Comunicação Popular

As Rádios Comunitárias Populares tem um papel central na luta pela Reforma Agrária Popular

Construir o sistema de comunicação Sem Terra é conquistar uma importante ferramenta de disputa ideológica
Foto: Arquivo MST Ceará

Por Aline Oliveira
Da Revista Sem Terra Ceará

O Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) tem ocupado as ondas eletromagnéticas desde a década de 1980, intercalando com períodos de maior ou menor intensidade, desse modo entende-se que o rádio faz parte da cultura de quem vive no campo, principalmente por ser um meio flexível e por possibilitar desenvolvimento de outras tarefas enquanto se escuta os programas.

Construir o sistema de comunicação Sem Terra é conquistar uma importante ferramenta de disputa ideológica, as rádios comunitárias do MST tem sido consideradas fundamentais para as mudanças nos territórios de Reforma Agrária e para emancipação dos trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade. As diversas experiência de construção de rádios tem sido encaradas como uma forma de garantir o direito a comunicação.

Durante 37 anos, o MST tem construído vários espaços de comunicação: site, revistas, páginas em redes sociais, jornais, documentários e as rádios, estas, por sua ve,z tem garantido espaços estratégicos na formação política, no acesso a informação local, e o mais importante tem sido feita por, para e pelo povo camponês, assentados, assentadas, jovens, mulheres e crianças.

No Ceará, a primeira rádio comunitária nasce da necessidade das famílias assentadas em realizar uma comunicação interna mais eficiente, a primeira experiência surge no ano de 2007 no assentamento 25 de Maio, no município de Madalena, na região do sertão central, por coincidência o primeiro latifúndio improdutivo ocupado pelo MST no Ceará é também palco da primeira ocupação do latifúndio do ar, com a implantação da Rádio 25 de Maio FM. Em seguida vieram as rádios Lagoa do Mineiro FM, localizada no assentamento Lagoa do Mineiro em Itarema, na região do litoral e a Rádio Camponesa Palmares, no assentamento Palmares em Crateús, na região dos Inhamuns.

Foto: Arquivo MST Ceará

Os coletivos de comunicadores e comunicadoras do MST Ceará vêm realizando uma tarefa fundamental nos processos formativos e informativos nos territórios, reconhecendo a importância dos sujeitos que tem uma identidade camponesa, e ao mesmo tempo são e comunicadores, que sempre estão à disposição para conduzir os debates acerca da luta de classes, da solidariedade, do compromisso do povo para com o povo, de fortalecer a cultura camponesa, a educação  popular é algo essencial para estratégia da luta pela Reforma Agrária Popular.

As primeiras experiências de rádio no Ceará foram exitosas por contar com apoios de amigos e amigas, que se dispuseram a consolidar esse sonho de garantia de mais uma conquista da luta popular.

No ano de 2017, o MST iniciou um diálogo com a We World Brasil com intenção de consolidar parcerias e desse modo fortalecer a comunicação popular através da implantação de mais quatro rádios. No entanto, veio a se concretizar em 2018, através do Projeto Contexto. O projeto está no território do Sertão Central e Sertão do Inhamuns Crateús, desse modo as rádios foram implantadas em assentamentos das regiões. Hoje o Ceará tem sete rádios comunitárias, que são: a Rádio 25 de Maio/Madalena, Lagoa do Mineiro/Itarema, Camponesa Palmares/ Crateús/, Vozes do Campo/Monsenhor Tabosa, Canaã / Quixeramobim, Resistência Salão/Mombaça e a Rádio Som da Terra FM em Santana do Acaraú, implantada em 2020 durante a pandemia do Covid 19, essa foi construída por iniciativa direta das famílias assentadas. Importante destacar que todas as rádios do MST estão inseridas dentro de assentamentos de Reforma Agrária.

*Conteúdo publicado originalmente na Revista Sem Terra Ceará e disponibilizado abaixo para baixar

**Editado por Fernanda Alcântara