Comissão de Direitos Humanos

Em documento enviado à CIDH, MST responde acusações feitas pelo governo federal

Resposta se refere às acusações feitas por representantes do governo federal em audiência realizada em dezembro de 2020

Da Página do MST

Na ocasião, Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (CIDH/OEA) realizou uma audiência com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) para discutir a paralisação da reforma agrária sob o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) no Brasil. 

O encontro ocorreu após a comissão, no dia 30 de novembro, notificar o Estado brasileiro para que fossem apresentadas explicações sobre o despejo truculento do Acampamento Quilombo Campo Grande, em Minas Gerais, ocorrido em meio à pandemia. As famílias são produtoras do Café Guayí e  referência de produção agroecológica na região.

Na resposta enviada na última semana, o MST destaca que em plena pandemia, com ampla repercussão na imprensa nacional e internacional, com uso desproporcional da força (armas, bombas, helicóptero), a Polícia Militar de Minas Gerais expulsou de suas casas 14 famílias, e destruiu completamente a Escola Eduardo Galeano que servia como espaço de alfabetização de crianças, jovens, adultos e idosos naquela comunidade. Vale ressaltar que ainda pende decisão sobre o despejo de outras 450 (quatrocentas e cinquenta) famílias que seguem vivendo e resistindo no local.

O documento também frisa que o imóvel objeto da disputa é originário da antiga Usina Ariadnópolis, que foi à falência há mais de três décadas, e que diante do não pagamento dos direitos trabalhistas aos seus funcionários, viu parte da fazenda ser ocupada por antigos empregados e trabalhadores rurais da região há mais de 20 (vinte anos).

O MST reitera que, somente com uma profunda insensibilidade social e humana, é possível não reconhecer que o caso em análise trata de direitos fundamentais básicos de vida e saúde das pessoas.

Até os dias atuais, a situação de vulnerabilidade das famílias beneficiárias segue em estado de permanente gravidade, com escalada da tensão e ameaças.

Por fim, enquanto perdurar a negligência do Estado em atender o direito das famílias que reivindicam o direito à terra, à moradia, ao trabalho, à saúde e à vida, no local há tantos anos, omitindo-se da responsabilidade de sua competência constitucional, os agricultores Sem Terra estarão sujeitos ao poder da milícia privada local.

Sem regularização, as famílias permanecem inviabilizadas de acessarem políticas públicas, crédito rural e benefícios governamentais para ampliarem sua capacidade de produção e melhorarem as condições de vida.

*Editado por Fernanda Alcântara