Mulheres em Luta

MST na Bahia realiza plenária virtual de Mulheres, plantio de árvores e doação de alimentos

Com ações formativas, de recuperação da biodiversidade e solidariedade, além de atos Fora Bolsonaro, as Mulheres Sem Terra iniciaram Jornada Nacional de Lutas no estado
Jornada Nacional de Luta das Mulheres na Bahia. Foto: MST Divulgação

Por Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

Nesta segunda-feira (8), a Bahia foi marcada por atos de solidariedade, preservação e recuperação da natureza, e debates por meio de plenária virtual, para discutir o tema: “Mulheres pela vida semeando resistência, contra a fome e as violências”. As atividades ocorrem entre os dias 08 a 14 de março, como parte da Jornada de Luta das Mulheres, que o MST realiza em todo o país.

Como quem semeia a resistência, as mulheres plantaram mais de 3.385 mudas de árvores e doaram cerca de 20 toneladas de alimentos, em todas as regiões do estado.

Plenária virtual de Mulheres

Plenária virtual das Mulheres Sem Terra, na Chapada Diamantina. Foto: Divulgação MST

Na Chapada Diamantina, as companheiras Sem Terra plantaram árvores e, no período da tarde, realizaram uma plenária virtual para discutir temas como a crise sanitária, intensificada pela efetivação da política genocida do governo Bolsonaro, o desmonte de direitos da classe trabalhadora que atinge toda população. E como o impactos dessas políticas na vida das mulheres, camponeses e camponesas, negros e negras, Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBTs), povos de terreiro e demais grupos vulnerabilizados têm sido ainda mais perverso.

Durante a plenária, a companheira Elizabeth Rocha, militante do MST na Bahia, citou que não há uma sensação de comemoração. Para ela, esse 8 de março, é um momento de resistir, como tem sido os últimos tempos. “Um momento de resistir a perda de direitos, resistir à violência, resistir ao machismo, resistir ao sexíssimo, resistir a tudo que nos oprime. Mas não só resistir, como também avançar”, ressalta.

Segundo Elizabeth, o período é de semear a resistência de se preparar para os próximos momentos de luta que virão. “É o momento da rebeldia, é o momento de mostrar a cara, é o momento de enfrentamento, e mesmo que nesse momento, a gente não possa fazer isso da forma que sempre fez, que é ir para as ruas, é colocar o nosso lenço no rosto, é pegar o nosso facão, e ir para a ocupação de terra, ir para a ocupação dos órgãos, mas temos como fazer isso nos organizando”, afirma.

Já para a companheira Lucineia Durães, da Direção Nacional do MST na Bahia, ao realizar uma análise de conjuntura sobre o momento atual, falou sobre a crise econômica, sanitária, ambiental, e política que vivemos. “O que estamos vivendo hoje é resultado de um conluio que foi feito das elites brasileiras para derrotar o neodesenvolvimentismo, um projeto de governo que a gente viveu nos governos de esquerda, que foi de fazer algum tipo de distribuição de renda”, declara.

De acordo com Lucineia, esse conluio para derrotar o neodesenvolvimentismo, extrapolou e prejudicou definitivamente não só a economia, mas especialmente a democracia, porque proporcionou o assenso da extrema direita, e colocou no poder um presidente que não tem responsabilidade com o povo brasileiro. “Mas isso não é um projeto individual, é importante que a gente saiba que esse é um projeto da extrema direita, um projeto de irresponsabilidade e descuidado com o povo brasileiro”, argumenta ela.

A Dirigenta Nacional do MST, também comentou sobre o encolhimento da economia e o pior momento da pandemia no país. Segundo ela, a falta de uma política séria de proteção da população e de produção de comida, provocou uma crise econômica, que se agravou com a pandemia da covid-19, e colocou novamente o Brasil no mapa da fome. “As mortes têm aumentado devido a irresponsabilidade do governo, que não investe em vacinas e incentiva o povo a se aglomerar”, denunciou Lucineia.

A atividade contou com a participaram individual e de grupos coletivos, de cerca de 200 companheiras, entre elas, várias lideranças progressistas do cenário social e político do estado. As mulheres debateram sobre o aumento da fome e das violências, cobraram vacinação já e a volta do auxílio emergencial, com crédito emergencial para Agricultura Familiar. E reafirmaram a importância de lutar pelo Fora Bolsonaro!

Atos de solidariedade e plantio de árvores se espalharam pelo estado

No Extremo Sul do Estado, o dia foi marcado por atos de solidariedade. As Mulheres Sem Terra organizadas na Brigada Joaquim Ribeiro, realizaram doação de alimentos para o Lar do Idoso no município de Alcobaça. Em Eunápolis, Mulheres organizadas pela Brigada Elias do Paraná doaram alimentos à Casa de Apoio à Criança e ao Adolescente, que atende crianças e adolescentes em situação de violência e, ao Recanto dos Idosos, em que, ao todo foram beneficiados 23 idosos. Além do Centro Pop, que atende moradores em situação de rua. Mais de 4 toneladas de alimentos, produzidos em territórios Sem Terra foram doadas em Eunápolis.

