Acampamento da Juventude

Quando abril chegar…! Diário da Juventude Sem Terra: 2º dia de Acampamento

Confira o diário de participação no 15º Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra que, em seu segundo dia de atividades reuniu jovens de todo país
Memória do Acampamento Pedagógico da Juventude em 2016, Curva do S, no Pará. Fotos: Eriuz Tiaraju

Por Gisele David, Assentamento Celso Furtado (PR)*
Do Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra

Quando abril chegar…! Foi na mística do Abril Vermelho que iniciamos o nosso segundo dia. Alvorada animada com uma playlist daquelas, de um modo diferente, mas com toda animação que a memória de Oziel Alves merece…! Na canção “América, América, sou teu filho e digo, um dia quero ser livre contigo”, certamente o motivo pelo qual esse moço aguerrido não se sujeitou a negar os seus objetivos e morrer de joelhos, que nos ensina a lutar e manter a cabeça erguida!

Seguimos com a Crônica “É acampamento”! Que delícia vivenciar através das páginas o fervor e a sensação do sol da manhã aquecendo o ânimo e secando as barracas, ora pois, a noite foi de muita chuva. É a companhia das palavras que nos auxiliam neste momento pandêmico a estar mais próximos da companheirada.

Para não diminuir o pique, o Dani vem com tudo… É o Tempo Formatura! Relembramos alguns elementos conhecidos, aprendemos outros aspectos… O tema do dia foi nosso Hino. Aquele que tem o poder de nos colocar de pé, em posição de trabalhadoras e trabalhadores, peito aberto, expressando toda a nossa força coletiva. A lição do dia foi: não vale tocar o hino em pagode, forró, etc. O hino se toca em Marcha!

Com todo o conhecimento e movimentação da parte da manhã, demos uma pausa nas atividades. Cada qual em sua casa, nos deliciamos com a comida de cada região deste Brasil. Pena que desta vez não foi possível dar uma passadinha pelas cozinhas dos outros estados, provar de outras culturas. Mas sabemos que é pelo cuidado coletivo. Assim, cada um e cada uma de nós revitalizou as energias… A promessa da tarde era boa!

Não por menos, voltamos para a Plenária Ulisses Manaças e logo fomos direcionados às oficinas. Temas fantásticos, a tristeza estava em ter que optar só por uma.

Na alegria de aprender a fazer lindos turbantes descubro que houve imprevistos, coisas da vida remota, então mais do que depressa vou para os primeiros socorros orientais. Estava super interessada também. Foi maravilhoso entender um pouco mais sobre os pontos energéticos. Como usar isso para salvar vidas em situações de apuro.

O finalzinho da tarde é tempo de fechar a Curva do S. São vinte e um minutos em homenagem aos vinte e um mártires que tombaram na luta. Os pneus já estão separados, a ordem é segurar o trânsito, a nossa mensagem é certa, o sentimento é de revolta, sem esquecer: “o nosso ofício sobre a terra é ressuscitar os mortos e apontar a cara dos assassinos”. Oziel presente!

Quando pensa que acabou, chega o link da cultural. Que alegria, uma das maiores saudades é aglomerar numa dessas culturais, dos encontros presenciais. Ao menos deu para ter o gostinho de ouvir, dançar um pouco, rir com os recadinhos…

*Este é o relato de um dia de acampamento de Gisele David, desde o assentamento Celso Furtado, no estado do Paraná, na belíssima atividade que é o Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra Oziel Alves Pereira. O formato é diferente, mas acalenta o coração poder, mesmo distante, estar tão próxima de toda essa juventude.

**Editado por Solange Engelmann