Nota de Pesar

Alipio Freire, presente!

Nota de pesar e solidariedade aos familiares, seus muitos amigos e companheiros de luta
A militância e as lutas de Alipio Freire estiveram sempre presentes como parte da esquerda brasileira.
Foto: Opera Mundi

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) lamenta profundamente a morte do companheiro Alipio Freire, ocorrida hoje (22/4), em São Paulo, aos 75 anos. Ele estava hospitalizado desde o dia 21 de março, e veio a falecer vítima da Covid-19.

Toda a nossa solidariedade aos familiares – companheira Rita Sipahi, as filhas Camila e Maiana, o filho Paulo e netos –, seus muitos amigos e companheiros de luta.

Alipio Raimundo Viana Freire, baiano de Salvador, militante, poeta, jornalista, editor, escritor e artista plástico. Foi militante da Ala Vermelha, que combateu a ditadura empresarial-militar. Preso ainda jovem, aos 23 anos pela Operação Bandeirantes (Oban), sofreu toda a violência do Estado e de seus agentes. Depois de três meses de torturas e interrogatórios, foi transferido para o Presídio Tiradentes, onde ficou preso entre 1969 e 1974. Sobreviveu e voltou, incansável, às batalhas da luta de classes. Foi anistiado pelo Ministério da Justiça desde 2005.

Seguiu sua militância no jornalismo, nas artes e na vida partidária. Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT) e atuou em diversas frentes do Movimento Sindical, Movimentos Sociais e Populares.

No MST, Alipio contribuiu ativamente com sua militância: foi o criador e o primeiro editor-chefe da Revista Sem Terra (1997), foi um dos fundadores e membro do Conselho Político do Jornal Brasil de Fato, onde contribuiu com vários artigos e análises. E atuou junto à Expressão Popular, editora que viu nascer.

Alipio Freire escreveu muito. Lançou “Estação Paraíso” (Expressão Popular, 2007) e “Tiradentes – Um presídio da ditadura” (Scipione, 1997), organizado por ele junto com Granville Ponce e Izaías Almada. Em 2013, lançou seu primeiro longa metragem, o documentário “1964 – Um golpe contra o Brasil”, no Memorial da Resistência de São Paulo, região da Luz, onde funcionava o antigo prédio do Departamento Estadual de Ordem Política e Social (Dops).

A militância e as lutas de Alipio Freire estiveram sempre presentes como parte da esquerda brasileira. Ele dedicou toda sua vida às causas do povo brasileiro e pela transformação radical de nossa sociedade.

Nos deixa um legado de compromisso com o povo, de coerência e de sabedoria em usar as letras e as artes na conscientização de nosso povo.

Os que lutaram a vida toda, como fez Alipio, são imprescindíveis!
Putabraço, camarada, até sempre!
Alipio Freire, presente!

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
22 de abril de 2021