Carta aos governantes do mundo por ocasião da Cúpula dos Líderes pelo Clima

Por Assembléia Internacional dos Povos
Da Página do MST

É de conhecimento geral que estamos em um momento decisivo para a sobrevivência humana e da biodiversidade de nosso planeta. Há uma grave crise ambiental e de saúde pública, provocada por crimes cometidos de forma contínua pela ganância do lucro. As pesquisas e os dados científicos são cada vez mais evidentes, que vocês conhecem e não precisamos citá-los. Enquanto isso, todos os povos do mundo, do campo e da cidade, sentem todos os dias as consequências dessa crise.

Segundo os estudo científicos, mantidos os padrões atuais de uso da terra, do desmatamento, da mineração predatória, do modelo do agronegócio dependente de agrotóxicos que matam a biodiversidade, do monocultivo de transgênicos, da acelerada urbanização, caminhamos para que 4,5 bilhões de pessoas enfrentem problemas com a qualidade e o acesso à água, e na produção de alimentos. As mudanças climáticas afetam a vida das pessoas e a produtividade agrícola.

A questão, portanto, não é mais se existe uma crise ambiental, mas sim de como enfrentá-la.

O capital financeiro e seus bancos e as corporações transnacionais controlam as economias, a exploração da natureza e os governos. Eles são os culpados e jamais oferecerão saídas verdadeiras. Querem apenas um capitalismo verde! E as instituições internacionais do sistema das Nações Unidas fracassaram.

O caminho para preservar a vida, das pessoas e do planeta, prezados senhores e senhoras, está claramente em outro sentido. Será necessário mobilizar a toda sociedade, suas organizações, movimentos populares, cientistas, entidades ambientalistas e formarmos um acordo em torno de medidas urgentes e necessárias:

1. Colocar a vida humana e da natureza acima da propriedade privada. Não é aceitável a apropriação privada de bens comuns essenciais a vida de todos, como a terra, a água, o ar e a biodiversidade. Seu cuidado deve ser atribuído aos povos, como direito e responsabilidade coletiva em benefício do bem-estar de todas as pessoas.

2. Promover políticas públicas que enfrentem a fome e promovam a soberania alimentar, apoiando o campesinato e os povos tradicionais, com base nos princípios da agroecologia. Realizar um esforço global apoiando com todos os recursos necessários uma campanha mundial de plantio de árvores nativas e frutíferas.

3. Garantir o respeito aos saberes tradicionais dos povos, com suas formas de manejos da natureza, que já duram séculos, e os saberes científicos, em busca de garantir a produção e a reprodução humana, a diversidade cultural e biológica, em equilíbrio com a natureza;

4. Criar mecanismos financeiros de apoio a iniciativas e projetos das populações locais para que elas realizem ações concretas de proteção da natureza, das florestas, das águas, dos alimentos sadios.

5. Penalizar as empresas e projetos que agridam o meio ambiente, as populações indígenas e nativas, expulsando-os do mercado.

6. Mudar a matriz energética em todos os países para formas sustentáveis. Realizar mudanças nas grandes cidades, com medidas para evitar a poluição, melhorar a vida de todos, incluindo o transporte coletivo.

7. Tomar ações definitivas para proteger a poluição dos oceanos, lagos e rios, penalizando gravemente a todos agressores como a indústria química, de plástico e poluentes industriais.

8. Proibir o uso de glifosato, o 2,4-D e outros agrotóxicos, que matam a biodiversidade, contaminam o meio ambiente e a saúde das pessoas.

9. Prover auxílio financeiro, com os recursos dos capitais escondidos nos paraísos fiscais, para proteção e manutenção das famílias camponesas, povos tradicionais e as que vivem em áreas de risco nas cidades.

10. Criar mecanismos internacionais de políticas, controle e fiscalização com a participação de cientistas, governos, entidades da sociedade e movimentos populares de todo mundo.

O capitalismo, senhoras e senhores, caminha a passos largos para a barbárie social. Em sua busca apenas pelo lucro está levando a humanidade e a natureza ao colapso. Estamos em um momento singular da história mundial, onde os valores solidários e ecológicos devem superar os do individualismo e do consumismo, só defendido pelos grandes capitalistas insanos e seus governos.

