Produção

MST inicia colheita de soja orgânica no Mato Grosso do Sul

Famílias estimam colher mais de 40 toneladas este ano
No estado a produção é feita por 16 famílias em seus lotes nos assentamentos Itamarati e Ernesto Che Guevara.
Foto: Noemi Pacheco

Da Página do MST

Os assentamentos do Mato Grosso do Sul iniciaram neste ano um projeto com a duração de cinco anos com as famílias assentadas no MST. A iniciativa combate às formas de produção do agronegócio, produzindo soja orgânica em cerca de 14 hectares de terra no assentamento Itamarati.

Na safra 2020/2021, os camponeses e as camponesas estimam colher mais de 40 toneladas de soja orgânica. Uma média de 700 sacas do produto.

Historicamente, o agronegócio e seu modelo de produção é forte em todo o país, por conta da articulação com o poder econômico, político e cultural. Na região Centro-Oeste, essa articulação tem se intensificado nas áreas de assentamentos.

Na contramão desse modelo, o MST tem apresentado a importância do combate ao modelo de produção do agronegócio, apontando alternativas com a produção de soja orgânica em nossas áreas.

“A antiga fazenda Itamarati, que pertencia a um único dono até 2001, era considerada a maior produtora de soja, porém as principais informações não eram divulgadas, como o alto custo para a população e ao meio ambiente. Olacyr de Moraes [antigo dono] ficava com o Lucro, com as lavouras e as estruturas financiadas com recursos públicos. Sem contar, que milhares de litros de agrotóxico eram despejados na natureza”, denuncia José Josceli, do setor de produção do MST no MS, mais conhecido como Garganta de Ouro.

Garganta também aponta que hoje são milhares de famílias que vivem e tiram da terra seu próprio sustento, sem o investimento do Governo, sem acesso a políticas públicas, sem infraestrutura, sem estradas. Mesmo gerando renda, o governo não consegue custear se quer um projeto de Agroindústria. E durante a pandemia continua investindo nas grandes empresas.

“O MST está provando a todo o momento que a saída para acabar com a fome e a pobreza é fazer a Reforma Agrária Popular. Não podemos perder de vista a luta dos Movimentos, das famílias para a conquista desta Terra e a produção de alimentos saudáveis”, explica o dirigente.

Referência no combate a pandemia

O MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina e fez doação de toneladas de alimentos mesmo durante a pandemia.

Nesse sentido, o Governo Federal deve garantir um plano de investimento na produção de alimentos e auxílio à agricultura familiar que produz mais 70% dos alimentos consumidos. “Nesta pandemia, estamos mostrando à sociedade o quanto as famílias assentadas estão produzindo. O MST já fez doação de mais de 500 toneladas de alimentos para a população periférica do Brasil.”

“Mesmo considerando todas as dificuldades, falta de investimento e incentivo, continuamos provando que a Reforma Agrária é a solução. Temos a obrigação de buscar alternativas para produzir alimentos de qualidade, cuidar da natureza, cuidar das sementes e estabelecer relações de respeito com a vida”, finaliza Garganta.

*Editado por Wesley Lima