Juventude Sem Terra marca Semana da Agricultura com plantio de árvores

Em entrevista, Renata Menezes, do MST, fala das ações realizadas pela Juventude Sem Terra entre os dias 20 e 25 de julho
Plantio de árvores pela Juventude Sem Terra. Foto: Sidineia Camilo

Por Luciana G. Console
Da Página do MST

Dia 25 de julho é comemorado o Dia da Agricultura Familiar e Camponesa. Para marcar a data, ao longo da semana, do dia 20 ao 25, a Juventude Sem Terra vem atuando em atividades de plantio de árvores em diversos estados brasileiros. Este ano, a semana do agricultor também ficou marcada por uma vitória na Câmara dos Deputados para os trabalhadores do campo. Na última segunda-feira (20), foi aprovado o Projeto de Lei 735, que socorre os pequenos produtores em meio à pandemia do COVID-19.

A decisão, que ocorreu após intensa mobilização popular e atuação dos parlamentares da oposição, estende o auxílio emergencial de R$600 para agricultores e fomenta crédito e incentivos para a produção da agricultura familiar. Para Renata Menezes, do coletivo nacional de juventude do MST, a decisão demonstra a importância das mobilizações e será fundamental para que os agricultores continuem a produzir alimento para o povo brasileiro. 

Ela também ressalta a importância do envolvimento da juventude nos processos de luta pela terra e produção de alimentos saudáveis e conta que desde abril a Juventude Sem Terra tem se mobilizado. “Foi quando lançamos o Plano Oziel Alves para posicionar a atuação da juventude na solidariedade, no isolamento produtivo, especialmente com a agroecologia articulada ao Plano de Plantar Árvores, na batalha das ideias e no estudo”, ressalta. 

Entre as atividades encabeçadas pela Juventude Sem Terra na Semana da Agricultura, além de mutirão de plantio de árvores, estão sendo feitas doação de cestas de alimento, ações de solidariedade e também atividades simbólicas. Confira mais detalhes na entrevista!

À esquerda, Renata Menezes, da Juventude Sem Terra, em plantio de árvore com Natália durante a semana. Foto: Divulgação MST

Página do MST: Como surgiu a ideia para as ações desta semana do dia 20 ao 25? Como elas se relacionam com o Plano Nacional Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis?

Renata Menezes: Desde abril, estamos tentando compreender e analisar as formas de luta e mobilização com a Juventude Sem Terra. Isso se reflete no 17 de abril, dia de luta pela terra, que teve que ser modificado devido à pandemia, mas que traz uma mística muito forte. Foi quando lançamos o Plano Oziel Alves para posicionar a atuação da juventude na solidariedade, no isolamento produtivo, especialmente com a agroecologia articulada ao Plano de Plantar Árvores, na batalha das ideias e no estudo. A partir disso, nos propomos a pensar a Semana do Meio Ambiente, pela própria urgência da questão ambiental, que cada vez mais se apresenta como fundamental nos debates e lutas coletivas. Junto à isso, o nosso plano Emergencial de Reforma Agrária Popular e o próprio PL da Agricultura Familiar precisava de continuidade na agitação para fora, com a sociedade, e para dentro, com a nossa base. 

Então enxergamos no Dia da Agricultura Familiar e Camponesa mais uma possibilidade de articular as coisas, que na realidade são juntas. Defender a biodiversidade, a agroecologia, a terra, as águas, as florestas e as relações humanas saudáveis, tudo isso faz parte do cuidado com os bens comuns. E o Plano traz justamente isso, como síntese de que é preciso produzir Alimentos Saudáveis e seguir cuidando da vida e da natureza, legado que os povos da terra, das águas e das florestas já trazem muito e que precisamos, enquanto jovens, tomar essa tarefa para nós também. 

Quais são as iniciativas da Semana de Plantio de Árvores pela Juventude Sem Terra que estão sendo feitas neste período? 

A Juventude Sem Terra foi mobilizada em torno da Semana da Agricultura Familiar e Camponesa e já tivemos ações nos estados de Rondônia, com doação 200 cestas de verduras na cidade. No Ceará e Minas Gerais está rolando mutirão de plantio de árvores, a Paraíba está planejando plantio e ações de solidariedade também, bem como outras regiões e estados, além de organização de ações simbólicas, com faixas e embelezamento. Também estão sendo planejadas atividades para além da data e com perspectiva de estender até à Jornada Nacional da Juventude Sem Terra, em agosto. Essa ação foi pensada na construção do Plano de Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis, especialmente na mobilização para pressionar a aprovação do PL 735, a Lei Assis Carvalho.

Nesta segunda (20), foi aprovada a PL 735. Como a Juventude Sem Terra enxerga essa vitória? Quais os próximos passos?

Essa vitória é fundamental! Posiciona um importante acúmulo de forças do campo para que fosse aprovada e também do convencimento da importância da agricultura familiar para seguir alimentando o povo brasileiro. Isso também mostra o quanto devemos continuar mobilizados para obter conquistas para a classe. Entendemos que é fundamental incluir jovens e mulheres nessa perspectiva de geração de renda no campo. Precisamos avançar nessas relações, que ainda estão profundamente ligadas ao patriarcado, mas que tivemos algumas conquistas para mulheres, e precisamos dar o mesmo tom com a juventude, pois a vontade é permanecer no campo, mas é preciso ter condições dignas para continuar produzindo, gerando renda, construindo autonomia e agroecologia. 

Em agosto, acontece a Jornada da Juventude Sem Terra. Fale um pouco sobre o que será feito e a importância desta mobilização. 

Todas as ações que construímos até então acumulam para Jornada da Juventude Sem Terra. Este momento é bastante especial para nós, pois trata-se de uma mobilização em torno do dia do estudante e este ano, no contexto de pandemia e também de disputa de projetos de poder, o nosso lema continua, pois permanece atual: Juventude em luta, pela vida e por direitos. Vamos continuar projetando o Plano de Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis, mas queremos também dar um caráter de denúncia e  agitação na mensagem de que estamos atentas e atentos na questão ambiental, na importância histórica da Reforma Agrária Popular para este período, na defesa dos direitos e da própria vida.

*Editado por Wesley Lima