Viveiro de mudas em área da Reforma Agrária é referência no Sertão de Alagoas

Instalação tem papel central para meta de plantio de 5 milhões de árvores nos próximos 10 anos
Mudas no viveiro em Alagoas farão parte do Plano Nacional. Foto: Gustavo Marinho

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

Instalado desde 2014 no Assentamento Maria Bonita, em Delmiro, Alagoas, o viveiro de mudas de 600 m² é pioneiro no território e consolida-se como um dos maiores da região. Nos primeiros anos de seu funcionamento, o viveiro se destacou com a produção de mudas de Caju Anão Precoce por meio da enxertia. No entanto, a partir da construção do Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”, o viveiro assume papel central para a meta do plantio de 5 milhões de árvores nos próximos 10 anos em Alagoas.

Desde sua inauguração, o viveiro nunca deixou de funcionar no assentamento e tornou-se referência na produção de mudas com base agroecológica. Envolvendo as famílias assentadas da região, a produção foi responsável por comercializar grande diversidade de mudas nas feiras livres dos municípios e também nas edições da Feira da Reforma Agrária, organizada pelo MST em todo o estado de Alagoas.

Além disso, o viveiro também teve suas mudas distribuídas para as áreas de assentamento e acampamento na região. Somente nos dois primeiros anos de funcionamento foram, em média, 22 mil mudas para as famílias da Reforma Agrária.

De acordo com Valter Moreira da Silva, assentado e viveirista, o viveiro também possibilitou que os camponeses e camponesas fossem aprendendo processos agroecológicos para o cultivo e produção das mudas no semiárido ao longo dos anos. “A gente foi aprendendo com o que temos por aqui, seja pela produção das mudas da caatinga ou até na matéria orgânica que utilizamos. Tudo aqui foi um grande aprendizado para entender e conhecer o desenvolvimento das plantas. Aqui no Sertão a gente foi descobrindo um novo jeito de produzir as mudas, cuidar e defender a natureza a partir do nosso viveiro”, contou ele. 

O viveiro tem capacidade de receber em torno de 50 mil mudas e hoje incorpora o desafio assumido pelo MST no Plano Nacional “Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis”. A iniciativa prevê o plantio de 100 milhões de árvores nas áreas de Reforma Agrária em todo território nacional. 

O viveiro do MST tem capacidade para cerca de 50 mil mudas. Foto: Gustavo Marinho

Com a tarefa de ampliar a diversidade de mudas produzidas no viveiro, as nativas frutíferas ou não frutíferas serão priorizadas. Porém, sem deixar de lado outras variedades que produzam alimentos já comuns e adaptadas ao estado de Alagoas, em especial na região do Sertão. São elas: umbu, caju, manga, acerola, mamão, jaca, pitomba, azeitona roxa, cajá, abacate, mamão, maracujá, seriguela, juá, angico, braúna, aroeira, catingueira e sabiá.

500 mil mudas por ano

O viveiro no Alto Sertão de Alagoas será uma das bases para o fortalecimento do Plano no estado.  É o que conta Débora Nunes, da coordenação nacional do MST:  “O MST em Alagoas reafirma a necessidade do nosso viveiro potencializar a produção de mudas como parte da nossa meta. Nosso objetivo é plantar 500 mil mudas por ano, totalizando 5 milhões nos 10 anos. Para isso, reorganizamos a dinâmica e os processos de produção das mudas, mas estimulando e construindo viveiros rústicos e outras formas de produção em nossas áreas de assentamento e acampamento”, disse.

Débora, que integra o Setor de Produção, Cooperação e Meio Ambiente do Movimento, também explicou que serão plantadas árvores nas áreas dos assentamentos. “Vamos plantar as árvores nos quintais produtivos, próximo das moradias, aumentando a diversidade de alimentos. Também nas áreas de reserva legal, nas de preservação permanente, nas comunitárias e às margens das estradas”, explicou ela.

Para Nunes, as ações devem ainda construir diálogos, ampliando as iniciativas junto aos povoados, comunidades vizinhas e cidades, como contribuição do MST para enfrentar a crise ambiental que vive o país. “Queremos enfrentar e debater com a sociedade a necessidade de fortalecer a Reforma Agrária Popular, através de um modelo de produção que estabeleça outra relação com os bens comuns da natureza, com a agroecologia, como forma de denunciar e enfrentar o agronegócio que destrói, envenena e mata o nosso planeta e a sociedade”, concluiu ela. 

*Editado por Luciana Console