MST em Minas realiza ato na porta da mineradora Vale, 5 anos após crime em Mariana

MST protestou na porta da sede da Vale do Rio Doce, em Governador Valadares (MG), após 5 anos do crime do estouro da barragem em Mariana
MST esteve na porta da sede da Vale, em Governador Valadares (MG), para lembrar dos cinco anos de impunidade da mineradora que destruiu a vida na bacia do Rio Doce. (Foto: MST)

Por Matheus Teixeira e Geanini Hacbardt
Da página do MST

Rio de lama, Doce, agora amargo.
Vem de Mariana, desceu rejeito não tem pra ninguém
E varre cama, e sonho e segue tudo pro além.
E diga Vale, quanto vale a vida de alguém?

Quanto Vale? – Djambê

Na manhã deste 5 de novembro, data que marca os cinco anos do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana (MG), o MST na região do Vale do Rio Doce realizou um ato na sede da empresa Vale, em Governador Valadares.

O movimento denuncia a impunidade sobre um dos maiores crimes ambientais do mundo, que devastou a bacia do Rio Doce em Minas Gerais e no Espírito Santo, e matou 19 pessoas.

Durante o ato, para protestar e relembrar os 19 mortos, o MST distribuiu mil mudas de árvores nativas e frutíferas. “Nós do MST acreditamos na árvore como símbolo e representação da vida, repudiamos o crime, e nos solidarizamos com a dor das famílias vítimas da Vale. Vale, o lucro não vale a vida!”, diz Erlane Andrade, da direção estadual do MST-MG.

Mulheres e homens do MST distribuíram mudas de árvore, em um gesto simbólico de assumir a luta pela valorização da vida e a restauração ecológica, que a Vale e a Fundação Renova demoram em assumir (Foto: MST)

O ato simbólico mostrou a indignação não só dos acampados e assentados que tiveram suas lavouras prejudicadas pela lama de rejeitos de minério, mas de todos os moradores do leste de Minas Gerais, que depende diretamente das águas do Rio Doce seja para consumo/subsistência, seja para produção. Até hoje a água se encontra contaminada pelo rejeito e imprópria para consumo.

(Foto: MST)

“Esse ato hoje, aqui na porta da Vale, representa a resistência do povo atingido, o povo que perdeu sua casa, sua produção e aos poucos a sua saúde. Essa é a nossa forma de cobrar dos responsáveis pelo crime cometido, que está impune até hoje.  É uma tristeza a gente ver o rio morto. Quando veremos o nosso rio com vida novamente? Onde a lama passou, devastou tudo, e todo ano dia 5 de novembro a vai relembrar e cobrar o crime da Vale”, conta Claudia Regina, assentada da reforma agrária. 

O movimento denuncia também a continuidade da espoliação promovida pela empresa e os riscos dos crimes de repetirem. Assim como ocorreu há quase dois anos, com o rompimento em Brumadinho, que matou 272 pessoas e contaminou todo o Rio Paraopeba. A própria empresa informou em outubro que possui 4 barragens com risco iminente de ruptura e 10 em nível de emergência em Minas Gerais. 

Somente neste ano de pandemia a empresa mais que dobrou seus lucros, acumulando gordos R$ 15 bilhões nos primeiros nove meses. Mesmo com indícios de que novas barragens não suportarem os rejeitos, a transnacional intensifica seu modelo de mineração predatório, colocando em risco a vida de milhares de pessoas cotidianamente.

*Com edição de Ludmilla Balduino