Mulheres em Luta

Mulheres do MST denunciam a fome gerada pela Camil e exigem Fora Bolsonaro

Atos fazem parte da Jornada de Lutas pelas Mulheres do Movimento dos Sem Terra em São Paulo
8 de Março em São Paulo. Foto: Renata Adriana

Da Página do MST

Na tarde de hoje (08), mulheres do MST fazem uma ação simbólica em São Paulo (SP), próximo ao metrô Butantã, no Eldorado Business Tower, denunciando que a pandemia do vírus vem junto com a pandemia da fome, tramada por Bolsonaro e seus comparsas do agronegócio como a empresa Camil.

A ação dialoga com as duas ações que denunciaram a mesma empresa em suas sedes no interior e na capital do estado e fazem parte da Jornada de luta do 8 de março, que tem como lema “Mulheres Pela Vida, Semeando Resistência Contra a Fome e as Violências”.

Em intervenção simbólica, as mulheres apresentaram elementos da disputa entre o projeto de morte do agronegócio e o projeto de vida da Reforma Agrária Popular. Ao final da ação, foram distribuídas cestas com alimentos saudáveis produzidos por famílias assentadas e acampadas na Grande São Paulo.

A saída pra fome do povo é a Reforma Agrária popular! Fora Bolsonarao pra salvar vidas.

Camil e Bolsonaro: lucros às custas da fome

Comida virou mercadoria nas mãos do agronegócio e, apesar de comercializarem um alimento necessário à sobrevivência humana, seguem o impulso daquilo que é mais vantajoso, como ficou evidente na pandemia, na qual tivemos um significativo aumento no preço dos alimentos, gerando inflação sobre alguns itens, e um record de exportações devido à desvalorização da nossa moeda e alta do dólar. Os conglomerados alimentares preferem exportar e receber em dólar do que abastecer o mercado interno.

O governo desmantelou estoques públicos reguladores de alimentos, destruiu a CONAB e acabou com políticas públicas de apoio a agricultura camponesa. Foram as trabalhadoras e os trabalhadores que pagaram a conta do aumento do preço dos alimentos, somado a elevação do preço do gás de cozinha e dos combustíveis. Sem auxilio emergencial, 65 milhões de brasileiras e brasileiros estão abandonados, enfrentando uma dura realidade: 14 milhões de desempregados, 6 milhões deixaram de procurar emprego, 40 milhões vivem de bico e 84 milhões estão em insegurança alimentar.

Empresa vai bem e o povo de barriga vazia

A Camil se originou no Rio Grande do Sul com a família Quartiero e hoje possui 12 plantas no Brasil, 3 no Chile, 2 no Peru, 9 no Uruguai e 1 na Argentina. Comercializa arroz, açúcar, feijão e pescado, com mais de 50 países. Comprou diversas empresas, entre elas a SLC, em 2018, uma outra gigante do mercado de alimentos que atua principalmente no bioma do Cerrado, comprando, arrendando e incorporando terras, num esquema que deixa um rastro de conflitos com os povos e destruição ambiental.

De setembro de 2019 a setembro de 2020, as ações da empresa valorizaram 92%. Enquanto isso, o número de famintos passou de 10,3 milhões em 2018, para 15 milhões, segundo o Banco Mundial.

A concentração da fortuna da Camil se ergue sobre os alimentos, mas a empresa não produz um único pé de arroz. Ela se vale da exploração sobre os pequenos e médios produtores, atuando no processamento, empacotamento e na logística de distribuição e exportação.

Em 2015, um trabalhador da empresa foi soterrado em um silo de armazenamento de grãos. Entre 2009 e 2020 foram 125 mortes nas empresas do ramo, por sufocamento em silos de grãos e esse número pode ser bem mais elevado por conta da subnotificação.

As mortes em silos também são causadas por inalação de susbstância tóxica devido a fermentação dos grãos e cereais, ou mesmo por explosões que ocorrem dentro do aramazenamento.

Apesar de ter aberto seu capital em 2017, a família Quartiero é a grande dona e responsável pela Camil. Em 2010 foi a principal doadora da campanha de Paulo César Quartiero, eleito como deputado federal.

Paulo César Quartiero integrou a bancada ruralista e possui extensa ficha criminal. O deputado ficou conhecido nacionalmente durante o processo de desocupação da reserva indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, como um dos arrozeiros que questionavam a demarcação contínua da área e na época chegou a ser preso por poucos dias.

Quartiero está relacionado à grilagem de terras para produção de arroz na Ilha do Marajó, e também está envolvido com uma invasão à missão religiosa do Surumu, em Roraima, em janeiro de 2004, onde foram sequestrados três padres.

Mulheres Pela Vida, Semeando Resistência

As mulheres seguem em luta por direitos, pela Reforma Agrária e exigindo: Vacinação Já!, Volta Auxílio e Fora Bolsonaro!

“Barriga vazia, fala mais alto, desce o morro, destrói o patriarcado”.