Nota de Pesar

MST lamenta e pede justiça ao assassinato de José Carlos Adriano, no Vale do Paraíba

Acampado do MST desde 2015 e conhecido no movimento como “Zé Piramboia”, foi encontrado morto a facadas na cidade de Lagoinha/SP
José Carlos Adriano, era agricultor e confeccionava artesanatos de pano. Foto: Arquivo pessoal

Da Página do MST

No último domingo (25), dia da Trabalhadora e do Trabalhador Rural, o MST perdeu um valioso companheiro de luta em Lagoinha, na região do Vale do Paraíba paulista, estado de São Paulo. 

José Carlos Adriano foi encontrado morto por moradores da cidade de Lagoinha, onde usava uma habitação para confeccionar artesanatos de pano. Segundo o Instituto Médico Legal de Taubaté, o companheiro foi brutalmente assassinado com seis facadas pelas costas. 

Natural da cidade de São Paulo, Zé era um ser humano aberto ao conhecimento. Tinha muita curiosidade e vontade de aprender tudo o que podia sobre a Agricultura. É um militante que entra para a história do MST no Vale do Paraíba.

Em 2015, se juntou à luta do MST no Acampamento Pagu, em Jacareí, às margens do Rio Paraíba do Sul, onde frequentemente pescava piramboias para almoçar. Foi então que recebeu o apelido de “Zé Piramboia”, como era conhecido pela militância do MST. Seu barraco se chamava Fênix, pois foi incendiado criminosamente e, sem se curvar às ameaças, Zé o reconstruiu e batizou baseado na mitologia grega da ave que ressurge das cinzas. Na Fênix, Zé organizou uma linda biblioteca com grandes livros de literatura, história, mitologia, poesia e política.

Nos últimos anos estava no Assentamento Egídio  Brunetto, em Lagoinha. Inteligente, sagaz, curioso, provocador, atento e artesão, ele fazia bonecas de artesanato, costurava tecidos, sonhos e garra. Sempre com respeito e sendo respeitado por quem o conheceu. Uma pessoa muito querida por todos com quem lutou e conviveu. Zé nos deixa um legado de luta e resistência!

Jangada soltada por Zé rio abaixo, representando uma nova etapa de sua vida às margens do Rio Paraíba. Foto: Arquivo pessoal

Antes de se mudar do Pagu para o Egídio Brunetto, Zé hasteou a bandeira do MST em uma jangada e a soltou rio abaixo, representando uma nova etapa de sua vida às margens do Rio Paraíba.

Seu assassino e as causas são desconhecidas. Exigimos justiça das autoridades locais. Pois quando se trata da população preta, pobre e Sem Terra, a impunidade é quase certa. 

Zé Piramboia foi sepultado no assentamento, junto com o jovem Paulinho Alexandre, que nos deixou em 2016. Hoje o coração se recolherá partido.

Justiça por Zé Piramboia! Presente agora e sempre!

Direção Regional do MST Vale do Paraíba/SP

*Editado por Solange Engelmann