Rede de Bibliotecas Populares recebe doações de livros de acervo pessoal de Teresa Campello

Família se solidariza com as campanhas de doações de livros do Mãos Solidárias e doa acervo pessoal em homenagem póstuma

Rede de Bibliotecas Populares, Armazém do Campo Recife. Foto: Acervo MST-PE

Por Lays Furtado
Da Página do MST

Neste fim de semana, diversos livros chegaram à biblioteca localizada no Armazém do Campo Recife-PE, onde serão selecionados e distribuídos entre as bibliotecas populares apoiadas. O projeto faz parte da iniciativa da Campanha Mãos Solidárias, que tem o apoio do MST e da Editora Expressão Popular.

“O acervo de livros de Maria Teresa de Mello Barreto Campello (1944-2014) que chega ao MST é parte de sua biblioteca pessoal. Essa biblioteca representava bem os interesses interdisciplinares dela, com formação em psicologia, com muitos exemplares de filosofia, história cultural, educação, política”, menciona Renata Cabral, sobrinha de Teresa e doadora do acervo.

Em informações divulgadas pela família de Teresa Campello, até então responsáveis pelo acervo, acreditam que a doação é uma forma de homenagear sua ente querida, que como professora e artista manteve sua contribuição humanitária, educativa e de apelo social  durante sua trajetória de vida.

Biografia e acervo

Segundo a divulgação feita por sua família, Teresa Campello foi professora do curso de psicologia na UFPB e referência importante para o Centro de Pesquisa em Psicanálise e Linguagem (CPPL) em Recife. Aposentada pela Universidade, contribuiu com o Centro Suvag de Pernambuco,onde juntamente com Liliane Longman criou o curso de pós-graduação em Estudos Surdos, construindo importantes reflexões a partir do núcleo de pesquisa “Memórias Surdas, Memórias de Surdos”. 

Em 2015, o Suvag a homenageou reproduzindo suas obras de cerâmica na série “Agenda”, que Teresa Campello ajudou a criar. Lá, consta a seguinte homenagem a ela:

“Teresa Campello foi uma personalidade simples e múltipla, caracterizada por uma inteligência criativa, aguda percepção da realidade e generosidade. Como artista, não foi diferente. Inspirada e provocada por seus mestres Joelson e Romero de Andrade Lima, desenvolveu trabalhos em cerâmica e pintura com sua marca própria. No Suvag, inovou com o teatro e criou junto aos surdos o Ponto de Cultura Surda Vozes Visuais, focando no Olhar e na ‘tradução visual’ dos surdos, na produção audiovisual, cultural e histórica do grupo. Coordenou em 2013/14 o Pictolibras – projeto aprovado pelo Funcultura.”

Com seu falecimento, sua biblioteca permaneceu intocada até a venda da casa que a abrigava. A biblioteca foi dividida entre os familiares. A parte que chega ao MST esteve sob a guarda de uma sobrinha, Renata Cabral, arquiteta, professora universitária, que fez a escolha do local de doação, entendendo que sua tia ficaria feliz pelo potencial transformador que os livros podem ter nessa nova casa. “O conhecimento pelo conhecimento não a interessava. Ela gostava de transformar, desconstruir paradigmas, lançar novos e provocadores olhares, ver o fortalecimento de grupos marginalizados, a partir de dentro”.

Informações para doações

A iniciativa lançada pela Rede de Bibliotecas Populares nasceu em setembro  do ano passado, durante a pandemia. E deve continuar fomentando círculos de leitura e a formação de Agentes Populares da Educação entre as comunidades urbanas e rurais.

Foto: Acervo MST-PE

Para fazer sua doação diretamente pelo site da Editora Expressão Popular

Ou presencialmente no Armazém do Campo Recife, espaço sede da Biblioteca Popular Paulo Freire:
Av. Martins de Barros – Santo Antônio, Recife – PE, 50030-230
Contato: (81) 9300-8467 – Paulo Henrique

*Editado por Fernanda Alcântara