MST-RJ repudia prisão de candidata após denunciar violência doméstica

Leda Mota é candidata a vereadora pelo PCdoB no município de Resende e foi solta nesta sexta (23) após repercussão do caso
Brasil está entre os cinco países mais violentos contra as mulheres. (Foto: Arquivo/Agência Brasil)

Por Coletivo de Comunicação MST-RJ

Em nota divulgada nesta sexta-feira (23), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Rio de Janeiro repudia a prisão da candidata à vereadora Leda Mota (PCdoB) em Resende (RJ).

Leda foi mais uma vítima de violência doméstica no país onde mais da metade dos feminicídios acontecem dentro de casa. Entretanto, ao procurar uma delegacia para denunciar a agressão que havia sofrido na quinta (22), foi presa por desacato. 

Leia a nota na íntegra:

Nota de Solidariedade à Leda Mota e repúdio à ação policial

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
Mulheres em Luta: contra os Vírus e as Violências!

Uma mulher agredida pelo marido, tendo sua casa quebrada, se desloca até a delegacia para denunciar a agressão e pedir providências para proteger-se do agressor. No entanto, e para sua infeliz surpresa, em vez de somente o agressor ser detido e medidas de proteção serem encaminhadas para proteger a vítima, acontece que a mesma fica presa também. Esse fato grave, que parece um relato de tempos passados, aconteceu na noite de 22 de outubro de 2020, no município de Resende (RJ).

Nós, do MST/RJ, viemos por meio desta declarar toda nossa solidariedade à Leda Mota, candidata a vereadora pelo PCdoB de Resende, que após sofrer violência doméstica ao ser agredida pelo seu companheiro, procurou a delegacia, e conseguindo registrar as agressões, em vez do acolhimento necessário pela situação de violência vivenciada em sua casa, sofreu uma segunda violência ao ser presa. Leda Mota está desde ontem na delegacia em Resende, sendo encaminhada esta manhã para a casa de custódia em Volta Redonda.

Queremos também repudiar a ação de todos na delegacia envolvidos com sua prisão – delegado Dr. Márcio Leandro Figueroa e policiais, exigir sua imediata liberdade, revogação de qualquer acusação a vítima, e que seja realizada as devidas providências judiciais ao agressor, assim como medidas protetivas à vítima.

Vale ressaltar que este comportamento faz com que as violências contra as mulheres se perpetuem, e coloca o Brasil entre os cinco países mais violentos contra as mulheres, onde a taxa de feminicídio é altíssima. E onde as mulheres vítimas têm medo de denunciar.

Violência Contra a Mulher
Não é a sociedade que a gente quer

Direção Estadual do Rio de Janeiro, 23 de Outubro de 2020