Em meio à pandemia, mais um acampamento do MST-TO sofre ameaça de despejo

Acampamento Clodomir de Moraes mais uma vez é cenário de conflito agrário a mando da empresa Investco

Acampamento Clodomir de Moraes, no Tocantins, já havia sofrido tentativa de despejo violento em 2018. Foto: Comunicação Popular MST – Regional Amazônica

Por Ana Carolina Azevedo/Comunicação Popular MST – Regional Amazônica
Da Página do MST

Na manhã da última sexta-feira (28), mais de 80 famílias do acampamento Clodomir de Moraes, que ocupam as terras Pântano do Papagaio, antigas fazendas União e Tucum, em Ipueiras (TO), sofreram ameaça de despejo sem qualquer notificação prévia, sequer notificação à Defensoria Pública Estadual, que acompanha o caso.

As famílias Sem Terra foram surpreendidas por um forte aparato policial da Polícia Militar, acompanhada de representantes da empresa INVESTCO S.A. (suposta proprietária das terras), além de peritos, sob a narrativa de realizarem uma perícia na área. Há mais de três anos as famílias estão acampadas e desenvolvendo atividades produtivas diversas no território.

O MST denuncia que a INVESTCO grilou a área das populações ribeirinhas da região que viviam da pesca e da agricultura, expulsaram as famílias para as periferias das cidades vizinhas. Além disso, denunciamos uma forte relação entre latifundiários, empresários e políticos oportunistas da região para manutenção do sistema de grilagem dessas terras. 

Esse não é o primeiro ataque ao acampamento orquestrado pela INVESTCO, empresa transnacional que atua no estado na geração de energia com as águas do rio Tocantins. Em 2017 e 2018, a mesma terra foi cenário de conflitos violentos, com truculência policial, ataques de pistoleiros e grileiros que, a mando da empresa, atearam fogo nos barracos, nas plantações e produções das famílias acampadas.

Solidariedade

Antônio Marcos, dirigente estadual do MST, afirma que a luta vai continuar até que as famílias camponesas conquistem definitivamente a terra para viver e produzir alimentos saudáveis e denuncia a empresa mandante de todos os pedidos de reintegração de posse.

“Essa empresa criminosa que é a Investco, autora de todos os mandados de reintegração de posse que já houveram nessas terras, mais uma vez atenta contra a vida das famílias Sem Terra, tentando organizar um despejo surpresa. Utilizando de forte aparato policial para intimidar as famílias camponesas em plena pandemia, tentam despejar essas famílias que vivem e produzem nessas terras há anos. Vamos seguir na luta para que as famílias camponesas conquistem definitivamente essas terras!” concluiu.

*Editado por Fernanda Alcântara