O aniversário de Fidel Castro e suas lições de solidariedade internacionalista

Artigo resgata história do exemplo de Cuba em nossa base de solidariedade frente à pandemia do coronavírus

Ação de Solidariedade aos profissionais da saúde, no Hospital de Campina Grande-PB durante a pandemia. Foto: ASCOM/ADUFCG

Por Joelson Santos*
Da Página do MST

Cuba, 13 de agosto de 1926, a história dá à luz a Fidel Castro Ruz, – ou Fifo, como foi carinhosamente chamado por alguns–. Filho de pais imigrantes espanhóis, seu pai se tornou em Cuba um grande fazendeiro produtor de cana-de-açúcar. Estudou em um colégio jesuíta, onde, segundo o mesmo, iniciou seu processo de disciplina. Na universidade, por um tempo foi um amante do esporte, gostando muito de jogar basquetebol.

Sua militância política se inicia no movimento estudantil, aos 27 anos de idade, no curso direito, em 1945, na universidade de Havana. A situação política no país nessa época era de muita desigualdade social, sequelas de governos ditadores comandados pela máfia que operava entre Caribe e Estados Unidos. Assim, Cuba se tornou um país com muitos cassinos, prostituição, charutos, runs e tráfico de drogas.

Em 1953, o assalto do quartel Moncada deu origem eu Movimento 26 de Julho. Não foi uma derrota, como dizia o próprio Fidel, “ se houvéssemos triunfado, seria muito cedo e não tínhamos as condições políticas e organizacionais naquele momento”. Muitos caíram em combate, outros presos, torturados e exilados para o México, onde Fidel conheceu o Che, que pelas coincidências de ideias e de mundo se tornaram grandes companheiros e amigos.

Desembarco do Iate Granma, em dezembro de 1956, procedente do México para Serra Maestra. Fidel seguiu o pensamento e as ideias de José Martí, que dizia em seus escritos, “ quem se apropriar da Serra Maestra, dominará o território nacional”. Nesse desembarque houve uma surpresa, sofreram uma emboscada pelo exército do ditador Fulgêncio Batista. Dos 81 revolucionários clandestinos, 21 tombaram em combate e apenas restaram 12 fuzis. O que para muitos resultaria em uma derrota, Fidel transformou em vitória, dizendo em alto e bom tom: “ esta feita a Revolução”.

Janeiro 01 de 1959, triunfa a Revolução Cubana. A guerrilha toma o poder do país e expulsa o ditador Fulgêncio Batista da casa presidencial com tiros de armas livres. O método da luta armada e da guerra de guerrilha se aprovou com vitória a apenas 154 km do maior império capitalista. Jovens estudantes se armaram e derrotaram um estado ditador e genocida.

“Toda conquista só é válida se soubermos defendê-la”. E foram muitos desafios para defender a proposta de socialismo, de socializar o país entre todas e todas. Fizeram a lei de Reforma Agrária, estatizaram as empresas e lançaram a campanha nacional de alfabetização, entre outras ações socialistas.

Solidariedade


A solidariedade internacionalista sempre foi um princípio imprescindível para a Revolução Cubana, desde as lutas do povo Cubano para ajudar na independência de Angola, contra o apartheid, no Congo até os alfabetizadores do “Sim! Eu posso”. É a solidariedade entendida como ofertar o que precisa, e não o que me sobra.

Após a passagem dos furações George e Mitch, pela América Central em 1998, Cuba observou a realidade dos povos dessa região, a pobreza e o desprezo dos governantes com a população, em especial no campo da saúde, entendido como um dos direitos fundamentais para a humanidade. Logo, Cuba disponibilizou médicos e médicos para ir ajudar na saúde da população atingida. Fidel decidiu criar a Escola Latina Americana de Medicina (ELAM), no edifício que antes era uma escola naval das escola das Américas dos E.U.A, para formação militar.

