Acampamento Pedagógico
Assembleia da Juventude Sem Terra debate os desafios dos jovens brasileiros na atualidade
Por Gustavo Marinho
Da Página do MST
Marcada por muita mística, animação e força de resistência, a Assembleia Nacional da Juventude Sem Terra reuniu no último sábado (10/4), cerca de 350 jovens no debate que aprofundou as reflexões em torno dos desafios e das tarefas da juventude brasileira nesse período.
A atividade marcou a abertura do 15º Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra, que acontece até o próximo dia 17/4, em formato virtual.
Tendo como mote o debate “A conjuntura e o impacto da vida da juventude: desigualdades, resistência e solidariedade”, a Assembleia contou com a presença de Élida Elena, vice-presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Nicole Maria, do Congresso do Povo e do Levante Popular da Juventude, além do integrante do Coletivo de Juventude do MST, Pablo Neri.
No desafio de caracterizar o momento que vive o Brasil, Élida Elena destacou o cenário de convergência de crises que passa o país e do real impacto dessas contradições no cotidiano da juventude. “Para nós, juventude brasileira, esse período tem sido bastante complexo e, desde já, nossa tarefa principal precisa ser a derrota do governo Bolsonaro”, destacou.
De acordo com a representante da UNE, a juventude brasileira precisa construir estratégias de organização, formação e de luta para enfrentar os problemas da conjuntura. “É fundamental que a gente possa intensificar o trabalho de base de maneira permanente, fortalecer a política de solidariedade como um método importante para esse período e construir processos de formação política permanentemente com a juventude que é bombardeada e disputada cotidianamente nessa sociedade”, apontou Élida.
Pautada pela experiência do trabalho de base nos centros urbanos a partir do Congresso do Povo, Nicole Maria, que atua na Brigada de Trabalho Urbano em Maceió (AL), comentou sobre o papel da participação da juventude no fortalecimento das ações de solidariedade para fortalecer a organização da classe trabalhadora. “Somos nós que precisamos nos colocar na construção de ações concretas contra a política de morte do governo Bolsonaro”, afirmou.
“Temos hoje um projeto de sociedade que, não por acaso, impede a juventude de se organizar, que nos joga para a informalidade e não garante nenhum direito para a juventude”, disse Nicole, destacando a marca de 27,1% de jovens entre 18 e 24 anos que, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estão na taxa de desemprego no país.
“Qual a história que a gente quer contar?”
O questionamento que ecoou durante a Assembleia da Juventude, colocou os jovens que acompanhavam a atividade para também construírem suas contribuições ao debate de abertura do Acampamento Pedagógico.
Com falas de todas as regiões do país, a Juventude Sem Terra reforçou a ação coletiva na defesa da Reforma Agrária Popular, seja no fortalecimento da agroecologia, construindo novas relações entre os sujeitos e a natureza, na produção de alimentos saudáveis, no plantio de árvores, além da política de solidariedade, como ação contínua que consolide a organização e a luta da Juventude Sem Terra nos acampamentos e assentamentos de todo o Brasil.
“Nossos assentamentos e acampamentos precisam ser os melhores lugares para se viver no mundo!”, afirmou Aline Oliveira, do Assentamento Lameirão, em Alagoas e integrante do Coletivo de Juventude do MST.
“Esse é um desafio que também precisa ser assumido pela juventude camponesa. A defesa das nossas áreas precisa ser uma tarefa cotidiana para que com isso a gente consiga fortalecer a luta pela Reforma Agrária Popular, mas também pela transformação da sociedade”, concluiu.
Viva Oziel, menino guerreiro!
A Assembleia foi marcada ainda pela homenagem aos trabalhadores assassinados na Curva do S, local onde historicamente é realizado o Acampamento Pedagógico, no Pará, em especial ao jovem Oziel Alves, vítima do massacre quando tinha 17 anos.
Pablo Neri, do Coletivo de Juventude do MST, ressaltou a importância da Juventude Sem Terra relembrar a história de Oziel e do Massacre para o tempo que vivemos. “Lembrar de Oziel é lembrar de toda a juventude brasileira. Falar do Massacre de Eldorado, é falar do nosso presente, de todos os massacres que o povo vem sofrendo diariamente”.
Neri convoca os jovens do MST para seguir semeando uma nova sociedade. “A juventude precisa seguir sendo mensageira do amanhã: sendo semente, árvore plantada e solidariedade ativa construída, a partir da certeza de que é possível sonhar e lutar por uma sociedade diferente”, pontua.
Acampamento Pedagógico
Em sua 15ª edição, o Acampamento é realizado no ano de 2021 totalmente online, mas a mística e a força da atividade é tão contagiante quanto a dos barracões construídos na Curva do S, em Eldorado do Carajás.
Com programação até o próximo sábado (17/4), o Acampamento reúne de forma online, além dos jovens dos acampamentos e assentamentos do MST, a juventude de diversas organizações da Via Campesina, de partidos, coletivos urbanos, além da participação de uma delegação internacional com 19 jovens de nove outros países.
A programação construída a partir das plataformas virtuais, garantem uma diversidade de tempos educativos. Além dos debates, a programação conta ainda com uma série de oficinas, momentos de leitura, atividades artísticas e a socialização de experiências.
Com a impossibilidade de acamparem em Eldorado do Carajás, muitos jovens realizaram o próprio acampamento direto de suas áreas: organizando o processo de conexão com a internet, as refeições e garantindo todos os cuidados sanitários. São os Coletivos de Juventude construindo sua própria dinâmica em seus territórios para acompanhar todas as atividades do Acampamento Pedagógico.
*Editado por Solange Engelmann