Moradias Populares

Após atentado, ocupação do MST no Recife conquista terrenos para construção de moradias populares

O avanço nas negociações foi feito após pistoleiros invadiram a ocupação Nelson Mandela e balearam militante na cabeça no último dia 18
Durante protesto pedindo a aprovação do Projeto de Lei pelo despejo zero na pandemia em frente à Alepe, Recife-PE Foto: Sérgio Maranhão.

Por Vanessa Gonzaga*
Do Brasil de Fato PE

Na manhã desta quarta (28), o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra conquistou moradias populares para mais de 200 famílias do acampamento Nelson Mandela, localizado no bairro do Jordão, na divisa entre as cidades de Recife e Jaboatão dos Guararapes em Pernambuco.

Na reunião que aconteceu com a presença de representes do Governo de Pernambuco, da Companhia Estadual de Habitação e Obras (CEHAB ) e do mandato do Deputado Estadual João Paulo ficou acordado que os dois terrenos vizinhos aos prédios que as famílias ocuparam serão destinados para a construção de moradia popular em um conjunto Residencial no bairro do Jordão.

Para José Severino da Silva, dirigente do MST na região metropolitana, a negociação é uma conquista após os acontecimentos do dia 18. “A gente não sai expulso, como queriam alguns milicianos. Para o movimento e para as famílias é uma grande vitória. No momento em que a gente vive, fazer um acordo e sair com a terra para construir moradia, isso é vitória”, afirma.

Na noite de 18 de julho, as famílias foram surpreendidas com a chegada de quatro homens armados durante a noite, que agrediram e mantiveram um militante refém e balearam outro na cabeça. Dez dias após o ocorrido, o clima é de conquista no acampamento após a negociação e a boa recuperação do militante baleado, que já recebeu alta e segue tendo cuidados em casa.

Famílias Sem Terra denunciam à imprensa atentado sofrido na ocupação Nelson Mandela. Foto: JC Mazella.

No espaço onde fica a ocupação, que existe há pouco mais de um mês, já está sendo organizada a estrutura provisória, como explica Severino. “Essa foi a grande conquista depois da luta do Nelson Mandela. O acampamento resiste e permanece no local por tempo indeterminado. A ideia é construir moradias populares, mas por enquanto estamos organizando os barracos de lona, deixando ruas, fazendo horta comunitária, o local de plenária, cozinha coletiva e o espaço para os sem terrinha”.

Em nota veiculada nas redes, o movimento afirma que foi feito um termo de compromisso entre CEHAB e o MST garantindo de imediato dois terrenos para construção de moradias populares, onde a limpeza do local fica a cargo da Companhia e a  estrutura e planejamento do novo conjunto habitacional caberá ao MST.

*Editado por: Monyse Ravena/Brasil de Fato