MST distribui 400 cestas básicas na periferia de Belém (PA)

Ação realizada no Dia da Trabalhadora e do Trabalhador Rural aponta o papel da Reforma Agrária para ninguém passar fome, tendo a solidariedade de classe como um dos valores do MST
Solidariedade de classe/ Fotos:  Carlinhos Luz e Brenda Balieiro

Pelo Setor de Comunicação do MST no Pará
Da Página do MST

Neste dia 25 de julho, quando se comemorou o Dia Internacional da Agricultura Familiar e o Dia do Trabalhador e da Trabalhadora Rural, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra realizou mais uma ação de solidariedade às pessoas que moram na periferia de Belém (PA). A ação foi construída em uma articulação com a Rede Amazônica de Solidariedade e Resistência, a Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos e o Instituto Clima e Sociedade.

A ação faz parte da campanha nacional de solidariedade realizada pelas famílias Sem Terra com a doação de alimentos produzidos nas áreas de acampamentos e assentamentos do MST, frutos da luta pela reforma agrária no país, chegando nas mesas de quem mais precisa.

“Nossa atitude é bonita e não se resume em apenas doação de alimentos, mas é solidariedade de classe mesmo, porque a gente entende que só quem pode nos ajudar somos nós mesmos trabalhadores”, afirma Jane Cabral, da direção nacional do Movimento.

Fotos:  Carlinhos Luz e Brenda Balieiro

A maior parte dos produtos que foram doados vieram dos assentamentos Abril Vermelho e Carlos Lamarca e do acampamento Carlos Marighela. Macaxeira, banana, laranja, tangerina, goma, feijão, ovos, urucum, jerimum e farinha foram alguns dos vários produtos que formaram as cestas básicas.

As cestas foram entregues para o Grupo de Mulheres Prostitutas do Estado do Pará (Gempac), Comunidades LGBTQI+, Centro de Defesa do Negro no Pará (Cedenpa), Comunidade Bom Futuro do município de Barcarena, estudantes indígenas e quilombolas e para as famílias do Residencial Resistência, entre os bairros da Terra Firme e Guamá, em Belém.

Para Izabela Martins, 23 anos, mãe de dois filhos e moradora do Residencial Resistência, área de ocupação urbana na periferia de Belém, a ação do MST é importante, porque muitas pessoas estão em situação de risco e precisam de ajuda.

Fotos:  Carlinhos Luz e Brenda Balieiro

“Aqui na comunidade a situação é difícil, mas estamos na resistência para conseguirmos conquistar um lugar para morar e a ação de solidariedade do MST, doando alimentos pra gente, nos ajuda a resistir, porque precisamos muito deste lugar”, descreve Izabela.

Para A.S., integrante do Gempac, com a pandemia as coisas ficaram mais difíceis e a vulnerabilidade das mulheres aumentou bastante. “Resumo esta ação do MST em duas palavras: emoção e felicidade”.

“Tudo está parado e não temos como trabalhar, passamos por muitas necessidades e, como a maioria da população, estamos sofrendo as consequências da pandemia”, declara.

Um dos princípios do MST é a solidariedade e esta campanha nacional de doação de alimentos para as famílias que estão sofrendo com a pandemia é uma prática que compartilha aquilo que o Movimento tem para oferecer e não o que está sobrando.

“A luta pela reforma agrária é uma luta de todo mundo, tanto do campo quanto da cidade”, aponta padre Paulinho, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).

“Vemos nisso a prática da solidariedade em toda a sua essência, mostrando a verdadeira luta do Movimento. E como falou o Papa Francisco, nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra e nenhum trabalhador sem direitos”, enfatiza padre Paulinho.

Esta é a segunda ação de doação de alimentos que o MST realiza na cidade de Belém durante a pandemia. A proposta é manter as ações de solidariedade com a população dos grandes centros urbanos de todo o país, pois, independente da pandemia, esta sempre foi uma prática constante do Movimento.

“Nossa mensagem a todo povo é que, mesmo em tempo de pandemia e de isolamento social, precisamos estar organizados e lutar. Acreditamos que iremos superar o vírus e também o governo Bolsonaro, que representa o preconceito, a homofobia, a violência, o fascismo e tudo o que temos de perverso no Brasil. Continuaremos na luta e na prática de solidariedade de classe”, finaliza Jane.

*Editado por Yuri Simeon