Mulheres em Luta!

Mulheres Sem Terra espalham aromas de março pelo Pará

Ações simbólicas foram realizadas durante toda a semana, de 06 a 14 de março
Ações simbólicas de Jornada das Mulheres Sem Terra espalharam os aromas de março pelo estado. Foto: Pamela Carneiro

Por Viviane Brigida e Nieves Rodrigues
Da Página do MST

Março é marcado pela expressividade da luta das mulheres do MST por todo o país. No Pará, em meio ao agravamento da pandemia da covid-19 e os novos decretos de medidas de segurança as tradicionais marchas e encontros não puderam ser realizados para evitar aglomerações e propagação da nova cepa do vírus, mas várias ações simbólicas foram realizadas durante a semana, de 06 até 14 de março.

As Mulheres Sem Terra espalharam os aromas de março pelo Pará, reunidas em conjunto com outras organizações do campo e da cidade para denunciar as diversas formas de violências que tem se agravado durante a pandemia, defender a vida, o Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina para todos e o fora Bolsonaro e Mourão.

Em Belém, a Frente Feminista do Pará completou 10 anos de construção coletiva das atividades do 8 de março com o lema “Pela vidas das mulheres e territórios, fora Bolsonaro e Mourão!”.

Arte: Frente Feminista PA

Neste domingo (14), as atividades da Jornada de Lutas se encerram com o Festival Virtual: Pela vida das mulheres e territórios, organizado pela Frente Feminista no Pará, em memória a Marielle Franco. Foi um momento com apresentações culturais, dança, poesias de renovação e partilha da articulação feminista. O evento foi transmitido pela página da Frente Feminista no Facebook.

Já na manhã de domingo de 07 de março, as mulheres realizaram exposição e gravaram uma vídeo-intervenção chamada “pés que não mais caminharão”, como forma de denúncia ao feminicídio, lançado nas redes sociais no dia 8 de março. Na manhã da segunda (08), a capital do estado amanheceu tomada por faixas com as pautas deste ano.

No acampamento Terra cabana, localizado no município de Benevides, nordeste paraense as mulheres organizaram um café coletivo, com estudo, marcha pela comunidade e intervenção na frente do acampamento, para denunciar as ameaças de despejo em plena pandemia e finalizaram com o plantio de árvores de espécies frutíferas da Amazônia.

Pelo sudeste paraense na cidade de Marabá, as vozes das mulheres ecoaram pelos quatro cantos da cidade denunciando o descaso com o hospital materno que atende o município e região, e afeta a vida das mulheres e crianças recém nascidas. A defesa do SUS, das Casas de Terreiro, a denúncia no aumento dos feminicídios e pelo Fora Bolsonaro estiveram presentes na pauta das mulheres este ano.

Para além das vozes que ecoaram através de carros de som, faixas foram colocadas nos 4 núcleos da cidade e realizado a participação em live com diversas organizações, articuladas pelo Conselho Municipal da Mulher de Marabá. As ações foram construídas coletivamente com as organizações: Sindicato dos Bancários, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Sindicato dos Docentes da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (SINDUNIFESSPA), Coletivo Juntas, Levante da Juventude, Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), Madalenas-Tuíra, Instituto Zé Cláudio e Maria e GAC São Félix.

As crianças também se organizaram juntamente com as mulheres no Acampamento Helenira Resende, que realizou um café da manhã coletivo e uma marcha até a pista que dá acesso a BR155, para fixar as faixas da jornada. As camponesas também se mobilizaram contra as ameaças de despejo e, ao do lado, no acampamento Hugo Chávez, as mulheres se organizaram para semear a resistência na horta coletiva da comunidade.

Mulheres do acampamento Helenira Resende realizaram café da manhã coletivo e marcha simbólica. Foto: Wildianei Gomes

Pensar na defesa da vida é pensar também no cuidado para com o outro e mais uma vez, as mulheres do Coletivo Intimidade com a Terra, do Assentamento 17 de Abril, realizaram a doação de sabão e reforçaram os cuidados para não contrair o coronavírus. Uma audiência com a prefeita do município de Eldorado do Carajás também foi realizada para apresentar as pautas das mulheres.

Mulheres do Assentamento 17 de Abril organizam doação de sabão e audiência com a prefeita de Eldorado do Carajás. Foto: Coletivo Intimidade com a terra

As Sem Terra do coletivo de Mulheres 25 de Julho, do Acampamento Dalcído Jurandir também realizara faixaços e reunião na manhã do 08 de março. Através das telas, as mulheres puderam se encontrar de forma virtual, na plenária estadual onde a mística dos encontros passados trouxe presente a força do 8 de março, possibilitando a troca de reflexões, cuidados com as companheiras e com os territórios. Até este domingo (14), as atividades internas nos territórios continuaram com o plantio de árvores e implantação de viveiros.

Mulheres Sem Terra mobilizadas do Coletivo 25 de julho. Foto: Coletivo 25 de julho

Na última sexta-feira (12), as mulheres Sem Terra do Acampamento Olga Benário no município de Acará, realizaram atividade de formação. Num grande partilhar, as mulheres puderam falar de suas vivências e lutas diárias. Elas lembraram de Olga Benário, grande revolucionária no mundo e de todas as mulheres presas políticas.
 

Camponesas do Acampamento Olga Benário participam de formação. Foto: Coletivo de Mulheres Olga Benário

“Muitas são nossas prisões, por todas as presas políticas no mundo e todas as mulheres que possamos lutar todos dias por todas nós até que sejamos livres” disse dona Leonora da coordenação do Acampamento Olga Benário.

*Editado por Solange Engelmann