Juventude Sem Terra
Acampamento Pedagógico: Manifesto da Juventude Sem Terra À Esperançar
Reunidos de forma online devido à pandemia da Covid-19, porém, se mantendo mobilizados e em luta os jovens do MST encerraram, no último sábado (17/4) a 15ª edição do Acampamento Pedagógico da Juventude Oziel Alves com o “Manifesto da Juventude Sem Terra À Esperançar”.
No manifesto a Juventude Sem Terra se compromete a seguir em luta, resistência e enfrentamento na defesa da Reforma Agrária Popular, no desenvolvimento da agroecologia e intensificar o trabalho de base com as periferias.
“…Nos desafiamos a intensificar o trabalho de base; a seguir sendo sujeitos das ações de solidariedade realizadas pelo MST junto às periferias urbanas; e a intensificar esse processo tão potente de formação que é contribuir na organização do povo junto às periferias. Reafirmamos nosso compromisso com a Reforma Agrária Popular e com a agroecologia como construtoras/es de dignidade no campo e de novas relações humanas de trabalho, de gênero e geracional, bem como novas relações com a mãe natureza”, afirma o documento.
Acampamento Pedagógico da Juventude Oziel Alves, que geralmente ocorre na Curva do “S”, em Eldorado do Carajás, no Pará, este ano foi realizado de forma virtual, entre os dias 10 e 17 de abril e contou com a participação online de jovens e coletivos de jovens de vários estados do país.
Confira Manifesto na íntegra:
MANIFESTO DA JUVENTUDE SEM TERRA À ESPERANÇAR
Reunida no 15º Acampamento Pedagógico da Juventude Sem Terra
“Te convido a acreditar quando digo futuro
se não acreditas nos meus olhos
acredita na angústia de um grito
acredita na terra, acredita na chuva, acredita na seiva
há vinte mil novas sementes no campo
desde ontem.”
(Silvio Rodriguez)
Companheiras e companheiros!
Nós da Juventude Sem Terra, reunidos no 15° Acampamento Pedagógico da Juventude Oziel Alves Pereira, seguindo o exemplo das gerações que nos legaram 37 anos de história, lutas, conquistas e de rebeldia incansável, de intransigência e indignação ante as injustiças e atrocidades cometidas pelo capital sobre o povo trabalhador. Diante da catástrofe em curso no país, nós decidimos que não “ficaremos tão só no campo da arte” e, reinventando nossas formas de organização e mobilização, damos continuidade na luta e no enfrentamento ao projeto genocida do capital no Brasil, encabeçado pelo governo Bolsonaro.
Vivemos o pior momento da pandemia no país, pandemia esta que é consequência da forma predatória do sistema capitalista, que submete e destrói a natureza e o ser humano. O capital se encontra em uma crise estrutural, que se revela econômica, ambiental, política e social, que se aguça de maneira ainda mais destrutiva com a COVID-19, ceifando milhões de vidas em todo globo e mais de 350 mil só no Brasil. Mortes que, em sua maioria, poderiam ter sido evitadas se o governo genocida priorizasse vidas em lugar do lucro das empresas. Os setores do agro-minero negócio, do capital financeiro e rentista lucros recordes no ano em que este flagelo se estabeleceu como máquina eficiente de matar pobres.
No marco dos 25 anos do Massacre de Eldorado do Carajás, na data em que o povo Sem Terra ocupa as rodovias de todo Brasil e se encontrarem em unidade com nossa história. Revivendo aqueles que tombam e florescem sempre no lugar dos 21 Sem Terras que foram brutalmente assassinados. Nós, Juventude Sem Terra, decidimos gritar e denunciar para o mundo, junto às pedras e castanheiras da curva do “S”, as atrocidades cometidas pelo Estado Burguês Brasileiro e pelo latifúndio. Porém, desta vez de forma virtual, pois é fundamental cuidar-mo-nos nesse momento avassalador da pandemia, e zelar a vida do maior patrimônio do MST: a sua militância e base social.
Desafiamo-nos a tal tarefa pois, hoje mais que nunca, se faz necessária a construção de processos e estratégias de resistência, luta, organização e formação junto a nossa base e às massas das classe trabalhadora. Nesse momento em que a barbárie avança no mundo, vemos os povos sofrerem amargamente sob o jugo do fascismo, do conservadorismo e do neoliberalismo. Momento de encruzilhada histórica onde a ruptura com esse sistema de morte se apresenta como urgente para a sobrevivência da humanidade no longo prazo.
Nestes 15 anos de acampamento pedagógico da Juventude Sem Terra, um processo massivo de formação, luta e enfrentamento feito e protagonizado pela juventude, nos desafiamos a intensificar o trabalho de base; a seguir sendo sujeitos das ações de solidariedade realizadas pelo MST junto às periferias urbanas; e a intensificar esse processo tão potente de formação que é contribuir na organização do povo junto às periferias. Reafirmamos nosso compromisso com a Reforma Agrária Popular e com a agroecologia como construtoras/es de dignidade no campo e de novas relações humanas de trabalho, de gênero e geracional, bem como novas relações com a mãe natureza.
Sentindo a presença sempre tão forte de Oziel, que mesmo diante da morte gritou viva o movimento, nós também gritamos viva e afirmamos que não descansaremos enquanto persistir o projeto de morte do capital, não retrocederemos ante a decisão de manter a solidariedade de classe como força ativa com a classe trabalhadora, não recuaremos nenhum passo da decisão de lutar e da construção de “um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”.
Oziel está presente, pois a gente até sente o pulsar do seu coração!
Se calarmos, as pedras gritarão!
*Editado por Solange Engelmann