Em Itamaraju, agricultoras Sem Terras da Brigada Olga Benário realizaram doação de alimentos a Creche Arco Íris no município. Foram doadas cerca de 2.000 toneladas entre mandioca, abóbora, banana, alfaces, mamão e cana. 

No município de Itabela, as Mulheres Sem Terra da Brigada Chê Guevara realizaram a distribuição de cestas agroecológicas em bairros periféricos do município. Foram doadas cerca de 4.000 toneladas de alimentos, entre mandioca, abóbora, banana alfaces, cacau e mamão. Além de cafés da manhã coletivos, servidos em homenagem as mulheres em áreas de assentamentos e acampamento do município.

Em Itabatã, as mulheres organizadas na Brigada Aloísio Alexandre doaram 2.000 toneladas de alimentos ao Hospital São José, e no assentamento Zumbi, em Mucuri as mulheres realizaram um café coletivo. As mulheres da Brigada Nelson Mandela, realizaram a doação de cerca de 3.000 toneladas de alimentos ao Lar dos Idosos, no município de Medeiros Netos. E no acampamento Hugo Chaves, também em Medeiros Neto, as companheiras realizaram um ato de formação e, logo depois, preparam uma roça para produção de alimentos saudáveis.

Jornada Nacional de Luta das Mulheres na Bahia. Foto: MST/Divulgação

Na Regional Chapada Diamantina, as mulheres plantaram 1.790 mudas de árvores. O plantio ocorreu em Assentamentos organizados por meio das Brigadas Dorothy, Maria da Glória, Valdete Correia, Zacarias e Brigada Fábio Santos.

Cantando e gritando “Fora Bolsonaro”, as companheiras plantaram árvores nos Assentamentos Boa Nova, município de Cafarnaum, no Assentamento 19 de Março e Nova Suíça, em Tapiramutá. Além, do Pré-assentamento Margarida Alves, no município de Andaraí, Baixão em Itaetê e Encanto das Águas, no município de Lajedo do Tabocal.

No Sudoeste da Bahia, os atos de solidariedade ocorreram no município de Vitoria da Conquista. As Mulheres Sem Terra realizaram doações de cerca de 2 toneladas de alimentos, no bairro Bruno Bacelar e na Casa do Menor, no município.

Já na Regional Baixo Sul, as mulheres do MST, organizadas nas Brigadas Costa do Dendê, O’jefferson Santos e Dandara, sob o lema: “Marielle Vive! ”, realizaram plantios de diversas árvores. No município de Iguaí, organizadas na Brigada Pedro de Almeida, como símbolo de resistência, as companheiras realizaram o plantio de 120 mudas de árvores.

Jornada Nacional de Luta das Mulheres na Bahia. Foto: MST/Divulgação

Na Regional do Recôncavo baiano, mulheres do Assentamento Nova Suíça organizam um ato de plantio de árvores e reafirmaram a necessidade do Fora Bolsonaro!

E na Regional Norte, como símbolos de luta e resistência, representado por cada muda plantada de árvore, as mulheres das Brigadas Egídio Brunetto, Sertão e Pau de Colher realizaram um plantio com 1.475 mudas de árvores nativas e frutíferas como o início da Jornada Nacional de Luta. Os plantios aconteceram nos assentamentos Nelson Mandela em Ponto Novo, e Estrada da Liberdade em Campo Formoso, Antônio Guilhermino em Sento Sé, e São José em Casa Nova.

Na Regional Nordeste da Bahia, as ações começaram na última sexta-feira (05/03), em que as mulheres doaram três toneladas de alimentos e trezentos litros de leite para a população carente do município de Santa Brígida, e no sábado, organizaram a construção de hortas agroecológicas no Assentamento Bom Jardim. As camponesas plantaram ainda árvores no Assentamento Maria Bonita. E no Assentamento São José foi realizada a construção de hortas medicinais.

Já na Regional Sul do estado, nesta terça-feira (09), as Mulheres realizaram a doação de cerca de 5 toneladas de alimentos, no bairro Bananeira, no município de Itabuna.

Até o próximo dia 14 estão programadas diversas ações em todo o estado. As mulheres Sem Terras seguem a espalhar solidariedade, lutar pela vida, em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), por vacina para todas as pessoas, o cuidado com a natureza e a semear a resistência contra a fome, e todas as formas de violências!

*Editado por Solange Engelmann