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Plenária Nacional de prefeitas(os) e vereadoras(es) discute Parada Pela Vida

Ação reuniu mais de 200 representantes de cidades de todo o território nacional
Foto: Reprodução

Da Página do MST

Na manhã desta quinta-feira (15/4), o MST promoveu uma plenária para um grupo de vereadores e prefeitos de todo o Brasil apoiadores da Reforma Agrária. Devido à pandemia do novo coronavírus, essa atividade aconteceu de forma virtual.

Na ocasião foi apresentada a “Parada Pela Vida!”, iniciativa organizada pelo MST que tem como objetivo garantir o isolamento produtivo nos assentamentos e acampamentos do país para frear a contaminação pela COVID-19. A ação apresenta dez medidas de proteção e enfrentamento a pandemia.

Além disso, a plenária chamava para uma reflexão sobre a atual crise na área da saúde por conta da COVID-19 e os desdobramentos na vida das pessoas e contou com mais de 200 convidados entre vereadores, representantes parlamentares, deputados e prefeitos. Além disso, também reiterou a necessidade de se ampliar uma frente que defenda o Brasil diante do governo Bolsonaro e o projeto de morte que ele representa.

Responsável pela análise de conjuntura, João Pedro Stedile, da Coordenação Nacional do MST, começou sua apresentação dissertando sobre como o Movimento tem atuado junto às demais articulações, como a Via Campesina, a Frente Povo Sem Medo, movimentos sociais, partidos, sindicatos e demais representações que integram a Assembléia Internacional dos Povos. A ideia, segundo Stedile, era apresentar uma leitura que as frentes fazem do cenário atual, independente de corrente política, partidos e etc.

“Quando uma sociedade coloca um psicopata na presidência da república, há uma distorção na democracia (..). A crise no Brasil é gravíssima e não vamos sair à curto prazo, pois vivemos uma tragédia social que não precisava ser tragédia, como poderemos ver no exemplo de Araraquara, se as medidas necessárias tivessem sido realizadas”, afirmou.

Stedile também acrescentou à sua fala alguns dados sobre a situação atual do Brasil, como o número de mortos pelo coronavírus que só se amplia; os impactos históricos da pandemia, uma vez que é a primeira vez na história que, em um mês, morreram mais pessoas do que nasceram; e como, estatisticamente, o povo brasileiro perdeu 2 anos de expectativa de vida com a pandemia.

O debate também ressaltou a necessidade de coordenação nacional por parte da sociedade frente ao desgoverno, que deixa faltar do básico nas unidades de atendimento e hospitais em todo o país, e as maneiras como o Movimento tem colocado o Fora Bolsonaro como vontade e força política, sem poder fazer greve e ocupações.

“Temos procurado estimular ações simbólicas, lutas ideológicas pelas narrativas (…). Queremos estimular paradas como a de Araraquara, que salvou milhares de vidas. Fazemos este apelo para todos e todas aqui, que possam utilizar todas as forças possíveis para parar no município”. Stedile também ressaltou a necessidade de pressão para o auxílio emergencial, pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e o Auxílio à Agricultura Familiar, via Lei Assis de Carvalho, além do Plano “Plantar árvores, Produzir alimentos Saudáveis” e o Centenário do Paulo Freire.

O caso de Araraquara

Eliana Honain, Secretária Municipal de Saúde da cidade de Araraquara, apresentou um quadro sobre como a cidade conseguiu se tornar um caso de exemplo no enfrentamento da doença. Segundo ela, a cidade só alcançou o êxito na saúde pública graças à intervenção, isolamento e conversa com diversos setores da sociedade sobre a necessidade de enfrentar de frente a pandemia.

“Criamos uma estrutura de assistência, fizemos parcerias com as Universidades e, principalmente, baseamos nossas decisões na ciência. Há apenas dois caminhos para enfrentar a Covid-19: vacina e isolamento social. Como dependemos do Governo Federal para a vacina, que caminha de forma lenta, criamos aqui um comitê de contingência da Covid, com membros do governo, médicos e especialistas de hospitais públicos e privados da cidade, criando nossos protocolos – sem “tratamento prévio” -, tudo com base na ciência.”

A cidade fez lockdown entre os dias 21 de fevereiro e 13 de março. Nesse período foi suspenso serviços como transporte público, mercados e postos de gasolina. “Conseguimos abaixar as taxas de transmissão de 189 para 60 pessoas por dia. Passamos de 9 óbitos por dia para 2, sendo que estamos nos encaminhando para o 5º dia consecutivo sem mortes”, lembrou Honain.

Honain apontou ainda os desafios para o próximo período da cidade, que hoje recebe pacientes de outras regiões que não adotaram essa medida. “Para o retorno das atividades vamos testar por amostragem indústrias, empresas, escolas e, o local em que for detectado alguém positivo terá que ser fechado por 7 dias. Fizemos um pacto com a sociedade, inclusive com o setor econômico, e se por 3 dias consecutivos tivermos uma taxa de 30% de pessoas com a Covid-19, vamos fechar de novo. Não existe outra alternativa, não existe essa dicotomia entre saúde e economia para salvar vidas”.

Por fim, Honain ressaltou que todos os feitos de Araraquara se deram graças a uma Rede de solidariedade construída na cidade, com doações e cooperações realizadas por diversos setores que entenderam a necessidade de salvar vidas no momento. “Tudo isso devemos à política e coragem para fazer esse enfrentamento”, concluiu.

Veja as “DEZ MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA O ENFRENTAMENTO DO POVO À COVID-19 – ORIENTAÇÕES DO MST”: