Povo haitiano enfrenta danos causados pela passagem da tempestade “Laura”

Enquanto calculam o tamanho da destruição, movimentos populares denunciam a irresponsabilidade do governo haitiano com a vida de seu povo diante de uma quadro de novas tempestades à caminho
Foto: APPA – Ajans Près Popilè Aysien

Por Ajans Près Popilè Ayisyen (APPA) Agência de Imprensa Popular Haitiana*

Aproximadamente 20 pessoas faleceram e outras cinco estão desaparecidas. É a avaliação do Departamento Proteção Civil (DPC) publicada depois da tempestade “Laura” atingir o Haiti no domingo 23 de agosto de 2020. Além de causar mortes e dor às famílias, a tempestade causou grandes danos materiais tais como a destruição de cerca de 15 casas, 135 casas  danificadas, 447 outras casas foram inundadas em distintos bairros da  região Oeste, especialmente nos bairros de Taba, Kafou, Site Solèy, Petyonvil e Delma.

No município de Petyonvil, o mercado “Tèt dlo” teve suas mercadorias soterradas sob o barro. A situação causou desespero e revolta de trabalhadores do mercado que pedem à Prefeitura de Petyonvil que se responsabilize pelas perdas das mercadorias e danos sofridos pela estrutura do mercado.

Segundo o DPC, a tempestade causou muito mais danos no Sudeste. Vários pontos da rodovia foram rompidos pela tempestade, 4 pontes estão destruídas nos departamentos Sul e o Sudeste, nos municípios de Benè, Marigo, Belans, Tyòt e Ansapit.

Para a população e movimentos populares “as autoridades não foram capazes de prevenir de maneira a reduzir os danos causados pela tempestade Laura. Se houvesse tido prevenção, o país não havia perdido tantas mulheres, homens e crianças. Ainda que a vida da população não tenha nenhuma importância para o governo de Jovenel Moïse, mas para o país, todas são filhas e filhos importantes”.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, as correntes de água estão obstruídas e por isso há tantos danos, bem como afirmou que muitas casas são construídas em locais inadequados, culpabilizando as pessoas por suas pobrezas. No entanto, o Ministério do Meio Ambiente não disse nada sobre a responsabilidade do ministério e a má gestão dos problemas ambientais do país. Em um contexto onde as chuvas se tornam ameaças de novos desastres, o governo não apresentou formas de frear a degradação ambiental.

A agência meteorológica americana (NOAA) prevê que haverá uma temporada ciclônica muito forte durante esta estação que começou em 1º de junho e terminará em 30 de novembro de 2020. Conforme a agência, pode ser que haja entre 19 e 25  tempestades, 7 a 11 classificadas como furacões e de 3 a 6 grandes furacões (categoria 3,4 e 5).

Para os movimentos populares haitianos, nesta conjuntura a pergunta que devemos fazer é o “que podemos esperar quando temos pessoas incompetentes, corrompidas e delinquentes que lideram o Estado e tomam decisões em nome do povo? Quantos mortos vamos contar mais tarde quando há uma tempestade ou um furacão mais forte que golpeia o país? Estas perguntas não serão respondidas, sabemos que estamos tratando com uma série de dirigentes que estão esperando desastres naturais no país para enriquecerem sobre os cadáveres dos pobres”.

Por fim, representantes do movimentos populares concluem que “o Haiti é realmente como um laboratório onde experimenta-se o capitalismo de desastre. Se não há desastres naturais, as autoridades haitianas a inventam”. A tempestade Laura deixou o Haiti desde o princípio desta semana, segundo o diretor do DPC, Jerry Chandler.

*Com colaboração da Brigada Internacionalista Jean Jaques Dessalines