Sem Terrinha em ação: brincadeiras e árvores frutíferas no Rio de Janeiro
Por Coletivo de Comunicação MST-RJ
Da Página do MST
“Criançada, vamos participar da Jornada Sem Terrinha? Plantar planta boa, regar, cuidar das plantas, da natureza”. A chamada para a Jornada Nacional em defesa do meio ambiente, da educação e da vida veio do Sem Terrinha Ernesto de Souza, de 10 anos, enquanto brincava nos troncos de uma árvore no assentamento Roseli Nunes, no município de Piraí, região Sul Fluminense.
Nos assentamentos e acampamentos do MST no Rio de Janeiro, os dias 11 e 12 de outubro foram de brincadeiras, plantio de mudas, ciranda e conversas descontraídas sobre a importância de plantar árvores e produzir alimentos saudáveis.
Neste momento em que a pandemia ainda não está controlada no nosso país, as atividades foram pontuais e com os cuidados necessários nos territórios de Reforma Agrária em todo Brasil. Pedro Valença, do Setor de Educação no Rio, ressalta o protagonismo histórico das crianças no MST. E destaca, ainda, que a Jornada Sem Terrinha é um importante espaço para as expressão política das crianças a partir dos elementos lúdicos e pedagógicos tradicionais da jornada.
“Elas [crianças] sempre fizeram parte do Movimento, sempre estiveram nas ocupações, reuniões, atos, assembleias, e ao longo do processo de constituição histórica do MST entendemos que era importante garantir que as crianças, que já faziam parte do Movimento, também tivessem um espaço para suas expressões políticas, de luta, pedagógicas e artísticas, dentro da linguagem que elas conhecem que é do lúdico, das brincadeiras”, afirma Pedro.
Além de atividades lúdicas, as crianças do acampamento Edson Nogueira participaram de um passeio ecológico nas áreas de produção e plantaram coletivamente diversas mudas de ipê amarelo e jasmim. Já no Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS) Osvaldo de Oliveira, os Sem Terrinha foram as mãos responsáveis pelo plantio de mais 20 árvores, entre aroeiras, abacateiros e mangueiras.
Em contraponto a atual política ambiental do governo Jair Bolsonaro, a tarefa colocada para as crianças também é parte de um esforço nacional do MST com o objetivo de plantar 100 milhões de árvores nos próximos dez anos. Por isso, o mote “Sem Terrinha em Movimento: Cultivando a Vida” foi escolhido para este ano em que o desmatamento e as queimadas atingem o Pantanal e a Amazônia em aumento recorde.
“A jornada tem a importância de trazer as crianças para o centro da organização do movimento. De pensar como elas estão nesse momento atípico e inédito que todos nós estamos vivenciando, com a dificuldade de não poder realizar reuniões presenciais e sem aglomeração. Tudo isso dentro de um contexto político mais amplo que é o de destruição da natureza pelo atual governo”, completa Pedro Valença, do Setor de Educação.
Brincar, sorrir e lutar!
“Bandeira vermelhinha, o futuro da nação está na mão dos Sem Terrinha”. A agitação e os gritos de ordem são do assentamento Irmã Dorothy. Por lá, a cirandeira Amandinha, que também é assentada, facilitou o espaço de cantoria e fez a alegria da criançada no dia 12 de outubro.
Para Stéfane Oliveira, da coordenação do assentamento Irmã Dorothy, promover brincadeiras e momentos lúdicos de convivência, sobretudo neste momento, é fundamental para o desenvolvimento da infância.
“As crianças acabam ficando tristes com a pandemia e criança triste não aprende direito, não se alimenta de forma adequada. Criança triste não é criança! Então resgatamos algumas brincadeiras como pega pega, queimada, bexigas d’água e pique bandeira usando a própria simbologia do Movimento”, conta.
O assentamento ainda recebeu uma caprichosa decoração com fitas multicoloridas e jabuticabeiras no entorno de uma ponte construída recentemente. Com a chegada da época de chuva, as árvores ajudam a evitar deslizamento. “É importante cuidar da natureza porque as árvores dão o ar, a sombra, os frutos e também outras coisas”, opina Kessila Victoria, de 10 anos.
A jornada nacional encerrou com uma grande Assembleia das Crianças Sem Terrinha, reunindo em confraternização todos os cantos do Brasil mesmo que de forma virtual. No Rio de Janeiro, mais de 15 crianças acompanharam a programação nos acampamentos e assentamentos do estado.
*Editado por Fernanda Alcântara