No Dia do Estudante, Juventude Sem Terra debate educação em tempos de pandemia

Live aconteceu na tarde de terça (11) pelas redes sociais do MST; convidados destacaram a necessidade de cobrança de ação das instituições

Da Página do MST

Na última terça-feira, 11 de agosto, foi comemorado o Dia do Estudante. Para marcar a data, a Juventude Sem Terra convidou Iago Montalvão, presidente da UNE, Bruno Ramos, articulador nacional do Movimento Funk e do Mídia Ninja e Regilane Alves do GT de Juventudes da Articulação Nacional de Agroecologia, para uma conversa online, que foi transmitida pelo facebook do MST na tarde de ontem (11). A live foi mediada por Renata Menezes, do Coletivo de Juventude do MST e teve como tema “Juventude em luta, pela vida e por direitos!”. 

Nesta semana, do dia 10 a 15 de agosto, também está em curso a 11ª Jornada de Luta da Juventude Sem Terra, onde os jovens têm buscado internalizar e ampliar os debates políticos da conjuntura com a juventude em diversos espaços. 

Durante a live, que se iniciou às 14h, o  presidente da UNE iniciou sua fala fazendo duras críticas ao governo Bolsonaro e ressaltando a importância do papel da juventude na conscientização das pessoas e em oposição à política genocida do atual presidente. “Só quem tem dinheiro pra rodar a economia é o estado brasileiro e durante o tempo que deveria ter sido investido no isolamento, não se fez. Não houve política de contenção da forma correta, então não dá pra falar agora falar que o isolamento não funcionou”, pontuou ele, que precisou sair antes do fim da transmissão justamente para participar de uma ação simbólica em frente à instituições de ensino. 

Regilane, filha de agricultores do assentamento Maceió, em Itapipoca, Alagoas, e estudante de ciências sociais, também reforçou o papel da juventude nos debates com os trabalhadores e lamentou o fato de muitas pessoas estarem agindo como se a pandemia tivesse acabado. Ela contou que as praias próximas de seu município, por exemplo, estão diariamente lotadas. “O papel da juventude como comunicadores é fundamental. Os agricultores têm receio ainda da tecnologia então é onde entra a juventude para fomentar esse canal de comunicação novo, principalmente neste momento de pandemia. Estamos dialogando de casa em casa e usando meios tecnológicos para disseminar a conscientização”, explicou.

A flexibilização do isolamento na pandemia trouxe também o debate sobre o retorno às aulas presenciais no país. Sobre isso, Regilane pontua a desigualdade social nas escolas como um fator que impede a volta do funcionamento escolar com segurança. “Em uma sala com 50 alunos, teria que colocar uns 10 estudantes por vez pra fazer isolamento. Não tem como fazer educação assim porque a estrutura educacional pública brasileira não vai permitir”, ressaltou ela. Para a mediadora do debate, Renata Menezes, “voltar às aulas agora é um crime, estamos com campanha para que não se retorne. A Jornada da Juventude precisa construir nesse processo de mobilização”.  

Já Bruno Ramos destacou a necessidade de se fazer um enfrentamento no Congresso Nacional, colocando em pauta, principalmente, questões que vão além da pandemia, mas que foram evidenciadas neste momento de crise sanitária. “Como cara preto de quebrada, vivemos essa sensação de pandemia o ano todo. As pessoas que passam batidas pelo detector de marcador social, por conta de seus privilégios, estão passando pela sensação do risco iminente de não saber se volta para casa. O Bolsonaro pode cair, mas o bolsonarismo continua, o que nossas instituições estão pensando no pós pandemia? É importante que elas pensem em quem está na ponta. Temos que pensar em política de estado e não em programa de governo, porque senão a gente toma um golpe igual houve com a Dilma e tem esse enorme retrocesso em três anos”, reforçou ele. 

Para este enfrentamento, Ramos também chamou atenção para a importância das formações de base como forma de resistência.

“Não preciso me preocupar com fake news se meu povo foi bem informado. Por isso, a educação dos nossos jovens é fundamental, temos que fazer crítica e pensar em argumento para não ficar no toma lá dá cá”, finalizou.


*Editado por Maura Silva