Nota de solidariedade do MST à companheira Ana Lucia Martins, vereadora eleita em Joinville (SC)

Recém eleita democraticamente para o cargo de vereadora em Joinville (SC), Ana Lucia Martins vem sofrendo ameaças; o MST solidariza-se com esse caso
A vereadora Ana Lucia Martins, eleita em Joinville (SC), vem sofrendo ameaças de racistas (Foto: divulgação)

Nós, Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), tornamos pública nossa solidariedade à vereadora Ana Lucia Martins (PT), primeira mulher negra eleita em Joinville/SC. E repudiamos as ameaças sofridas pela companheira. Não nos deixamos intimidar por frases como as dirigidas à vereadora eleita: “Agora só falta a gente m4t4r el4 [sic] e entrar o suplente que é branco”. Contudo, reforçamos que racismo é crime e deve ser punido como tal.

Vivemos em um momento em que o racismo, a xenofobia, e elementos fascistas têm sido explicitados de forma impune. Infelizmente entendemos que não se trata de um momento pontual, mas de elementos estruturais do capitalismo que fazem parte da exploração de classe. Trabalho escravo, proibição e limitação do acesso à terra fazem parte da história deste país, no passado e na atualidade. Estão expressos em fatos como, apesar das negras e negros representarem 55,8% da população brasileira, ainda são: ⅔ da população desocupada (desempregados/as e desalentados/as); tem 2,7 vezes mais chances de ser vítima de homicídio intencional; são somente 24,4% dos deputados e deputadas federais e 28,9% dos deputados e deputadas estaduais (dados do informe Desigualdades Sociais por Cor ou Raça no Brasil, IBGE, 2019).

Esses são tempos de fortalecer mais e mais a nossa unidade enquanto classe trabalhadora, e reavivarmos a luta dos que vieram antes de nós: de Zumbi dos Palmares a Tereza de Benguela, do Contestado a Canudos. Em todo território, em todas a épocas, a resistência nunca deixou de se articular e assim seguiremos.

Por isso companheira Ana Lucia, nós, trabalhadoras e trabalhadores rurais Sem Terra, nos colocamos ao seu lado neste enfrentamento. Entendemos que sua luta é parte da luta do povo negro. Que consiste na disputa pelos espaços institucionais de poder, mas que é mais ampla, pois integra a luta pela construção de uma sociedade livre de exploração e do racismo.

Vidas Negras Importam!
Fortalecer a luta em defesa da vida!

Novembro de 2020
MST – Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores Rurais Sem Terra