Aprenda a fazer composto orgânico para produzir mudas

Adubos orgânicos são grandes parceiros do produtor e permitem que o solo se mantenha rico de nutrientes e livre de veneno
Aprenda a fazer adubo orgânico. Foto: Paula Ribeiro Guimarães e Vladimir Dayer

Por Vladimir Dayer
Da Página do MST

Os adubos químicos deveriam ter uma caveira na embalagem! Isso porque o solo está vivo e estes produtos matam nossa terra aos poucos. É a vida no solo que possibilita o desenvolvimento de um ambiente equilibrado para uma boa produção.

Pense, por exemplo, como nas terras cheias de minhocas as plantas se desenvolvem bem. Sabemos que há fungos que ajudam as raízes a absorverem nutrientes e bactérias que retiram nutrientes do ar para forneceram às plantas. Os adubos orgânicos, que aprenderemos a produzir aqui, são grandes parceiros do produtor e produtora rural, não só porque ajudam a nutrir as plantas, mas também por ajudarem a aumentar a quantidade e qualidade da vida no solo!

Quando misturamos esterco fresco à terra observamos que ela esquenta e que as plantas não vão muito bem. Dá uma “febre na terra”, como dizem alguns agricultores. Isso acontece devido à ação dos microrganismos que estão se alimentando do esterco. Porém, após completarem o banquete, o esterco se transforma em um ótimo adubo. O esterco curtido é esse produto. Se fizerem pilhas de composto fresco, manterem ela úmida sem encharcar e revirar o material toda semana, depois de 60 a 90 dias, assim que parar de esquentar, o esterco curtido estará pronto para uso.

Entretanto, há uma forma de melhorar esse processo e produzir um adubo de melhor qualidade, o chamado composto orgânico. Para isso, vamos misturar o esterco com materiais vegetais fibrosos como capim, palha de feijão, palha de café, palha de milho, restos de bananeiras, bagaço de cana, casca de arroz, entre outros. A ideia é fornecer um material mais balanceado paras os microrganismos se alimentarem para que o esterco seja decomposto de forma mais eficiente.

Vamos para o passo a passo!

1º Limpe bem o local onde será feita a pilha de compostagem. Escolha um terreno o mais plano possível e com acesso à água. Leve em conta também a distância até os insumos e até o local onde o composto será utilizado;

2º Leve todo o material necessário para o local de montagem. O composto deve ser preparado de uma vez. Use uma parte de esterco para três partes de material vegetal. Quanto maior a diversidade do material vegetal melhor;

3º Inicie a leira fazendo uma camada de 30 cm de altura de material vegetal, com um metro e meio de largura e três metros de comprimento. Acrescente, então, uma camada de esterco fresco de 10 centímetros, cobrindo todo o material. Se tiver disponível, espalhe por cima meio quilo de cinza e molhe bem. Coloque então outra camada de material vegetal, depois esterco, cinza e molhe bem;

4º Repita este procedimento até que a pilha tenha um metro e meio de altura, o que dará quatro ou cinco camadas. Na medida em que sobre a leira for afinando e ficar mais curta e estreita no alto. Por último, cubra a leira com material vegetal.

Pronto! Agora os microrganismos vão fazer o trabalho. Mas você ainda precisa ajudá-los:

– Revire o composto depois de oito dias de preparo e depois a cada 20 dias. Isso ajudará a dar uniformidade ao processo de compostagem e no controle da quantidade de umidade e temperatura.  

– Molhe seu composto regularmente, mas sem encharcar. Para saber qual é o ponto ideal, esprema um pouco na mão. Se sair água entre os dedos, está molhado demais. Se formar um torrão que se desmancha com facilidade, está do ponto ideal. Se, ao revirar, você observar mofo branco no meio do monte é sinal de que a umidade está baixa.

– Observe sempre a temperatura. Espete um pedaço de vergalhão até o meio da leira de deixe alguns minutos. Retire e avalie a temperatura da ponta. Se estiver muito quente, a ponto de não conseguir segurar a ponta, há calor em excesso. Então, revire e molhe a leira para resfriá-la.

– Após 45 à 60 dias de preparação, a temperatura irá diminuir bastante, indicando o fim da fase de fermentação e início na maturação. O composto está pronto entre 60 a 120 dias de montagem, dependendo dos cuidados e do clima. Você saberá que está pronto quando estiver uniforme, com cheiro agradável e facilmente moldável com a mão. 

Fazendo dessa forma, serão gastos mais ou menos um metro cúbico e meio de esterco, cerca de 30 carrinhos de 50 litros, quatro metros cúbicos e meio de material vegetal, cerca de 90 carrinhos e dois quilos de cinza. Ao final do processo terá produzido cerca de dois metros cúbicos de composto e cerca de 40 carrinhos. Essa quantidade é suficiente, por exemplo, para produzir três mil mudas ou adubar 40 canteiros de hortaliças de dez metros quadrados.

Na próxima semana continuamos com outros adubos orgânicos!

*Editado por Luciana Console