Defendemos um novo caminho, com nossas plantações e criações agroecológicas, na proteção das águas e dos bens da natureza, em nossas resistências territoriais, em nossas reconstruções solidárias nas cidades.

Contra o projeto de morte e destruição implementada pelo capital neoliberal, das grandes corporações, nos comprometemos com a vida. É esse o caminho que continuaremos a seguir, construindo um mundo justo, solidário, ecológico e internacionalista.

E a vocês governantes, assumam vossa responsabilidade pública, ainda que tarde!

22 de abril de 2021, Dia da Terra!

ASSINAM:

Redes Internacionais

1. AIP – Assembleia Internacional dos Povos
2. ALBA Movimientos
3. La Via Campesina
4. Marcha Mundial das Mulheres

Europa

5. Itália, Associazione Amig@s MST
6. Itália, Associazione Costituzione e beni Comuni
7. Itália, Associazione internazionale “Agorà degli Abitanti della Terra”
8. Itália, Associazione Laudato Sì, Alleanza per il Clima, la Cura della Terra e la Giustizia Sociale
9. Itália, Associazione YAKU
10. Itália, CISS – Cooperazione Internazionale Sud Sud
11. Itália, Comitato Acqua Pubblica della provincia di Cremona
12. Itália, Comitato Acqua Pubblica Lago di Bracciano
13. Itália, Comitato Italiano per il Contratto Mondiale dell’Acqua
14. Itália, Forum Italiano dei Movimenti per l’Acqua
15. Itália, Forum siciliano dei movimenti per l’acqua e i beni comuni
16. Itália, Fuorimercato, autogestione in movimento
17. Itália, MovimentoBlu
18. Itália, Potere al Popolo
19. Itália, Rede da Rione Sanità-Naples.     
20. Itália, Rifondazione Comunista
21. Itália, Segreteria Nazionale Rete Radiè Resch

América do Norte

22. Estados Unidos, ANSWER Coalition 
23. Estados Unidos, Border Agricultural Workers Project
24. Estados Unidos, CodePink: Women for Peace
25. Estados Unidos, PEP – Popular Education Project
26. Estados Unidos, PSL – Party for Socialism and Liberation
27. Estados Unidos, TPF – The People’s Forum

