Juventude Sem Terra

Viver, derrubar o presidente e ver o povo no poder: Jornada da Juventude do MST de 2021

Ações da Jornada da Juventude Sem Terra mobilizam pelo menos 13 estados e apontam desafios e perspectivas do país na atualidade
Card da Jornada: Imagem: MST

Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST

Os desafios da juventude diante de um governo que frequentemente tenta minar qualquer esperança de um futuro melhor são enormes. Mas isso apenas instiga ainda mais a juventude Sem Terra para a luta. Por isso, os jovens se uniram, entre os últimos dias 11 a 14 de agosto, para participar da 12º Jornada Nacional da Juventude Sem Terra com o lema “A Juventude quer viver, derrubar o presidente e ver o povo no poder!”.

Com o objetivo de enraizar e ampliar a organização nos territórios, mesmo durante a pandemia e tomando todos os cuidados sanitários, tanto no campo quanto na cidade, foram realizadas ações que contemplam a produção de alimentos, agroecologia, plano de plantio e árvores, cultura, arte e comunicação. A ideia é internalizar, e ao mesmo tempo, ampliar os debates políticos da conjuntura e da Reforma Agrária Popular com a Juventude Sem Terra em diversos espaços.

Segundo um dos coordenadores da Jornada, Gustavo Marinho do MST em Alagoas, a Juventude Sem Terra tem como desafio construir permanentemente ações que mobilizem, organizem e formem a juventude do campo e da cidade para que a juventude esteja à altura dos desafios colocados para a nossa geração, “seja na perspectiva de denunciar o avanço do capital sobre nossos territórios, bem como anunciar nosso projeto de defesa da vida e dos direitos sociais”, afirma.

Jailma Lopes, do Coletivo Nacional de Juventude do MST ressalta, por outro lado, a importância da Jornada da Juventude Sem Terra como “uma série de processos desenvolvidos pela Juventude do MST em todas as regiões do país. Construção de mutirões para Bibliotecas Populares, Ateliês Populares, Viveiros”. Nesse sentido, segundo ela, “as diversas iniciativas que posicionam a Jornada da Juventude como um período de encontro das construções da Juventude Sem Terra nos acampamentos e assentamentos, onde o MST está organizado, além de projetar para o próximo período quanto às inúmeras tarefas da Juventude Sem Terra na construção da Reforma Agrária Popular a partir dos seus territórios”, pontua.

Esse ano a Jornada contou ainda com a ação de denúncia ao maior crime ambiental em área urbana do mundo, que está em curso na cidade de Maceió (AL), pelas mãos da mineradora Braskem que afunda, de maneira criminosa quatro bairros inteiros no centro da capital alagoana. Assim como a Juventude Sem Terra.

Esta foi uma das principais ações da Jornada deste ano, que se colocou contra o avanço do agronegócio no campo brasileiro, em Alagoas, onde “tivemos a demonstração da disposição dos jovens do MST na luta contra a mineração e seus impactos diretos na vida também de quem mora na cidade, evidenciando a marca de destruição das várias formas de exploração dos bens da natureza”, lembra Marinho.

“A ação em Alagoas posiciona a Juventude Sem Terra no diálogo direto com às famílias atingidas pela mineração, bem como o conjunto da população maceioense que segue indignada com o crime, que ocorre na cidade e o silêncio do poder público e da grande mídia sobre o caso. A ação rompe parte desse silêncio e se soma às mais de 40 mil vítimas do crime da Braskem em Maceió”, afirmou.

Para Jailma Lopes,  a Jornada da Juventude deste ano foi um importante momento de dar destaque aos processos que os Jovens Sem Terra têm experimentado desde o início da pandemia. “É um momento de animação e projeção da Juventude da Sem Terra, que a partir da organização, planejamento e condução de construções concretas reafirmam a disposição de construir o MST e a Reforma Agrária Popular”, afirma.

Jailma relembra que, nesse sentido, a Juventude Sem Terra realizou várias ações nos acampamentos, assentamentos e escolas; atividades que expressam o anúncio do projeto de Reforma Agrária Popular do MST para o campo brasileiro, em detrimento da ofensiva aos bens comuns da natureza, o projeto do agronegócio e da mineração.

“A Juventude Sem Terra tem debatido e sentindo na pele o que representa o projeto hegemônico do capital sob os bens da natureza. Vários estudos já identificaram que a própria pandemia é expressão da forma predatória dos sistemas do agro-minero negócio, do capital financeiro e rentista que têm atingindo lucros recordes. Por isso, temos construído iniciativas de denúncia a questão ambiental, com o objetivo de romper o silêncio e ‘apontar o dedo na cara’ dos responsáveis. E a Braskem materializa cruelmente esse projeto, que avança inclusive para territórios urbanos, representando o maior crime ambiental do mundo, atingindo cerca de 50 mil famílias, desapropriando cerca de 40 mil famílias e isolando outras 10 mil famílias, sem escola, transporte e sob condições super precárias”, denuncia ela.

Ações realizadas durante a Jornada da Juventude

A jornada também incluiu mutirões de plantio de árvores, doações de sangue e de alimentos. Dessa forma, a solidariedade se materializa na Juventude Sem Terra, comenta Jailma. “A solidariedade nos forjou no MST, como um valor humano que não abrimos mão, que aprendemos com a Revolução Cubana, e com sociabilidade camponesa. Nesse período, de maior crise econômica, desemprego e de tamanha precarização da vida, a solidariedade é a nossa principal ação, que tem objetivo de amenizar a fome e fortalecer laços de irmandade entre os povos do campo e da cidade, e consequentemente, nos humanizando frente a desumanização da vida.”

Sobre os desafios para a o próximo período e como a Juventude se organiza nesta perspectiva, a dirigente do Coletivo Nacional de Juventude do MST afirma que a base se forma diante do enfrentamento da crise econômica, ambiental, social e política, que tem colocado o povo brasileiro diante do pior cenário para se viver. “Este projeto é materializado pelo governo genocida de Bolsonaro. Por isso, a centralidade dos nossos esforços estão em derrotar esse governo, e fortalecer a construção da organização popular nos nossos territórios, o trabalho nas periferias urbanas e ir acirrando a batalha das ideias.”

“Assim, nossa Jornada não se encerra nesse período, pois trata de um momento de ampliar a organização da Juventude Sem Terra, ampliar a articulação com as organizações de Juventude e estar preparada para as lutas do nosso tempo”, conclui Jailma.

Confira abaixo mais imagens da 12º Jornada Nacional da Juventude Sem Terra pelo país:

*Editado por Solange Engelmann