Juventude Sem Terra

Em AL, Juventude do MST escracha mineradora responsável por maior crime ambiental em área urbana no mundo

Ação reúne jovens de todo o estado durante a 12ª Jornada da Juventude Sem Terra denunciando o crime ambiental da Braskem na capital alagoana
Ação faz parte da 12ª Jornada Nacional da Juventude Sem Terra. Foto: Gustavo Marinho

Da Página do MST

Com bandeiras, palavras de ordem, batucada e intervenções artísticas, jovens dos acampamentos e assentamentos do MST realizam na manhã deste sábado (14) um escracho na porta da Braskem (bairro do Pontal), mineradora responsável pelo maior crime ambiental em área urbana do mundo.

“Esse projeto de mineração não serve ao povo de Maceió, mas a um conglomerado de alguns ricos. Por isso, só a organização, a resistência e a luta popular poderá derrotar esse projeto e a possibilidade ainda no presente de uma nova história para a cidade, para nosso estado e nosso país”, destaca trecho da carta lançada pela Juventude Sem Terra.

O escracho denuncia o crime da Braskem na capital alagoana que, com o desgaste da exploração de sal-gema, substância utilizada para a fabricação de soda cáustica e PVC, ameaça a vida de cerca de 40 mil pessoas em quatro bairros em Maceió, com afundamento de solo e tremores de terra.

Durante o escracho os jovens distribuem ainda mudas de árvores frutíferas para a população que passa pela frente da mineradora, convocando a sociedade para denunciar os ataques da mineração em Alagoas.

“Hoje a Juventude Sem Terra vem cantar e denunciar no coração de Maceió, as atrocidades provocadas pelo crime ambiental causado pela Braskem, repudiando a exploração da empresa na cidade, a impunidade que marca a história do crime e exigir a sua responsabilização”, ressalta mais um trecho da carta da Juventude.

Em atividade por todas as regiões do país, a 12ª Jornada da Juventude Sem Terra ocorre com o lema “A Juventude quer viver, derrubar o presidente e ver o povo no poder!”. Em Alagoas, na tarde de ontem (13) o MST doou 20 toneladas para as famílias atingidas pela mineração em Maceió.

Confira na íntegra a carta dos jovens do MST:

Carta da Juventude Sem Terra à sociedade Alagoana

A capital alagoana vive um verdadeiro caos. Um cenário de guerra assombra o coração de Maceió. Famílias, histórias e bairros inteiros afundados pela ganância da mineração. 

O maior crime ambiental em área urbana do mundo tem culpado: a Braskem. Empresa que há anos explora o solo de Maceió e, no último período, vem afundando a cidade e deixando muitas pessoas sem casa.

Situação que afeta diretamente diversas famílias que hoje estão sem moradia e sem emprego, impacta o conjunto da cidade que hoje sofre com as dificuldades na mobilidade urbana e as consequências da especulação imobiliária.

Esse cenário é ainda mais agravado pelo silêncio do Poder Público que, nesse momento, segue conivente com o desastre causado pela empresa em Maceió, dando carta aberta para a Braskem mandar e desmandar nos rumos da cidade que continua afundando cada dia mais.

As rachaduras causadas pela Braskem nas casas dos bairros do Mutange, Pinheiro, Bom Parto e Bebedouro, interromperam histórias, sonhos, fechou escolas e postos de saúde, destruiu patrimônio histórico e cultural do povo alagoano. São marcas que escancaram o projeto de morte e saque da mineração.

Hoje a Juventude Sem Terra vem cantar e denunciar no coração de Maceió, as atrocidades provocadas pelo crime ambiental causado pela Braskem, repudiando a exploração da empresa na cidade, a impunidade que marca a história do crime e exigir a sua responsabilização. 

Nos solidarizamos com as mais de 10 mil famílias que perderam suas casas pelas mãos da Braskem, com as quase 40 mil afetadas, bem como as famílias isoladas e cercadas pelo crime! Nos colocamos mais uma vez lado a lado em resistência para exigir justiça às vítimas desse crime e responsabilidade pelos impactos ambientais imensuráveis.

Assim como levantamos nossa bandeira de luta contra o avanço do agronegócio, da mineração e da ofensiva do capital contra os bens da natureza em nossos territórios e todo nosso estado. Essa luta é nossa!
Esse projeto de mineração não serve ao povo de Maceió, mas a um conglomerado de alguns ricos. Por isso, só a organização, a resistência e a luta popular poderá derrotar esse projeto e a possibilidade ainda no presente de uma nova história para a cidade, para nosso estado e nosso país.

A Juventude quer viver, derrubar o presidente e ver o povo no poder!

Maceió (AL), Agosto de 2021
12ª Jornada da Juventude Sem Terra