América Latina

28. Argentina, Jóvenes por el Clima
29. Argentina, Patria Grande
30. Brasil, ABONG – Associação Brasileira de ONGs
31. Brasil, ADERE/MG – Articulação dos Empregados Rurais do Estado de Minas Gerais
32. Brasil, Amigos da Terra Brasil
33. Brasil, APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
34. Brasil, APREMAVI – Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida
35. Brasil, ASA – Articulação de entidades do Semi-Árido
36. Brasil, ASCEMA Nacional – Associação Nacional dos Servidores Especialistas em Meio Ambiente
37. Brasil, Asibama/Acre – Associação dos Servidores Ibama e ICMBio Acre
38. Brasil, Associação Alternativa Terrazul
39. Brasil, Campanha Antipetroleira Nem um poço a mais!
40. Brasil, CEDECA Sapopemba
41. Brasil, Centro de Promoção da Cidadania e Defesa dos Direitos Humanos Pe Josimo
42. Brasil, CNS – Conselho Nacional das Populações Extrativistas
43. Brasil, CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas
44. Brasil, Congregação da Paixão de Jesus Cristo
45. Brasil, CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares
46. Brasil, CONTRAF – Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar
47. Brasil, CPP – Conselho Pastoral dos Pescadores
48. Brasil, CPT – Comissão Pastoral da Terra
49. Brasil, CUT – Central única dos Trabalhadores
50. Brasil, ECO4.Santarritense
51. Brasil, Ecossocialistas do Brasil
52. Brasil, Engajamundo
53. Brasil, FAOR – Fórum da Amazônia Oriental
54. Brasil, FASE – Solidariedade e Educação
55. Brasil, FMAP – Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense
56. Brasil, FNPE – Fórum Nacional Popular de Educação
57. Brasil, FNU – Federação Nacional dos Urbanitários
58. Brasil, Fórum Popular da Natureza
59. Brasil, Frente Parlamentar Ambientalista
60. Brasil, Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas
61. Brasil, Fridays for Future Brasil
62. Brasil, Fundação Avina
63. Brasil, FVA – Fundação Vitória Amazônica
64. Brasil, Gambá – Grupo Ambientalista da Bahia
65. Brasil, GRAIN
66. Brasil, Greenpeace Brasil
67. Brasil, IDESAM – Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia
68. Brasil, IEA – Instituto de Estudos Amazônicos
69. Brasil, Imaflora
70. Brasil, INESC – Instituto de Estudos Socioeconômicos – INESC
71. Brasil, Instituo 5 Elementos – Educação para Sustentabilidade
72. Brasil, Instituto Climainfo
73. Brasil, Instituto de Pesquisa e Formação Indígena – Iepé
74. Brasil, Instituto PACS
75. Brasil, IQ/UFPA – Projeto Saúde, Cidadania e Direitos Humanos
76. Brasil, ISA – Instituto Socioambiental
77. Brasil, ISPN – Instituto Sociedade, População e Natureza
78. Brasil, MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
79. Brasil, Marcha Mundial das Mulheres
80. Brasil, Marcha Mundial por Justiça Climática/Marcha Mundial do Clima
81. Brasil, Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais
82. Brasil, MCP – Movimento Camponês Popular
83. Brasil, MNCCD – Movimento Nacional Contra Corrupção e pela Democracia
84. Brasil, Movimento Nacional ODS/Sergipe
85. Brasil, Movimento Saúde Mental
86. Brasil, MPA – Movimentos dos Pequenos Agricultores
87. Brasil, MST – Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
88. Brasil, Observatório de Direitos Humanos dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato – Opi
89. Brasil, OC – Observatório do Clima
90. Brasil, ONDAS – Observatório Nacional dos Direitos à Água e ao Saneamento
91. Brasil, Projeto Saúde e Alegria
92. Brasil, Província dos Missionários Combonianos do Brasil
93. Brasil, RCA – Rede de Cooperação Amazônica
94. Brasil, Rede Igrejas e Mineração
95. Brasil, Semana Social Brasileira
96. Brasil, SERRSMG – Sindicato dos Empregados Rurais da Região Sul de Minas Gerais
97. Brasil, Sinfrajupe – Serviço Interfranciscano de Justiça, Paz e Ecologia
98. Venezuela, Geografia Viva

África Subsaariana

99. Pan Africa Today
100. África do Sul, ABM – Abahlali Basemjondolo
101. África do Sul, NUMSA – National Union of Metalworkers of South Africa
102. África do Sul, SRWP – Socialist Revolutionary Workers’ Party
103. Gana, SFG – Socialist Forum of Ghana
104. Quênia, Revolution Socialist League
105. Quênia, World March of Women
106. Tanzânia, MVIWATA – MTANDAO WA VIKUNDI VYA WAKULIMA TANZANIA
107. Zâmbia, SP – Socialist Party Zambia

Magrebe Árabe

108. Bharein, Bahrain Women Association
109. Egito, Socialist Popular Alliance Party
110. Iraque, General Students Union in the Republic of Iraq
111. Iraque, Iraqi Democratic Youth Federation
112. Iraque, Iraqi Women Forum
113. Iraque, Iraqi Womens League
114. Jordânia, Arab Women Organization of Jordan
115. Jordânia, Jordanian Communist Party
116. Jordânia, Jordanian Democratic Popular Unity Party “Wihda”
117. Jordânia, Jordanian Peoples’ Democratic Party
118. Jordânia, Jordanian Women Federation “RMA”
119. Jordânia, League of Democratic Youth
120. Líbano, Equality of Boutros Rose for Women’s Work
121. Marrocos, Democratic Way
122. Marrocos, Moroccan Association for Human Rights
123. Marrocos, Moroccan Association of Progressive Women
124. Marrocos, Moroccan League for the Defense of Human Rights
125. Mauritânia, We Can
126. Palestina, Democratic Front for the Liberation of Palestine
127. Palestina, Palestinian Democratic Women “NADA”
128. Palestina, Palestinian Democratic Youth Union “PDYU”
129. Palestina, Palestinian Peoples Party
130. Palestina, Palestinian People’s Party Youth
131. Palestina, Palestinian Working Women Committees Union
132. Palestina, UAWC – Union of Agricultural Work Committees
133. Palestina, UPWC – Union of Palestinain Women Committes
134. Saara Ocidental, CODESA
135. Síria, Syrian Women League