Solidariedade Sem Terra

Ação solidária entrega duas toneladas de alimentos para indígenas do Maranhão

Parceria entre MST e entidades religiosas reforça a luta pela terra e pelo bem viver
Ação solidária de doação de alimentos aos povos indígenas do Maranhão. Foto: Acervo MST no MA

Por Mariana Castro / MST no MA

A fome voltou a estampar os noticiários e desesperar milhares de famílias que acompanham o preço da cesta básica aumentar de maneira veloz, o emprego e o salário desaparecerem e a comida da mesa faltar.

Nas comunidades tradicionais da Amazônia, um agravante desse quadro é a presença de grupos e projetos fundamentalistas político-religiosos, respaldados pelo governo Bolsonaro, que asfixiam as culturas e as espiritualidades dos povos, sob promessas de dias melhores.

Em contraponto a esse questionável modelo de cooperação, a iniciativa “Diálogo ecumênico e interreligioso pela Amazônia” visa fortalecer o diálogo com movimentos sociais, organizações indígenas e quilombolas no Brasil, Peru, Colômbia e Bolívia.

Ação solidária de doação de alimentos aos povos indígenas do Maranhão. Foto: Acervo MST no MA

A partir desse diálogo e somando-se às ações de solidariedade da Jornada da Juventude do MST, está sendo desenvolvida a ação “Alimentos contra Fundamentalismos”, que no Maranhão já resultou na doação de duas toneladas de alimentos aos indígenas do estado, todos frutos da reforma agrária popular e com respeito à cultura alimentar dos povos.

A ação é desenvolvida a partir da parceria entre o MST, a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM-Brasil), a rede eclesial da Igreja Católica na Amazônia Legal e a KOINONIA.

“Parcerias como esta fortalecem os laços de solidariedade e a produção das famílias, além de alimentar, com comida de verdade, nossos parentes indígenas. Em tempos de tantas atrocidades e desesperança, estas cestas carregam em si não só alimentos, mas também frutos da luta pela Reforma Agrária Popular, por um mundo de fartura, igualdade e justiça social. Elas alimentam nossos corpos e sonhos”, explica Lizandra Guedes, do MST no Maranhão.

As duas toneladas de alimentos foram divididas em cestas básicas formadas por alimentos tradicionais à alimentação dos povos indígenas do Maranhão, como arroz, feijão, farinha de puba, mel de abelha silvestre, azeite e farinha de milho para cuscuz, produzidos por trabalhadoras e trabalhadores assentados pela reforma agrária. Também incluía o livro “O Menino que lia o Mundo”, uma biografia ilustrada do educador Paulo Freire da Editora Expressão Popular.

A Diocese de Grajaú ficou responsável pela distribuição das cestas, pelo fato de já atender aproximadamente 35 mil indígenas Canela e Guajajara, distribuídos em sete municípios do estado.

O bispo Dom Rubival destaca a qualidade dos produtos fornecidos pelo MST, a parceria firmada junto às demais entidades e reforça a importância da agricultura familiar para a promoção da dignidade humana.

“Nós nos sentimos agraciados e felizes por essa parceria entre o Armazém do Campo e a Diocese que recebeu os alimentos. Pedimos luz sobre o trabalho de vocês. Continuem firmes e se organizando, porque a agricultura familiar é um caminho que devemos seguir para fazer o bem e promover a dignidade das pessoas”, diz o bispo.

Já Beatriz Leandro, coordenadora do projeto da Amazônia em KOINONIA, explica que além de fornecer alimentos saudáveis, a ação tem o propósito de fortalecer a luta indígenas por seus territórios e reforçar a importância da vacinação e medidas de prevenção à Covid-19.

“Com esta ação, além de garantir uma alimentação saudável e agroecológica aos indígenas, a Diocese levará também campanhas da importância da vacinação contra a Covid-19 e fortalecerá a luta indígena por seus territórios e direitos”.

*Editado por Fernanda Alcântara