Curso de Formação

Curso debate segurança digital e saúde mental das LGBT do MST

"Tecendo teias coloridas" traz reflexões LGBT nas redes, consciência política e autocuidado

Coletivo Nacional LGBT do MST realiza curso de formação online. Foto: Divulgação MST

Da Página do MST

Estão abertas as inscrições para o curso de formação “Tecendo teias coloridas de segurança digital e saúde mental das LGBT do MST”. Realizado pelo Coletivo Nacional LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) do MST, o curso será voltado ao conjunto da militância e ocorre entre os dias 25, 26 e 27 de fevereiro de 2021, das 9h às 12h00 (Horário de Brasília) .

Alessandro Mariano, do Coletivo LGBT Sem Terra, ressalta a importância dessas discussões na esferas de segurança digital e saúde mental na atualidade. Segundo ele, hoje temos a impressão que existem dois mundos: o real, em que lidamos com a materialidade, e o mundo virtual (internet), ao qual nos conectamos por meios de cabos, satélites, ondas de rádio, mediados por uma tela de celular, computador ou outro dispositivo eletrônico. Dedicamos boa parte de nosso tempo às redes sociais, mas estes dois mundos estão conectados, se fundem e refletem as contradições que vivemos no capitalismo extremamente desigual.

“Por isso, a importância de compreender a internet como um grande latifúndio, com meia dúzia de proprietários, que vendem dados, colhem informações, controlam ações e moldam comportamentos. Além dos diversos problemas causados pelos interesses econômicos que envolvem esse espaço, diversos estudos têm demonstrado uma articulação entre o uso das redes sociais e transtornos mentais como a depressão e ansiedade. Por isso, organizamos um curso que une dois temas: a segurança digital e a saúde mental das LGBTs, que são temas que se relacionam diretamente neste contexto”, afirmou.

Segundo Mariano, o curso foi criado na perspectiva de avançar no debate da superação das desigualdades, mas também das violências que atingem as LGBTs, mulheres, e negros, que sofrem com a marginalização e o preconceito no país, que registra mais casos de feminicídios e assassinatos de LGBT no mundo.

Pandemia

Nesse contexto de pandemia, encontramos nas redes sociais um espaço para comunicação, mobilização e até refugio da situação de isolamento social, lembra Mariano. Existe uma ideia de liberdade, pois como instrumento de comunicação podemos postar mensagens, fotos, notícias, ter relacionamentos amorosos e também interagir com comentários, críticas, opiniões e nos posicionar sobre diversos assuntos.

“Muitas vezes as LGBTs se tornam alvos de discursos de ódio e de violência LGBTfobicas, que nos atingem diretamente. Os comentários atacam nossa raça, etnia, nossa orientação sexual e identidade de gênero, nossa posição politica. Nesse sentido, precisamos compreender as tecnologias e o mundo digital como elementos que devemos nos apropriar conscientemente, pois ela é um espaço em disputa, que avança na democratização da informação, mas que também amplia a divulgação de mensagens conservadoras, fascistas e LGBTfóbicas.”

Para Mariano, é preciso relembrar que o mundo digital não é neutro, e a internet pode contribuir em promover mudanças sociais ou servir ao status quo. Porém, ele chama atenção para a necessidade de aliar a nossa atuação na redes com as lutas concretas deste período, como a defesa da vacina, o impeachment de Bolsonaro, e a luta contra a LGBTfobia.

“Sabemos que as redes sociais como espaço de interação e sociabilidade podem ser instrumentos de formação, organização e luta, aliada as lutas concretas como ocupação de terra, organização de assentamentos, mobilização e marchas”, pontua o militante.

A expectativa para o curso “Tecendo teias coloridas de segurança digital e saúde mental das LGBT do MST” é a reflexão sobre as potencialidades em ocupar as redes sociais e os limites de utilização desta ferramenta de cunho privado. “Vislumbramos dois desafios para nos LGBTs em relação à segurança digital. O primeiro é a luta pela garantia do direito de acesso à internet e ao conjunto de suas ferramentas para comunicação, que nas diversas regiões do Brasil são limitadas e a maioria da população do campo e periféricas tem acesso a internet por dados moveis. Isso além de ter um alto custo, restringe o acesso as redes sociais e aplicativos”, explica Mariano.

O outro desafio, segundo Mariano, é a segurança digital e o combate a criminalização dos indivíduos LGBTs e dos movimentos sociais desse campo. “Queremos acessar essas redes com a garantia da privacidade e a proteção contra ataques LGBTfóbicos. E em relação a saúde mental, queremos construir uma rede de afeto e autocuidado das LGBTs no período da pandemia, para nos fortalecer em relação a solidão, depressão e violências LGBTfóbicas, pois queremos uma sociedade onde todas as existências e formas de ser e amar sejam legitimas, respeitadas, asseguradas no mundo real e virtual onde existimos, resistimos nestes tempos difíceis”, concluiu.

Serviço

Inscreva-se aqui!

Confira a programação:

Dia 25/02 das 9-12h

Análise de Conjuntura (Kelli Mafort MST/SP)

Organicidade e Desafios da Pauta LGBT no MST (Thais Paz-MST/RJ)

Dia 26/02 das 9-12h

Segurança digital: Ocupando as redes com close, luta e consciência política (Aline e Maria Lab)

Dia 27/02 das 9-12h

Autocuidado e saúde mental das LGBT (Paula- Rede de Psicólogos)

Apresentação da proposta de sessões de autocuidado das LGBT Sem Terra.

*Editado por Solange Engelmann