LGBTfobia

LGBTs Sem Terra se mobilizam no Dia Internacional de luta contra a LGBTfobia

A mobilização 17M: Vida, Vacina e Trabalho, pelo fim da LGBTfobia e pelo Fora Bolsonaro, é articulada pelo Conselho Popular LGBTI e integra as ações do Maio da Diversidade

Por Solange Engelmann
Da Página do MST

Nesta segunda-feira (17/5), no Dia Internacional de luta contra a LGBTfobia, LGBTs Sem Terra do MST de todo país se somam à Marcha Virtual 17M: Vida, Vacina e Trabalho, pelo fim da LGBTfobia, em defesa da vida, vacina e trabalho, além do Fora Bolsonaro. A mobilização é articulada pelo Conselho Popular LGBTI e integra as ações do Maio da Diversidade, em torno da lutas das LGBTQIA+, que se iniciou com as atividades do 1º de maio.

Puxada pela hashtag #17MVidaVacinaTrabalho e #ForaBolsonaro, a partir de suas casas e locais de moradias, as Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queer, Intersexos, Assexuais e outras identidades e expressões (LGBTQIA+) Sem Terra se manifestam ocupando as redes sociais, com fotos a bandeira
arco-íris e plaquinhas com as duas tag #17MVidaVacinaTrabalho e #ForaBolsonaro. Para marcar o dia de luta também foi realizado um twitaço às 14h30 com as duas hastags.

Alessandro Mariano, do Coletivo LGBT Sem Terra do MST, explica que este ano o MST está participando da atividade, juntamente com o Conselho Nacional Popular LGBTI+, na chamada pelas vidas das LGBTQIA+, vacina e trabalho, neste momento crítico da pandemia.

“Erguer a bandeira colorida se faz necessário para que as LGBTs não sigam morrendo. Como o conjunto da classe trabalhadora, LGBTIs têm sido diretamente atingidas pelo desemprego, pela falta de auxílio emergencial, pela depressão e solidão, somados ao contínuo aumento de casos de contágios e óbitos pela Covid-19. Portanto, afirmamos a luta pela VIDA, porque tem aumentando a violência e os assassinatos por LGBTIfobia; por vacina, porque é necessário acelerar o processo de vacinação para cessar com a contaminação; e por trabalho, porque o desemprego e a fome tem aumentado”, denuncia.

Alessandro Mariano, do Coletivo LGBT Sem Terra do MST, participa da agitação nas redes pelo fim da LGBTfobia. Foto: MST

Com as ações o Coletivo LGBT Sem Terra também cobra justiça pelo assassinato do jovem Sem Terra Lindolfo Kosmaski, de 25 anos, assassinado no último dia 1º de maio, vítima de homofobia, em São João do Triunfo, no sul do Paraná

Segundo Alessandro, o Coletivo LGBT Sem Terra participou da chamada “marcha virtual contra LGBTfobia”, com mobilizações simbólicas nas redes sociais, em que centenas de pessoas postaram fotos com a chamada #17MVidaVacinaTrabalho. Também foram realizados atos simbólicos nas capitais, “com faixas e a bandeira arco-íris pela Vida, Vacina e Trabalho e o direito das LGBTI viver e amar livremente”, explica.

No dia 17 de maio é celebrado o Dia Internacional contra a LGBTfobia, data em que a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde, em 1990. “Foi um grande avanço, pois reconhece que as existências das LGBTs não é doença. Por isso, o dia 17 de maio se transforma no dia da sociedade se posicionar na luta contra lesbofobia, homofobia, bifobia, transfobia, que são aversão, repugnância, ódio, preconceito que algumas pessoas ou grupos nutrem contra as LGBTI”, afirma Alessandro.

Alessandro ressalta ainda que além do momento difícil, com as mortes na pandemia da Covid-19, o Brasil tem registrado muitas vítimas de violência por LGBTfobia, devido aos discursos de ódios promovidos abertamente pelo presidente Bolsonaro e seus apoiadores, que incentivam e encorajam atos de violência, perseguições e mortes de LGBTs, camponeses, indígenas e negros. Segundo dados do Grupo Gay da Bahia de 2020, somente em 2019, foram assassinados 329 LGBTs.

Participantes de movimentos e organizações LGBTQIA+ estendem faixa em frente do STF, em Brasília. Foto: MST

Em Brasília, integrantes de movimentos e organizações LGBTQIA+ se mobilizam em defesa da vida, vacina e trabalho e contra a LGBTfobia, com faixas em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). A ação faz parte das mobilizações puxadas pelo Conselho Nacional Popular LGBTI.

Com o tema “Por que o Brasil é o país que mais mata por LGBTfobia no mundo?”, hoje (17), a partir das 20h será realizada uma live para discutir a violência contra as populações LGBTI+ no Brasil. A live será mediada pela vereadora de Curitiba Carol Dartora (PT) e conta com a participação do professor e integrante do Coletivo LGBT do MST no Paraná, Vinicius Oliveira, do ativista do movimento LGBTI+, Clau Lopes, presidente em exercício do Conselho Estadual de Direitos Humanos, e de Hadassa Freire, estudante e coordenadora da Federação Nacional dos Estudantes de Direito. Para acompanhar acesse o Instagram da vereadora ou o perfil no Instagram do MST no Paraná.

Conselho Nacional Popular LGBTI

O Conselho Nacional Popular LGBTI é uma iniciativa da sociedade civil com a participação de 25 organizações nacionais que atuam na defesa dos direitos da população LGBTI. O conselho foi lançado em ato virtual, em 28 de junho do ano passado, durante a celebração também do Dia Internacional do Orgulho LGBTI.

O propósito do Conselho é reforçar a luta contra a LGBTIfobia, principalmente após governo Bolsonaro extinguir, por meio do Decreto nº 9.759 de 11 de abril de 2019, o Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT). O decreto encerrou as atividades do principal órgão de combate à discriminação e promoção da cidadania da população LGBTI+ no Brasil, e cassou os mandatos de 30 conselheiras(os), sendo 15 representantes de organizações da sociedade civil com atuação no Movimento LGBTI, e 15 representantes governamentais.

Segundo o Conselho Nacional Popular LGBTI, a missão da entidade é construir um projeto popular amplo e democrático voltado para a criação de políticas públicas e sociais para atender a população LGBTI em toda sua pluralidade e diversidade, além de contribuir na difusão dos direitos humanos, considerando-os como importantes espaços de lutas e disputas de narrativas, para o empoderamento de todas as identidades LGBTI. 

*Editado por Fernanda Alcântara