Comida de Verdade

Chocolate 100% da Reforma Agrária: Comida de Verdade do MST traz doce da resistência!

O programa Comida de Verdade compartilha esta semana a experiência histórica e o caminho da produção do chocolate nas áreas do MST
Arte: MST

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

O Brasil é um dos maiores produtores de cacau no mundo. A produção brasileira deste fruto teve seu auge produtivo em 1986, quando o Brasil era o segundo maior produtor mundial, participando com 22% da produção global do fruto. E é dele que se faz o chocolate, essa delícia derivada do cacau e produzida em territórios da Reforma Agraria será o próximo tema do programa Comida de Verdade do MST, transmitido ao vivo nesta quarta-feira (09/06) pelas redes sociais do Movimento e outros parceiros.

No Norte e Nordeste do Brasil se concentram as principais plantações da semente, cujo principal derivado é o chocolate. Neste programa, serão apresentadas experiências no cultivo do fruto do cacaueiro de Rondônia e do Sul da Bahia, que possuem produção do alimento na forma agroecológica. Somente no sul da Bahia, são cerca de 40 marcas de chocolate artesanal e agroecológico.

O programa será apresentado por Jeanderson Oliveira, integrante do setor de produção do MST na região do Baixo Sul da Bahia, que trará sua experiência com o chocolate. “Participar do programa Comida de Verdade é uma grande satisfação, pois, com essa ferramenta, podemos incentivar o consumo de uma boa alimentação”.

Chocolate é feito dentro do assentamento do MST respeitando direitos humanos e em harmonia com a biodiversidade. Foto: Acervo MST

Segundo Jeanderson, é importante lembrar do chocolate como alimento e “comida de verdade”. Quando se refere ao chocolate se torna ainda mais gratificante, pois ainda não é considerado por muitos como um alimento, sendo este o nosso principal desafio: tornar o chocolate como um alimento diário”, que além de ter uma boa palatabilidade atua também no sistema imunológico, influencia no poder reativo do cérebro e melhora o sistema imunológico dentre outros.”

Iris Pacheco, jornalista e comunicadora popular no MST em Minas Gerais, também será apresentadora do programa, que trará ainda aspectos de como as comunidades indígenas e quilombolas se inserem na Rede que atua na certificação orgânica dos produtos. “É desafiador e ao mesmo tempo uma alegria participar do Programa Comida de Verdade, que até então acompanho do outro lado das câmeras. E como para mim comida está muito vinculada à construção das nossas memórias e da nossa história, vejo como acertada a iniciativa de trazer a diversidade da produção de alimentos e a socialização de receitas nutritivas, que expressam a cultura e história do nosso povo.”

Para Iris, ao trazer o chocolate como tema, o Programa Comida de Verdade questiona a lógica histórica pervesa do capital de exploração do trabalho no campo. “Por anos, a cultura do cacau foi braço de sustentação da economia no período escravista colonial, e ainda hoje, carrega as reminiscências desse processo em sua lógica de produção, beneficiamento e comercialização”, afirmou.

Cultura e produção do chocolate

No programa serão apresentados os processos históricos de luta pela terra, as conquistas do territórios que eram antigas fazendas falidas e a praga “vassoura de bruxa (balaio)” que, ao longo dos anos, foi sendo substituída a várias práticas de produção agroecológicas e agroflorestais em assentamentos e acampamentos que produzem o cacau.

Jeanderson Souza, articulador político do MST na regional Baixo Sul da Bahia, será um dos apresentadores do Comida de Verdade com o MST

A produção de cacau orgânico é dos destaques da base agroecológica destes espaços, mas o processo de desenvolvimento e aprimoramento na produção só foi possível por meio da educação, com as escolas que hoje existem nos assentamentos, onde estudantes colaboram no desenvolvimento das técnicas de produção.

“Ao mesmo tempo, há uma outra perspectiva apresentada sobre o cultivo de cacau, que vai para além da sua produção em si, que considera a construção de um modo de vida integrado à preservação do meio ambiente. É o caso da produção do cacau agroecológico da Reforma Agrária, que ao ser beneficiado se transforma em chocolate”, lembra Iris.

Além do cultivo do cacau na forma cabruca, diversas marcas da região compram a semente como matéria-prima para a produção de chocolates de qualidade, puros e que não prejudicam o meio ambiente. Atualmente, famílias assentadas são vanguarda na produção do cacau de qualidade e, com o destaque e reconhecimento internacional, tem a perspectiva de futuros investimentos para que a cultura cacaueira Cabruca possa se expandir. “o sistema de produção, pois para ter um chocolate agroecológico, se faz necessário construir todo o sistema de produção em harmonia com a natureza”, completa Jeanderson.

Cozinhando ao vivo

Presença ilustre e recorrente no programa, a chef Paula Bandeira também estará ao vivo no Programa desta quarta-feira, fazendo receitas com chocolates agroecológicos. A chefe é pesquisadora de ingredientes brasileiros e a influência da cozinha africana na Bahia, aliada da Reforma Agrária e responsável pelo projeto Cozinha Afetiva, onde realiza trabalhos como personal chef, confeitaria e panificação.

Serviço

Quer entender mais sobre o Chocolate e porque ela têm tudo a ver com o Programa Comida de Verdade?

Então não esquece: é quarta-feira (09/06), às 19h00, nas redes sociais do MST (Facebook e Youtube) e outros parceiros.

Confira os programas anteriores AQUI!

*Editado por Solange Engelmann