Comunicação e Resistência

MST realiza Plenária de comunicação em defesa da Reforma Agrária

Participantes reafirmam o papel político e central da comunicação, nas lutas unitárias dos movimentos populares e do campo progressista
Assembleia das Comunicadoras e Comunicadores Populares na Marcha Lula Livre. Foto: Matheus Alves

Por Solange Engelmann
Da Página do MST

Com a intenção de debater a comunicação em tempos de resistência e analisar a conjuntura da comunicação popular dos movimentos sociais brasileiros nesse cenário, na tarde desta sexta-feira (26), o setor de comunicação do MST realizou a Plenária das Comunicadoras e Comunicadores em Defesa da Reforma Agrária.

Durante a plenária online, que reuniu cerca de 50 pessoas, também foi lançado o novo site do MST. Estiveram presentes comunicadores e comunicadoras de movimentos populares de luta pela terra, como do MST, das mulheres, entidades indígenas e negras, dos direitos humanos e de partidos de esquerda como o Partido dos Trabalhadores (PT) e Partido Socialismo e Liberdade (PSOL).

Vários participantes reforçaram o papel político e central que a comunicação dos movimentos populares tem nesse momento, de contribuir no debate de ideias e no desenvolvimento de estratégias para a unidade da luta de classes em torno das lutas prioritárias da Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo, como da vacina para todos, o auxilio emergencial e o Fora Bolsonaro!

Ceres Hadich, da Direção Nacional do MST. Foto: Divulgação MST

Ceres Hadich, assentada da Reforma Agrária no Paraná e da Direção Nacional do MST, reafirmou a necessidade de entender a comunicação como um campo de luta política central na batalha das ideias e na pauta da Reforma Agrária, como um projeto alternativo para o país. “A comunicação está na ordem do dia para discutir a alternativa do projeto de Reforma Agrária Popular do MST, como um projeto para sociedade brasileira, demonstrando que não há conciliação entre os projetos de agricultura do agronegócio e da agricultura camponesa”.

Segundo ela, na luta de classes é preciso deixar claro o antagonismo entre o projeto popular de Reforma Agrária e o projeto agroexportador e explorador do agronegócio. “No campo a luta de classe se dá em três dimensões, na batalha de projetos, na disputa de territórios, com a ocupações dos territórios e na disputa cultural, de um novo jeito de se organizar, e viver a vida em comunidade nos assentamentos”, aponta.

Helena Martins, professora da UFC e integrante do Intervozes. Foto: Divulgação MST

Portanto, o contexto de pandemia internacional do coronavírus, aliado ao avanço das tecnologias da comunicação e informação insere outros temas centrais na luta da comunicação e disputa das narrativas dos movimentos populares. Para Helena Martins, professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) e integrante do Intervozes, com o aprimoramento dessas tecnologias e a pandemia há um aprofundamento das desigualdades sociais, com o capitalismo informacional, que perpassa a exploração para o espaço de rede.

“Há um fortalecimento da centralização e concentração dos monopólios de comunicação, agora digitais, que vem reconfigurando o modo de vida, com novas tendências e contradições do sistema capitalista, que passa a usar essas tecnologias para piorar e precarizar as condições de trabalho e ampliar a vigilância sobre as pessoas. Levando o controle para um outro patamar, pois busca promover um controle de corpos e mentes”, argumenta.

Diante disso, Helena reforça a necessidade de ampliar a agenda em relação ao tema e disputar de forma criativa e coletiva os rumos dessas tecnologias na sociedade atual. “Não podemos negar a tecnologias, mas disputar o uso das tecnologias na sociedade em todos os espaços e formas de luta. Para isso, é necessário ter acesso a essas tecnologias, para repensar o uso delas a partir dos propósitos dos trabalhadores. Temos que intervir nesse espaço, tentando ocupar e disputar sentidos em relação a esse mundo em rede”, afirma.

Plenária discute comunicação em tempos de resistência. Foto: Divulgação MST

Ao mesmo tempo, Ceres também destaca a importância de qualificar e profissionalizar a comunicação popular Sem Terra nas várias dimensões e plataformas, e por outro lado, também considera fundamental a massificação da comunicação. “Tornando todo e toda Sem Terra um e uma comunicadora popular para disputar a narrativa da Reforma Agrária nos territórios e a hegemonia na batalha das ideias”, convoca.

Lançamento do novo site do MST

Relembramos a história de criação do site do MST, que foi ao ar em 1997 e teve o início de seus debates em 1996 em torno da necessidade de ocupação e disputa da internet pelos trabalhadores dos movimentos populares. Ao final da plenária, Wesley Lima, da coordenação nacional do setor de comunicação do MST, lançou a nova versão do site, que ficou pronta no início deste ano.

Ao longo dos anos o site do Movimento vem se consolidando como instrumento importante e porta-voz do MST no diálogo com a sociedade. E se torna referência no espaço publico no debate sobre a luta pela terra e a Reforma Agrária. Nesse sentido, Lima ressalta que o novo site do MST atua como uma plataforma fundamental na construção do sistema Sem Terra de Comunicação e chama atenção para o seu papel como instrumento político.

“A nova plataforma, traz dimensões importantes, como contribuir na compreensão da comunicação como expressão política da luta e concreta pela Reforma Agrária e ser o fio condutor, como agente informativo, dando unidade nacional e política em torno das lutas e colaborando na construção da identidade Sem Terra dos trabalhadores e trabalhadoras do MST”, conclui o comunicador.

*Editado por Fernanda Alcântara