesmo fazia parte do escritório do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Estes são os poucos dados que o governo repassa pra sociedade Haitiana. 

Sem informações

A comunicação ou a circulação de informação vindas do governo Haitiano são insuficientes. Em certa medida tratam a pandemia com irresponsabilidade. Há uma presente falta de seriedade do governo Haitiano e consequentemente atinge o povo que não percebe ou não acredita na situação que ocorre no mundo.

Para agravar a situação, na última terça-feira (07), os Estados Unidos da América, país com maior números de casos de COVID-19 até o momento, em plena pandemia com recomendação de manter os aeroportos fechados, expulsou do seu país 68 Haitianos, de acordo com o Chanceler Claude Joseph.

*Com informações do Rezo Nodewes, Haiti Libre e Prensa Latina
**Editado por Wesley Lima