Páscoa

Páscoa: O que celebrar além dos nossos compromissos de lutar para mudar a vida do povo

Artigo ressalta bandeiras de luta e significados da Páscoa para a resistência
Plantar árvores MST
Foto: Arquivo MST

Por Jaime Amorim
Da Página do MST

Hoje é dia de Páscoa, uma festa eminentemente cristã, mas que tem um sentido muito profundo na história da construção da luta por libertação do povo. Na Páscoa se comemora o dia da passagem da escravidão do Egito para a liberdade da terra prometida no Canaã. A Páscoa nos traz sempre presente a história da libertação e da passagem que leva o povo a um processo de luta até a terra prometida.

São dois grandes eventos históricos que comemoramos na Páscoa: o primeiro é o acontecimento que marca a própria criação da festa da Páscoa. Conta a história que Moisés, um levitã, que viveu a 1.250 anos antes de Cristo, foi criado na corte pela filha do faraó do Egito, portanto, teve a oportunidade de acesso a conhecimento, e que Deu, o chama aos 80 anos, para livrar o povo hebreu da escravidão egípcia e conduzi-la à terra prometida de Canaã.

Moisés preparou o povo durante anos para a partida à terra prometida. Foram tempos de trabalho de base, clandestino, para convencer as famílias e povos que viviam escravos no Egito de que além do mar existiam terras em que o povo pudesse viver livres e sem a condição de escravidão. Moisés, como líder do seu povo, pediu a libertação dos hebreus ao faraó, que rejeitou seu pedido. Então Deus mandou dez pragas ao Egito, para convencer o faraó a permitir a partida do povo. O faraó resistiu até a última praga, a morte dos primogênitos, que atingiu todas as famílias do Egito. Somente as famílias que seguiram a orientação de Moisés e tingiram com sangue dos carneiros oferecidos à Deus os batentes de suas portas, não sofreram as consequências da praga e se prepararam para a grande partida.

O faraó, então, aceita a partida do povo escravo mas, em seguida, se arrepende e determina que o exército impeça a saída do povo do Egito, encurralando os escravos entre o mar Vermelho e o exército do faraó. Neste momento, seguindo o fenômeno natural das marés, ou um milagre divino, o mar se abre e a maré baixa rapidamente, permitindo que o povo escravo passem pelo mar vermelho. Quando o exército avança contra o povo, o mar se fecha, matando todos os soldados.

Moisés libertou o povo da escravidão no antigo Egito, instituindo com essa passagem do Mar Vermelho, a Páscoa. Depois conduziu o povo através de um êxodo pelo deserto durante 40 anos, iniciada com a histórica passagem do Mar Vermelho até a terra prometida.

O segundo grande evento comemorado na festa da Páscoa é o da ressurreição de Jesus Cristo, morto e crucificado na sexta-feira Santa porque pregava a liberdade, o fim da escravidão e da fome e ressuscita no dia de Páscoa. Assim, a festas representa dois grandes líderes cristãos: Moisés, que foi responsável pela criação da Páscoa, e Jesus, que lutou contra o império romano e ressuscita. Neste dia, seus discípulos e apóstolos saem dos esconderijos e decidem a continuar a pregar a boa nova da libertação pregada pelo mestre para perpetuar a pregação cristã.

Vivemos hoje no Brasil, uma a situação desastrosa. Mas não precisamos de um libertador, mas sim aproveitar a Páscoa para afirmar compromissos de lutar contra o atual tirano. Hoje, neste dia de Páscoa, estamos atingindo 340.000 pessoas que morreram desta praga atual, sob a irresponsabilidade de um governo criminoso.

Estamos sob a ameaça de duas grandes pragas. A praga do vírus da Covid-19, que se alimenta da irresponsabilidade deliberada dos governantes para avançar cada vez mais contra a população, matando em sua maioria as populações mais pobre e mais vulneráveis; e a praga deste governo fascista, que insiste em priorizar o mercado contra a vida.

Portanto, mais do que tudo, nesse dia de Páscoa, nossa postura deve ser cada vez mais firme e contundente em colocar e defender a vida em primeiro lugar. Temos três bandeiras de lutas bem definidas e que dão conta de expressar as necessidades emergências do momento e reafirmar nosso compromisso de luta.

A primeira é garantir que todo o povo brasileiro possa ter acesso ao direito a vacina, para garantir a imunização de toda a população de forma pública e gratuita para todas e todos. Garantir também o auxílio emergencial para todas as famílias que estão passando necessidades e necessitam do auxilio para garantir o isolamento social, como a principal ação de combate à propagação do vírus. Por fim, e talvez a mais importante, é a luta para INTERDITAR Bolsonaro, que perdeu a capacidade política, emocional e psicológica de governar.

O “Fora Bolsonaro” é determinante para que possamos organizar um processo para garantir a vacinação para todos e isolamento social para proteger e defender a vida das pessoas. Portanto, que neste dia de Páscoa, possamos reafirmar nosso compromisso de garantir a luta na defesa da vida do povo, a soberania nacional e devolver ao povo a esperança e a alegria de viver.

Cuidem-se

Feliz Páscoa a todas e a todos

*Editado por Fernanda Alcântara