O projetos consistiu em ofertar bolsas para a população mais pobre da América Latina, através de suas organizações politicas, para que pudessem voltar e cuidar de seu povo. Foram mais de 10 mil graduados em 12 anos de projeto, pessoas de todos rincões da América Latina.

Cuba é um farol de luta e um exemplo de soberania e solidariedade para o mundo inteiro na atual pandemia em que muitas vidas são cobradas, e em sua grande maioria são povo pobre, preto e sem governo. Muitos são os movimentos de solidariedade para salvar vidas.

Exemplo no Brasil


No Brasil, essa semana, atingimos a marca de 100 mil mortos. Há mais de 8 semanas estamos sem ministro da saúde e sem medidas de governo federal efetiva para salvar vidas. Mas o povo sempre tem uma saída, e ela implica luta. Nesse sentido nasce o MÃOS SOLIDÁRIAS, uma organização composta por universidades, movimentos sociais, sindicatos e estudantes. Setores que representam o povo e com ações solidárias chegam nas comunidades mais excluídas, onde ausência do estado se mostra na inexistência e dificuldades de acesso a politicas públicas.

Seguindo o exemplo do pensamentos de Fidel, o MÃOS SOLIDÁRIAS deseja emancipar o povo e ajudar para que o povo busque e construa seu próprio destino. O povo cuidando do povo é o lema que sintetiza essa campanha de solidariedade nacional. O direito básico para qualquer pessoa é comer, mas não apenas comer qualquer coisa, uma vez que a alimentação tem o papel fundamental de suprir nossos requerimentos energéticos e reparação dos órgãos e sistemas.

Assim, a alimentação saudável livre dos agrotóxicos e de transgênicos se ver importante para manutenção e correção dos desequilíbrios do nosso organismo, para que possamos viver bem e com qualidade, evitando o surgimento de muitas doenças evitáveis.

Uma das ações implica na distribuição de alimentos a quem não tem acesso a uma alimentação de qualidade. Na pandemia atual, ter alimentação insuficiente é umas das desvantagens a se combater. O nosso sistema imunológico é o responsável no combate da doença em nosso corpo, e ele precisa da proteína, do ferro, da gordura e das vitaminas para eliminar e evitar o surgimento não só da COVID-19 como outras doenças também.

A formação dos agentes populares é importante para que o povo possa se organizar e construir novos horizontes e conquistas coletivas. Além disso, a construção dos bancos populares de alimentos é uma das medidas de saúde que mais tem salvado vidas se seguirá salvando.

Brigada Henry Reeve


A solidariedade internacional também tem agregado muita força, liderada pelo povo cubano, que em plena pandemia não exitou em enviar alguns profissionais para ajudar no combate à coronavírus em outros países onde a situação foi intensa, a exemplo da Itália. O povo cubano tem experiência em cumprir missões de solidariedades em saúde e salvar milhares de vidas, como a Brigada Henry Reeve, formada em 2005 por Fidel.

Essa brigada tem estado em mais de 60 países, com mais de 70 mil profissionais nesses 15 anos em várias situações catastróficas como furações, terremoto no Haiti, ebola na África, entre outros. Atualmente a brigada possui cerca de 2 mil profissionais de saúde em 27 países, ajudando no combate à COVID-19.

Hoje não é possível mais que os meios do capitalismo digam que “em Cuba, não há nada bom com a revolução”. Como disse o Comandante Fidel, “Vocês são anjos de jaleco branco. Cuba não manda militares para invadir outros países, a gente envia salva-vidas”.

A brigada Henry Reeve de solidadriedade em saúde está sendo indicada a ganhar o prêmio Nobel da Paz, como um reconhecimento do mundo ao povo cubano, que apesar do bloqueio econômico imposto pelo Estados Unidos, há mais de 40 anos, a Revolução sobreviveu e leva esperança de que um mundo melhor sim é possível.

Por tanto nossa tarefa é propagandear e levar a verdade ao mundo!

*Joelson Santos, Médico Sem Terra, graduado na ELAM-Cuba.

**Editado por Fernanda Alcântara