Campanha Natal Solidário: A magia do natal fluindo através do povo organizado

Campanha de doação de alimentos, além de comida, leva felicidade para moradores de Juiz de Fora
Durante a pandemia a campanha distribuiu alimentos, produtos de limpeza, higiene pessoal, além de mascaras e materiais de conscientização sobre o vírus. Foto: Dowglas Silva

Por Matheus Teixeira
Da Página do MST

A pandemia do novo coronavírus se alastrou por todo o Brasil, junto à crise sanitária, colocando novamente em evidencia o quão desigual são as condições de vida impostas pelo modelo de sociedade em que vivemos. Muitas pessoas perderam o emprego e possuem poucos recursos para matar a fome e garantir a subsistência de sua família.

Para ajudar a amenizar esses problemas, que afetam milhões de brasileiros, o MST junto ao Levante Popular da Juventude e o Coletivo Vozes da Rua, estão juntos na campanha Periferia Viva e seguem doando alimentos agroecológicos na Zona da Mata Mineira. Neste último sábado (1912) foram entregues mais de 1,5 toneladas de produtos da Reforma Agrária para 200 famílias nos bairros Santa Cândida, Vitorino Braga, São Benedito, Ipiranga, Nossa Senhora Aparecida, Vila Alpina e Vale Verde.

“Nós, enquanto juventude organizada de Juiz de Fora, temos que praticar cada vez mais o nosso papel social, lutar diariamente contra as injustiças e retrocessos que estamos vivendo em nosso país. É inaceitável que a periferia de Juiz de Fora não tenha o que comer”, afirma Luíza Travassos, da coordenação municipal do Levante Popular da Juventude.

Soma-se a campanha “Natal Solidário”, o Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH) Vitorino Braga, que realiza ações de conscientização com mulheres trans. As rodas de conversa promovidas pelo CRDH em parceria com o centro de referência LGBTQIA+ (CeR-LGBTQIA+), busca além de partilhar conhecimentos, conscientizar as mulheres trans dos seus direitos, meios de geração de renda e autonomia para os sujeitos. O Centro vem intensificando esse apoio às mulheres trans que na pandemia se encontram cada vez mais em situação de vulnerabilidade.

Os produtos doados foram adquiridos com o apoio de pessoas que acreditam na reforma agrária, se solidarizam com a campanha “Natal Solidário”, e entendem que a campanha teve como objetivo não só levar comida as famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade social ou que perderam o emprego na pandemia, mas levar também, um pouco de compaixão e esperança de que isso vai passar. As contribuições formam feitas através do site de vendas das cestas agroecológicas do MST-ZM, onde o contribuinte doava um valor que se convertia na compra dos produtos que foram entregues.

Protagonizam a campanha o MST, Levante Popular da Juventude e o Coletivo Vozes da Rua. Foto: Dowglas Silva

“Estamos desenvolvendo esse trabalho ao longo do ano inteiro, pois sabemos que a situação da fome em Juiz de Fora é cada vez maior. A pandemia só colocou em evidencia e intensificou o que a gente já sabia. Essa ação dos movimentos organizados na cidade vem ajudando a garantir que nosso povo não morra nem de vírus nem de fome. Esses gestos são capazes de contribuir pra gente mudar esse cenário”, diz Mohammed Silva, integrante do coletivo Vozes da Rua.

Natal Solidário

O “Natal Solidário” é uma ação que integra a jornada nacional de lutas do MST por Terra, Teto, Trabalho e Reforma Agrária Popular, e está dentro das ações desenvolvidas pela campanha Periferia Viva, que surge logo após o inicio da quarentena, em março de 2020, com o objetivo de manter vivo os moradores das comunidades para que não morram pelo vírus ou de fome.

Durante esse período de quarentena a campanha distribuiu alimentos, produtos de limpeza, higiene pessoal, além de mascaras e materiais de conscientização sobre o vírus e a pandemia. Em Juiz de Fora já foram distribuídas mais de 3 toneladas de alimentos às famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade social.

Dowglas Silva, da coordenação regional do MST, conta que em Minas Gerais já foram doadas mais de 20 toneladas de alimentos além de centenas de kits de limpeza. “O povo Sem Terra, é um povo solidário que sabe o quão difícil está sendo enfrentar a pandemia e garantir minimamente o isolamento social. Não tem como nos calarmos enquanto nossos irmãos choram de barriga vazia nas periferias da cidade”, explica.

Ele afirma ainda que o MST segue firme na luta em defesa da vida, da terra, trabalho, do território, da Reforma Agrária Popular e que o MST não retrocederá nenhum passo na luta pelos direitos do povo trabalhador.

*Editado por Wesley Lima