Comida de luta é memória! Novidades do próximo Programa Comida de Verdade

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

Um dos programas mais saborosos do MST, o “Comida de Verdade” desta semana traz a luta em forma de alimento. Vamos relembrar as comidas de acampamentos e ir diretamente para o Pará, onde ocorre o 15º Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra Oziel Alves, em memória aos 21 mártires de Eldorado do Carajás.

O acampamento, que teve início no último dia 10 de abril, é tradicionalmente realizado na Curva do “S”, em Eldorado do Carajás, e abre a Jornada Nacional de Lutas do Movimento Sem Terra. Este ano, parte das atividades estão sendo realizadas on-line em respeito às normas de segurança e prevenção do coronavírus, mas sem perder de vista o acampamento pedagógico como processo formativo e organizativo da juventude Sem Terra.

A ideia é trazer à memória e matar a saudade “das boas aglomerações”, além de mostrar a cozinha como espaço de trabalho coletivo, com depoimentos e mensagens de como a luta pela terra, no 17 de Abril de 1996 gerou tantas outras lutas pelo Brasil e pelo mundo. O Programa Comida de Verdade desta quarta-feira (14/4) também trará as dimensões de resistência do Abril Vermelho e como esta luta se materializa na comida.

“Participar de um programa como o “Comida de Verdade” é de uma alegria imensa. É aprendizado e responsabilidade em estar representando o MST nessa construção que, através da plataforma do YouTube, pode chegar ao mundo inteiro, trazendo a mensagem de que comida não é apenas uma boa refeição, comida é um ato político”, afirma Pablo Neri que junto com Beatriz Luz, ambos do MST no Pará, estará apresentando o programa ao vivo.

“[O Programa] é um convite à sociedade para defender a Reforma Agrária Popular. E esse tema é tão oportuno, porque falar da comida dos acampamentos é também humanizar o processo e a leitura das pessoas sobre o que é o acampamento, um lugar que é normalmente criminalizado, porque é um lugar de enfrentamento ao latifúndio e à propriedade privada”, complementa Beatriz.

“Essa temática dos acampamentos têm tudo a ver com comida de verdade, porque naquele ambiente a gente experimenta a comida brasileira, real. No acampamento a cozinha é coletiva, o sacrifício e a reivindicação fazem parte do tempero; a indignação faz parte do nosso paladar, a crítica está na luta pela terra”, ressalta Pablo.

Para Beatriz, falar do acampamento é trazer a importância de resgatar a memória, em especial neste Abril Vermelho, e incentivar a juventude à continuidade da luta pela terra que o capital tentou interromper. “[É se posicionar] contra a interrupção da marcha que saiu de Parauapebas rumo à Belém e foi interrompida em Eldorado do Carajás. Falar do acampamento é se comprometer a perpetuar a luta pela terra para o povo, com comida de verdade”, lembra Beatriz.

Neste especial, a comida do Pará terá destaque não só pela preparação nos acampamentos, mas também a partir da produção das castanheiras, da pupunha (com direito à receita da farinha), e sobre as cadeias produtivas, demonstrando como o MST está presente no abastecimento de alimentos em cidades no Sul do Pará.

“Podemos olhar com criticidade e perspectiva para o nosso prato de comida e saber que ali não são apenas “cápsulas de sol e água”, mas a energia produzidas pelos seres humanos, o esforço e empenho dos trabalhadores e todas as relações de produção e comercialização. Isso é fantástico! E falar sobre o acampamento é resgatar o que o MST tem feito historicamente, é pensar na luta e democratização da terra, pensar que o latifúndio, que o agronegócio não produz alimentos saudáveis ou nutritivos para a mesa dos trabalhadores do povo brasileiro”, conclui Pablo.

Serviço

Quer entender mais sobre os acampamentos do MST e porque eles têm tudo a ver com o Programa Comida de Verdade?

Então não esquece: é amanhã (14/04), às 19h00, nas redes sociais do MST e outros parceiros.

Confira os programas do ano passado AQUI!

*Editado por Solange Engelmann