ELAA proporciona vivência entre movimentos populares latino-americanos e fortalece luta de classes

Josevânia e Renato se formaram no curso de licenciatura em Educação do Campo e comemoram os aprendizados e vivências na Escola
Práticas do campo na ELAA. Foto: Arquivo pessoal

Por Solange Engelmann
Da Página do MST

Josevânia Aragão, de 26 anos, é paraense e chegou na Escola Latino Americana de Agroecologia (ELAA), no município da Lapa (PR), com objetivo de se inserir no curso de licenciatura em Educação do Campo de 2014. Ela explica que a Escola foi fundamental para compreender a sua realidade e de sua comunidade de origem. “Me ajudou a entender a minha realidade, porque nem sempre a formação acadêmica tradicional compreende a realidade dos sujeitos do Campo, águas e florestas. E o curso em regime de alternância tem um olhar mais singular”, esclarece ela.

Já Renato Trevisanutto, de 29 anos, também participou do curso de licenciatura em Educação do Campo na ELAA de 2014. Seu contato com a Escola foi a partir da militância na Comissão Pastoral da Terra (CPT), no Mato Grosso, e durante a permanência no curso passou a militar no Movimentos dos Atingidos por Barragem (MAB).

Para o militante, a formação e as vivências na Escola proporcionaram contato com os movimentos populares latino-americanos e o entendimento da luta de classes. “A escola nos proporciona uma vivência e interação entre os movimentos, o fortalecimento da luta de classe, pra se entender enquanto sujeito da classe trabalhadora, sujeitos do campo, da cidade, mas dentro de um recorte de classe”, pontua.

A ELAA está completando 15 anos de fundação. A data será marcada com um ato político e cultural online, na próxima quinta-feira (27), com a presença de dirigentes do MST, representantes da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), educandos e artistas convidados. O Ato será transmitido nas redes sociais do MST e da ELAA.

Na militância do MST desde 2014, Josivânia vive hoje no Assentamento Ho Shi Minh, município de Congonhinhas, na região Norte do Paraná. Ela conta que seu primeiro contato foi com o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC) e, em seguida, ingressou no MST, morando dois anos na ELAA e contribuindo em alguns setores de trabalho.

Josivânia com o filho na formatura do curso. Foto: Arquivo Pessoal

Também inserido em outro movimento popular da Via Campesina, o MAB, Renato está na militância desde de 2006. Antes da CPT participou da Pastoral da Juventude (PJ). Quanto ao projeto político-pedagógico da ELAA, Trevisanutto expõe que a formação proporcionou um crescimento individual e coletivo, pois contempla as demandas dos movimentos populares da Via Campesina e desenvolve os conhecimentos com base na pedagogia do trabalho e da práxis.

“O projeto político-pedagógico da Escola tem um potencial grande, porque como é baseado no trabalho, que é um pouco da pedagogia socialista, isso coloca o educando na proposta de vivenciar a escola. Além da formação, técnica, profissional é fundamental porque te insere na realidade”, argumenta.

Dentro dessa proposta, durante os cursos os educandos participam da gestão da escola e passam por todos os setores de trabalho. Também se inserem em vivências, trocas de experiências e atividades culturais com agricultores e movimentos populares e realizam acompanhamentos às famílias assentadas, por meio do diálogo dos saberes.

A ELAA localiza-se no Assentamento Contestado, onde vivem 108 famílias assentadas do MST, estabelecendo vivências, aprendizados e trocas entre os educadores, educandos e as famílias desse território. Para Josivânia, quem passa pela ELAA sai transformado “como um ser humano melhor”, pois o ensino articula a formação acadêmica e política, com base na realidade dos educandos e suas comunidades.

A pedagogia é baseada na Educação Popular do Campo e na matriz de produção agroecológica. A ELAA faz parte da Via Campesina e surge com uma proposta de articulação mundial de movimentos camponeses, em 2005. Atualmente oferece o curso de Tecnólogo em Agroecologia, em parceria com o Instituto Federal do Paraná (IFPR/campus Campo Largo) e o curso de Licenciatura em Educação do Campo, com a Universidade Federal do Paraná (UFPR/Litoral).

*Editado por Luciana G. Console